O princípio "um país, dois sistemas" vem beneficiando tanto a Regi?o Administrativa Especial de Macau (RAEM) quanto a China, o que é o charme dessa política, disse Francisco José Leandro, professor associado da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau.
"Um país, dois sistemas" foi proposto pelo falecido líder chinês Deng Xiaoping na década de 1980 em um esfor?o para realizar a reunifica??o pacífica da China.
De acordo com Deng, "um país, dois sistemas" significa que há apenas uma China no mundo e, sob esta premissa, a parte continental adere ao sistema socialista enquanto Hong Kong, Macau e Taiwan podem manter seus sistemas capitalistas ao longo de muito tempo.
O princípio foi implementado na RAEM a partir de 20 de dezembro de 1999 e este ano marca o 25o aniversário do retorno de Macau, que esteve por séculos sob o domínio português, à sua pátria China.
Numa entrevista exclusiva à Xinhua, Leandro elogiou a prática bem-sucedida de "um país, dois sistemas" em Macau e descreveu o princípio como uma fórmula mágica.
"é claro que Macau n?o é um Estado soberano, mas a solu??o encontrada pela Declara??o Conjunta Sino-Portuguesa de 1987 e a Lei Básica da RAEM, como uma extens?o do 31o Artigo da Constitui??o da China, criaram uma entidade legal que é muito única", observou ele.
Ecoando os comentários de Leandro, Jo?o Sim?es, professor assistente em pesquisa dos países de língua portuguesa da Universidade da Cidade de Macau, disse que o princípio "um país, dois sistemas" implementado na RAEM nos últimos 25 anos foi uma grande inova??o e foi essencial para o desenvolvimento da regi?o.
Sim?es destacou duas dimens?es do princípio em uma entrevista exclusiva à Xinhua.
"A primeira é a possibilidade de a RAEM estabelecer rela??es com entidades externas em áreas econ?micas, culturais, científicas e tecnológicas, entre outras, e a segunda está relacionada com a preserva??o e valoriza??o da cultura local, que é fruto de diversas influências históricas", explicou Sim?es.
Conforme ele, essas duas dimens?es s?o fundamentais para a manuten??o da especificidade de Macau e para seu desenvolvimento sustentável no longo prazo.
Ambos chegando a Macau em 2012, os dois acadêmicos portugueses testemunharam as mudan?as da regi?o.
Nos últimos 12 anos, Macau passou por um desenvolvimento significativo com investimento governamental em melhorias de infraestrutura, como a constru??o da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e de novas instala??es de saúde e educa??o, declarou Sim?es.
"O desenvolvimento futuro de Macau parece promissor quando refletimos sobre os últimos 25 anos desde 1999", acrescentou.
Leandro também é muito otimista quanto ao futuro da regi?o, que tem se integrado ativamente nas estratégias de desenvolvimento nacionais, como a constru??o da Grande área da Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e da Zona de Coopera??o Aprofundada Guangdong-Macau, em Hengqin.
Ele considera a Grande área da Baía um centro de produ??o de habilidades. "Habilidades significam as capacidades de inova??o, comunica??o e pesquisa, que s?o importantes para o futuro da Grande área da Baía e de Macau", acrescentou.
Concentrando-se em estudos sobre a Iniciativa Cintur?o e Rota, países de língua portuguesa e rela??es internacionais e geopolítica, Leandro acredita que a Grande área da Baía trará nova vitalidade para Macau.
"A Grande área da Baía possui grande mercado, alta tecnologia e pessoas com habilidades. Todas essas características s?o necessárias nos países de língua portuguesa", ressaltou ele.
Em dezembro de 2023, as autoridades chinesas divulgaram o Plano de Desenvolvimento Geral da Zona de Coopera??o Aprofundada Guangdong-Macau em Hengqin.
Sim?es observou que o plano proporcionou oportunidades importantes para fortalecer as rela??es econ?micas entre a China e os países de língua portuguesa e, de forma mais ampla, apoiou o papel de Macau como uma plataforma sino-lusófona.
De acordo com o Balan?o da A??o Governativa do 5o Governo da RAEM, a integra??o na conjuntura do desenvolvimento nacional constitui um dever inerente à implementa??o do princípio "um país, dois sistemas" na nova era, sendo também a chave para um novo caminho, um novo espa?o e uma nova dinamica do futuro desenvolvimento da RAEM.?