O embaixador chinês nos EUA, Xie Feng.(Foto de arquivo)
A China n?o quer nem teme uma guerra comercial, e as negocia??es devem ser conduzidas de forma igualitária, respeitosa e recíproca, disse o principal enviado de Beijing em Washington, enquanto o Conselho Empresarial EUA-China alertou que tarifas pesadas, se forem aplicadas, reduzir?o significativamente as exporta??es dos Estados Unidos.
Em um evento de portas abertas na embaixada no sábado, o embaixador chinês nos EUA, Xie Feng, disse que os aumentos de tarifas n?o beneficiam ninguém, mas, em vez disso, prejudicam os negócios, aumentam os custos, abalam os mercados financeiros e desaceleram o crescimento global.
Durante os primeiros 100 dias desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, assumiu o cargo em 20 de janeiro, Washington anunciou tarifas abrangentes, come?ando com uma taxa geral de 10% sobre todas as importa??es estrangeiras.
Dezenas de países receberam uma pausa de 90 dias até julho, mas as tarifas foram elevadas para 145% sobre produtos da China, que retaliou, impondo taxas de 125% sobre produtos americanos.
"A China n?o quer uma guerra comercial, mas n?o se deixa intimidar por ela. Estamos defendendo n?o apenas nossos próprios direitos e interesses legítimos, mas também a ordem do comércio internacional", disse Xie.
"Se os EUA quiserem dialogar, devem agir com espírito de igualdade, respeito e reciprocidade", acrescentou.
O enviado observou que o comércio n?o é um jogo de soma zero, e que a constru??o de barreiras apenas bloqueia o fluxo do crescimento compartilhado.
O evento da embaixada, no sábado, que fez parte da Turnê Mundial das Embaixadas deste ano, contou com a presen?a da província de Gansu, no noroeste da China, outrora uma linha da frente na luta contra a pobreza na China.
Gansu, ao tirar mais de 5,5 milh?es de pessoas da pobreza e cobrir mais de 99% de seu território com uma rede 4G, conta uma história de resiliência e autossuficiência, disse Xie.
Para ilustrar como os EUA beneficiam há muito do comércio global, Xie afirmou que, somente em 2022, a receita das empresas americanas na China excedeu significativamente a das empresas chinesas nos EUA, em mais de US$ 400 bilh?es.
"A rela??o econ?mica China-EUA é, em geral, equilibrada e mutuamente benéfica", afirmou.
A China continua sendo o terceiro maior mercado de exporta??o de bens dos EUA em 2024 e o sexto maior mercado de exporta??o de servi?os em 2023. O comércio com a China em áreas como agricultura, educa??o, viagens, aeroespacial e semicondutores sustenta 862.467 empregos nos EUA, de acordo com o relatório "Exporta??es dos EUA para a China" de 2025 do Conselho Empresarial EUA-China.
O total de exporta??es de bens para a China, que atingiu um pico de US$ 151,5 bilh?es em 2022, apresentou uma ligeira contra??o em 2024, mas aumentou 23,4% em rela??o à década anterior, de acordo com o relatório do conselho empresarial.
Os dados n?o refletem os aumentos de tarifas implementados pelos EUA e pela China até agora neste ano, que devem reduzir significativamente as exporta??es americanas, caso permane?am em vigor, afirmou o conselho em um comunicado à imprensa em 29 de abril.
Sean Stein, presidente do Conselho Empresarial EUA-China, afirmou: "Se essas tarifas permanecerem em vigor, o comércio entre os dois países cairá vertiginosamente, sacrificando bilh?es de dólares em exporta??es e centenas de milhares de empregos americanos, potencialmente desestabilizando a economia americana e enfraquecendo significativamente a competitividade global dos EUA".
As políticas comerciais do governo americano já est?o impactando os or?amentos familiares e causando frustra??o entre os americanos, que sentiram pre?os mais altos em seus produtos, de acordo com relatos da mídia americana.
As tarifas impostas pelos EUA e as tarifas retaliatórias amea?adas e impostas devem reduzir o PIB dos EUA em 1%, o que representa um aumento médio de impostos de quase US$ 1.300 por domicílio americano em 2025, de acordo com um estudo da Tax Foundation, organiza??o apartidária, atualizado em 18 de abril.
Para a Califórnia, cuja economia é a maior entre os estados americanos, os custos econ?micos diretos e indiretos das tarifas est?o "na casa dos bilh?es e bilh?es de dólares", segundo o governador Gavin Newsom.
"Isso tem um impacto descomunal no turismo, no comércio, nas pequenas e grandes empresas... e os danos à reputa??o s?o incalculáveis", disse Newsom, democrata, em entrevista online ao Nikkei Asia na sexta-feira.
A Califórnia exportou bens avaliados em quase US$ 15 bilh?es para a China no ano passado - uma queda de 9,5% em rela??o ao ano anterior - mas suas exporta??es de servi?os, incluindo aqueles relacionados a turismo e educa??o, cresceram 6,3% em rela??o ao ano anterior, para US$ 8,8 bilh?es em 2023, de acordo com o relatório do Conselho Empresarial EUA-China.
O governador, que visitou Beijing no ano passado, afirmou que o estado permanecerá aberto ao comércio com a China, visto que a política tarifária do atual governo americano amea?a a economia da Califórnia. Ele afirmou que o estado é um "parceiro estável" e "estendeu a m?o aberta" à China e a outros países.