Um soldado vigia durante a cúpula da OTAN no Fórum Mundial em Haia, Holanda, na ter?a-feira. Foto: Sem Van Der Wal/EPA
Líderes da alian?a defensiva ocidental da OTAN aprovaram uma meta ambiciosa de aumentar os gastos com defesa até o final de sua cúpula em Haia, Holanda, na quarta-feira.
Em um breve comunicado, a OTAN endossou uma meta maior de gastos com defesa de 5% do PIB até 2035.
O valor inclui tanto os gastos militares diretos, com uma meta básica de 3,5%, quanto um adicional de 1,5% para resiliência estratégica, seguran?a cibernética e prontid?o industrial.
O plano de gastos marca uma mudan?a drástica em rela??o à meta de longa data da OTAN de 2% do PIB, que muitos aliados têm lutado para atingir.
Embora alguns países, como Pol?nia e Estados Unidos, já tenham superado as novas metas, outros, incluindo Espanha, Itália e Bélgica, expressaram preocupa??o com a viabilidade financeira e política de tais aumentos.
O Ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, já descreveu a meta de 5% como "impensável", alertando veementemente que qualquer aumento acima de 2% poderia amea?ar servi?os sociais cruciais.
O Ministro das Rela??es Exteriores da Bélgica, Maxime Prevot, classificou a ambi??o de 5% como "excessiva", afirmando que mesmo uma meta de 3,5% "n?o seria viável a curto e médio prazo", dadas as atuais restri??es or?amentárias e considera??es de bem-estar público.
A Espanha cumprirá as novas metas de capacidades acordadas pelos membros da OTAN, mas considera seus atuais gastos com defesa de 2% do PIB como "suficientes, realistas e compatíveis com o estado de bem-estar social", disse o Primeiro-Ministro espanhol, Pedro Sanchez, após a reuni?o.
Antes da cúpula, o Secretário-Geral da OTAN, Mark Rutte, alertou os 32 Estados-membros da alian?a que eles "n?o têm alternativa" a n?o ser aumentar os gastos com defesa, citando os crescentes desafios globais de seguran?a.
Em seu discurso de abertura na quarta-feira, Rutte, que assumiu o cargo de secretário-geral no início deste ano, destacou a importancia da nova meta de gastos de 5% e os planos para aumentar a produ??o de defesa.
Ele afirmou: "Os aliados também concordar?o em aumentar ainda mais a produ??o de defesa para que nossas for?as armadas tenham tudo o que precisam. Isso significa uma enorme expans?o de nossa base industrial de defesa em ambos os lados do Atlantico. Isso é bom para nossa seguran?a, é bom para nossas economias e bom para nossos empregos."
Stefan Wolff, professor de seguran?a internacional na Universidade de Birmingham, alertou antes da cúpula que, mesmo que os membros da OTAN atinjam a meta de 5%, sem prioriza??o e desenvolvimento coordenado da indústria de defesa, tais gastos correm o risco de se tornarem "infla??o financeira sem resultados estratégicos".
John Bryson, catedrático de Geografia Empresarial e Econ?mica da Birmingham Business School, enfatizou que a OTAN deve ser uma for?a estabilizadora.
"N?o é uma alian?a de combate, mas uma estrutura de preven??o de guerras. No momento em que perde sua coes?o, perde seu significado", disse ele.
Antes da cúpula, milhares de manifestantes antiguerra expressaram sua indigna??o com a expans?o militar da OTAN e o aumento dos gastos com defesa.
"Vamos investir em paz e energia sustentável", disse o político belga Jos d'Haese à multid?o reunida em um parque próximo ao local da cúpula no domingo.
Theo Roncken, psicólogo holandês, ecoou a crítica, apontando a indústria de armamentos como a verdadeira beneficiária das políticas da OTAN.
"é a indústria de armamentos que está promovendo as guerras. Portanto, a OTAN é hoje uma promotora da indústria de armamentos", disse ele.
Roncken alertou que o aumento dos or?amentos militares inevitavelmente significaria cortes mais profundos nos servi?os públicos. "N?o temos dinheiro suficiente para oferecer um bom atendimento. E acho que se o setor de armas aumentar... as despesas com atendimento diminuir?o".