O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, afirmou na quinta-feira que a imposi??o de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo americano carece de fundamento econ?mico e tem motiva??o política, afirmando que a medida foi "arquitetada" pela família do ex-presidente Jair Bolsonaro, tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos.
Em entrevista ao programa "Bar?o Entrevista", do Canal do Bar?o, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Bar?o de Itararé, Haddad descreveu a decis?o do governo americano de impor tarifas pesadas sobre as importa??es do Brasil como "irracional".
"Eu acredito que essa decis?o é uma decis?o eminentemente política, porque ela n?o parte de nenhuma racionalidade econ?mica. N?o há racionalidade econ?mica no que foi feito ontem [quarta], uma vez que os Estados Unidos, como todos sabem, é superavitário com rela??o à América do Sul como um todo, e ao Brasil também", afirmou Haddad.
"O Brasil como um todo, nos últimos 15 anos, teve um déficit de bens e servi?os de mais de US$ 400 bilh?es dos EUA, ent?o n?o há racionalidade econ?mica na medida que foi tomada", prosseguiu.
O ministro foi além ao apontar diretamente o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, como o arquiteto do aperto comercial. "A única explica??o plausível para o ocorrido ontem é que a família Bolsonaro planejou esse ataque contra o Brasil com um objetivo específico: escapar do processo judicial em andamento", afirmou o ministro.
Segundo Haddad, a carta enviada pelo presidente Trump ao governo brasileiro menciona explicitamente o processo judicial enfrentado por Jair Bolsonaro como um dos motivos para a imposi??o das novas tarifas. O ex-presidente brasileiro está sendo investigado por seu suposto envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após as elei??es de 2022.
"Eduardo Bolsonaro (filho do ex-presidente) chegou a dizer publicamente que, se o perd?o n?o fosse concedido, a situa??o tenderia a piorar. Ele disse isso abertamente, o que nos leva a crer que esse ataque à soberania nacional foi promovido por for?as extremistas domésticas", enfatizou o ministro da Fazenda.
Apesar da gravidade da situa??o, Haddad expressou confian?a de que a crise comercial pode ser superada por meio de a??es diplomáticas. "N?o creio que essa situa??o se perpetue. Nossa diplomacia é reconhecida internacionalmente como uma das mais profissionais. O Itamaraty sabe negociar", disse, referindo-se à chancelaria brasileira.
O ministro ressaltou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mantido canais de diálogo abertos com o governo norte-americano e que há uma disposi??o permanente para alcan?ar entendimentos baseados na coopera??o internacional e no respeito mútuo.
"A rela??o entre Estados n?o pode ser comprometida por potenciais divergências políticas. Sempre estivemos comprometidos com o entendimento e temos interesses comuns que podem enriquecer ambos os países. Esse tipo de atitude unilateral responde unicamente a interesses egoístas", acrescentou.
O governo brasileiro acredita que, dadas as inconsistências econ?micas da medida e as a??es proativas de sua diplomacia, há espa?o para reverter a decis?o do governo americano e restaurar condi??es justas no comércio bilateral.