O Wall Street Journal noticiou na ter?a-feira que Washington planeja isolar a China com as negocia??es tarifárias em andamento, pressionando os parceiros comerciais dos EUA a limitar seu envolvimento econ?mico com a China. No entanto, especialistas chineses observaram que tal medida dificilmente será eficaz, visto que os países enfrentam as incertezas das políticas americanas em constante mudan?a e s?o for?ados a avaliar se as economias de curto prazo superar?o os benefícios de longo prazo da coopera??o contínua com a China.

Segundo a reportagem, autoridades americanas teriam solicitado a mais de 70 países que limitassem os la?os econ?micos com a China em troca de tarifas americanas mais baixas. Esses países precisam proibir o transbordo de mercadorias via China, impedir que empresas chinesas se mudem para evitar tarifas americanas e rejeitar produtos industriais chineses de baixo custo.

A estratégia seria liderada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, como parte de um esfor?o mais amplo para isolar a economia chinesa, informou o Wall Street Journal.

Até o momento desta publica??o, o governo americano n?o confirmou nem negou oficialmente tais reportagens. O Wall Street Journal também afirmou que a Casa Branca e o Tesouro n?o responderam aos seus pedidos de comentários.

Ao invés de isolar a China, o plano relatado corre o risco de alienar os próprios EUA, à medida que outras na??es se tornam cautelosas com a imprevisibilidade de Washington, disse Li Yong, pesquisador sênior da Associa??o Chinesa de Comércio Internacional, ao Global Times na quarta-feira.

O plano, se confirmado, serve como coer??o econ?mica dos EUA, for?ando seus parceiros comerciais a escolherem lados entre a China e os EUA. Considerando os repetidos reveses da abordagem de "tarifas recíprocas" dos EUA e a crescente perturba??o interna causada por suas próprias políticas tarifárias, tal estratégia pode ter um efeito contrário ao desejado, disse Li.

A tentativa relatada reflete uma ilus?o e é improvável que seja eficaz, mas sua abordagem central perturba gravemente a ordem do comércio internacional e viola princípios comerciais fundamentais. Os países precisar?o ponderar a incerteza de cooperar com uma postura política imprevisível dos EUA em compara??o com a estabilidade de manter la?os econ?micos estáveis com a China, observou Li.

As tarifas da Casa Branca mudaram repetidamente nas últimas semanas. Após introduzir uma "tarifa recíproca" sobre parceiros comerciais globais, o governo Trump a suspendeu por 90 dias, manteve uma tarifa básica de 10% sobre países que n?o a China e aumentou as tarifas sobre as importa??es chinesas para 125%, informou a Reuters.

Mesmo que os EUA consigam persuadir outros países a cortar no comércio com a China por meio de redu??es tarifárias, o resultado final pode n?o corresponder às expectativas de Washington, disse Gao Lingyun, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais em Beijing, ao Global Times na quarta-feira.

Se os países forem pressionados a obter alívio tarifário restringindo o comércio com a China, enfrentar?o o dilema de saber se a economia a curto prazo supera os benefícios a longo prazo da coopera??o contínua com Beijing, afirmam analistas.

Os EUA têm enfrentado crescentes rea??es de seus aliados em rela??o às suas políticas tarifárias. A Uni?o Europeia alertou que imporá tarifas retaliatórias sobre uma ampla gama de produtos americanos — de soja e papel higiênico a maquiagem para os olhos — caso as negocia??es comerciais em andamento com Washington fracassem, informou a CNN na ter?a-feira.

Embora a UE tenha suspendido temporariamente suas contramedidas para dar espa?o para negocia??es, a Comiss?o Europeia alertou que a retalia??o prosseguirá caso as discuss?es se mostrem insatisfatórias.

No Canadá, as tarifas americanas já desencadearam uma resposta. Ottawa imp?s tarifas de 25% sobre veículos americanos que n?o estejam em conformidade com a CUSMA e sobre veículos com conteúdo n?o canadense e n?o mexicano em carros que, de outra forma, estejam em conformidade. O sentimento público também está se voltando contra os EUA; Uma pesquisa da YouGov citada pelo The Hill revelou que 44% dos canadenses consideram os EUA "hostis" e 61% disseram ter come?ado a boicotar empresas americanas.

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, alertou anteriormente que as guerras comerciais s?o extremamente negativas. "Ninguém ganha em uma guerra comercial, todos tendem a perder", quando questionado sobre sua rea??o à imposi??o pelos EUA de uma tarifa mínima de 10% sobre quase todos os países do mundo.

Durante uma coletiva de imprensa na segunda-feira, quando questionado sobre a opini?o da China sobre a mudan?a na política tarifária dos EUA, o porta-voz do Ministério das Rela??es Exteriores da China, Lin Jian, afirmou que os fatos demonstraram e continuar?o a demonstrar que n?o há vencedores em uma guerra comercial ou tarifária, e que o protecionismo n?o levará a lugar nenhum. O tsunami tarifário prejudica os próprios EUA, bem como outros países. Instamos os EUA a abandonarem a press?o e a resolverem as quest?es por meio do diálogo, com base na igualdade, no respeito e no benefício mútuo.