A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Agência Brasileira de Coopera??o (ABC) e o Instituto Interamericano de Coopera??o para a Agricultura (IICA) financiar?o a vinda de pesquisadores agrícolas africanos ao Brasil, com o objetivo de fortalecer a coopera??o técnica no setor agrícola.
Representantes dessas institui??es assinaram nesta quarta-feira uma carta de inten??es para facilitar o intercambio de especialistas e fortalecer a rede de coopera??o internacional, com foco na seguran?a alimentar. Segundo o acordo, pelo menos 30 pesquisadores de institutos científicos, universidades e agências governamentais de países africanos poder?o participar da iniciativa.
O programa se concentrará em três áreas principais: agricultura regenerativa, para preservar os recursos naturais e tornar a produ??o mais sustentável; seguran?a alimentar e nutricional, garantindo o acesso a alimentos saudáveis; e a recupera??o de áreas degradadas, fator crucial para a sustentabilidade dos sistemas de produ??o agrícola.
O acordo foi assinado no seminário "Diálogo áfrica-Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento e Inova??o Agropecuária (P&D&I)", realizado na sede da Embrapa, em Brasília. O evento, que também foi transmitido online pelo canal do IICA Brasil, contou com a presen?a de representantes do governo brasileiro, embaixadores africanos, institui??es de coopera??o e do cientista indiano Rattan Lal, ganhador do Prêmio Mundial da Alimenta??o 2020 e do Prêmio Nobel da Paz 2007.
Este seminário também serviu como prepara??o para uma reuni?o que será realizada em Brasília em maio, onde ministros da Agricultura de países africanos discutir?o estratégias para aumentar a produtividade agrícola no continente.
"Queremos mostrar o que o Brasil conquistou neste setor e compartilhar conhecimento com nossos companheiros africanos para combater efetivamente a fome", declarou o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ao anunciar o evento.
Embora a áfrica possua aproximadamente 65% das terras aráveis inexploradas do mundo e quase 10% dos seus recursos hídricos renováveis, o continente ainda depende fortemente das importa??es de alimentos. De acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento, a agricultura emprega mais de 60% da for?a de trabalho da regi?o e é responsável por quase um ter?o do PIB, mas a inseguran?a alimentar continua sendo um desafio crítico.
Luis Rua, secretário de Comércio e Rela??es Internacionais do Ministério da Agricultura do Brasil, destacou a importancia do seminário como espa?o de troca de conhecimento antes da reuni?o ministerial. "Depois de vários anos sem esse tipo de reuni?o, agora temos a oportunidade de fortalecer a coopera??o", observou.
Por sua vez, o diplomata Laudemar Gon?alves de Aguiar Neto, secretário de Promo??o Comercial, Ciência, Tecnologia e Inova??o do Ministério das Rela??es Exteriores, enfatizou que o Brasil busca uma coopera??o horizontal com a áfrica, sem impor condi??es ou exigências. "S?o os países africanos que determinam suas prioridades, e o Brasil oferece sua expertise dentro de uma estrutura de respeito mútuo", afirmou.
A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, enfatizou que o modelo de agricultura tropical desenvolvido pelo Brasil desde a década de 1970 pode ser adaptado para outras regi?es, incluindo a áfrica. "Nosso progresso demonstra que o investimento em ciência e tecnologia é essencial para a seguran?a alimentar. Queremos compartilhar nossas conquistas e continuar desenvolvendo conhecimento junto com países do sul global", declarou.
O diretor-geral do IICA, Manuel Otero, enfatizou que a colabora??o com a Embrapa e a ABC permitirá que os países africanos tragam tecnologias adaptadas às condi??es tropicais. "O Brasil conseguiu transformar o Cerrado em uma regi?o altamente produtiva gra?as à pesquisa e à inova??o. Essa experiência pode ser compartilhada com a áfrica, sempre respeitando suas características locais", concluiu Otero.