José Medeiros da Silva*

Nas décadas de 1930 e 1940, a humanidade enfrentou momentos decisivos. No Ocidente, o nazifascismo, liderado pelos governos da Alemanha e da Itália, aterrorizava a Europa e amea?ava o mundo. No Oriente, o imperialismo militar japonês buscava subjugar a China para consolidar seu domínio sobre a ásia. Gra?as a uma grande alian?a entre os povos, as for?as das trevas foram derrotadas nos dois hemisférios, e um caminho de esperan?a atenuou a dor e as feridas deixadas pela brutalidade dos conflitos. Oitenta anos depois, no entanto, os conflitos regionais e os rumores de uma grande guerra continuam a rondar a humanidade. Por isso, é preciso recordar e refletir sobre acontecimentos como esses para, nas palavras do presidente Xi Jinping, "evitarmos a repeti??o de tragédias históricas". Essa foi a principal raz?o da grande celebra??o do 80o aniversário da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agress?o Japonesa e na Guerra Antifascista Mundial, realizada em Beijing no dia 3 de setembro de 2025.

Vale relembrar que a vitória da China na Guerra de Resistência, além de impedir que o agressor se tornasse internacionalmente mais fortalecido, também impediu que a na??o chinesa fosse subjugada e até mesmo aniquilada. Pode-se mesmo afirmar que no século de humilha??o iniciado com a Guerra do ópio em 1840, a Guerra de Resistência foi a maior de todas as batalhas. Apesar do sacrifício, essa vitória n?o apenas fortaleceu a confian?a do povo chinês, mas criou as bases para, sob a lideran?a do Partido Comunista da China, o país reunisse as condi??es objetivas para um novo capítulo na sua t?o longeva história.

é importante termos clareza sobre o momento histórico que atravessamos, pois só assim poderemos impedir que a humanidade entre novamente em um período de desespero e escurid?o. Aliás, esse foi um dos tópicos enfatizado pelo presidente Xi Jinping no seu discurso durante a referida cerim?nia militar: "Atualmente, a humanidade está a enfrentar a escolha entre a paz e a guerra, o diálogo e o confronto, a coopera??o ganha-ganha e o jogo de 'soma zero'. O povo chinês está firmemente do lado certo da história e do progresso da civiliza??o humana, adere ao caminho do desenvolvimento pacífico e trabalha em conjunto com os povos de todos os países".

Acompanhado por vários líderes mundiais, o desfile militar de Beijing relembra o sacrifício do povo chinês na defesa de seu país durante a invas?o japonesa, reaviva a memória do protagonismo da China na Segunda Guerra Mundial e, n?o menos importante, refor?a a necessidade de substituir qualquer mentalidade "hegem?nica" por um caminho de diálogo e conhecimento mútuo, no qual se respeite a diversidade das civiliza??es, se assegure a paz e a prosperidade comuns e se avance na constru??o de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. As li??es que n?o podem ser esquecidas.

*O autor é Professor e diretor do Centro de Estudos de Brasil da Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang