O presidente angolano Jo?o Louren?o iniciou na quinta-feira uma visita oficial de três dias a Portugal, alertando que as novas leis migratórias propostas pelo Parlamento português podem afetar negativamente as rela??es entre Portugal e os países africanos de língua portuguesa.
Falando antes da viagem, Louren?o afirmou que as medidas -- recentemente aprovadas pelo Parlamento de Portugal -- causaram "grande desconforto" entre os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Ele observou que, embora Angola tenha permanecido em silêncio até o momento, tem acompanhado os acontecimentos "muito de perto".
Louren?o afirmou, em entrevista a um canal de televis?o de Portugal, que "Portugal é um país de emigrantes" e que, "no mínimo, espera-se que os imigrantes em território português n?o sejam tratados de forma pior que os portugueses foram tratados no estrangeiro".
As leis propostas endurecem os critérios de entrada e de residência legal, afetando milhares de migrantes oriundos de países africanos lusófonos. Louren?o, que atualmente ocupa a presidência rotativa da Uni?o Africana, afirmou que a quest?o vai além de Angola e coloca em risco o futuro da própria CPLP.
Louren?o também recordou que milhares de portugueses emigraram para Angola durante a crise econ?mica em Portugal entre 2011 e 2015, sublinhando a importancia do respeito mútuo entre as na??es.
O Parlamento português aprovou em meados de julho uma ampla reforma migratória, com apoio do governo de centro-direita e do partido de extrema-direita Chega. A nova legisla??o elimina o mecanismo da "manifesta??o de interesse" para regulariza??o, endurece as regras de visto, restringe a reuni?o familiar e acaba com os direitos automáticos de residência para cidad?os de países de língua portuguesa -- medida que, segundo críticos, enfraquece os acordos de mobilidade da CPLP.