Os investimentos chineses no Brasil tiveram uma forte recupera??o em 2024, aumentando 113% em rela??o ao ano anterior, para chegar a US$ 4,8 bilh?es, de acordo com um relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
O estudo destaca que o Brasil se consolidou como o principal destino do capital chinês entre as economias emergentes, além de ocupar o terceiro lugar globalmente em recebimento de investimentos produtivos da China.
A reorienta??o da política externa brasileira a partir de 2023, marcada pela reinser??o do país em fóruns multilaterais e maior coopera??o com parceiros estratégicos, é identificada como um fator-chave para a reativa??o dos fluxos de capital. Nesse contexto, os projetos de infraestrutura ganharam maior importancia durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que se refletiu no perfil dos investimentos chineses.
Segundo o relatório, o setor elétrico foi o principal destinatário de investimentos em 2024, com uma participa??o de 34% do total, equivalente a US$ 1,43 bilh?o (aproximadamente 8,079 bilh?es de reais a uma taxa de cambio de 5,65 por dólar). Esse valor representou um crescimento de 115% em rela??o ao ano anterior, marcando a maior expans?o relativa nessa área desde 2019.
Em segundo lugar, o setor de petróleo absorveu 25% dos recursos, com quase US$ 1 bilh?o (US$ 5,65 bilh?es de reais), um dos maiores valores da última década. Esses dados, destaca o CEBC, mostram que, embora a transi??o energética esteja avan?ando com forte participa??o de empresas chinesas em projetos de energia renovável, ainda há um interesse marcante em iniciativas ligadas a combustíveis fósseis. O setor automotivo ficou em terceiro lugar, com 14% dos investimentos, seguido por minera??o (13%), transporte terrestre (12%) e fabrica??o de equipamentos elétricos (2%).
Outro aspecto destacado no relatório é a redistribui??o geográfica dos investimentos, que come?am a se diversificar para além da concentra??o histórica na regi?o Sudeste do Brasil. Novos polos de atra??o surgiram em outras partes do país, favorecendo a descentraliza??o de projetos e impulsionando a integra??o regional.
Entre 2015 e 2019, o capital chinês no Brasil foi direcionado principalmente para projetos de menor porte, concentrados em setores como tecnologia da informa??o, manufatura e iniciativas de energia renovável. Isso ocorreu após uma redu??o de projetos de grande porte nos setores de energia elétrica e petróleo. A retomada de projetos de infraestrutura a partir de 2023 mudou esse panorama, retornando os holofotes para projetos de grande porte.
O CEBC destacou que o desempenho do Brasil contrasta com a tendência global dos fluxos de capital chinês. Enquanto nos Estados Unidos, os investimentos da China caíram 11% em 2024, no Brasil eles dobraram, superando em muito o ritmo de outras regi?es.
Na Uni?o Europeia e no Reino Unido, os investimentos chineses cresceram 47%, e na Austrália, 41%, embora em ambos os casos os números permane?am inferiores aos registrados em anos anteriores. Na América Latina e no Caribe, excluindo o Brasil, os investimentos chineses caíram 8,4%.
Assim, o Brasil consolidou sua posi??o como parceiro prioritário da China no cenário internacional, com projetos de alto impacto em energia, logística e infraestrutura industrial.
O crescimento dos investimentos chineses no Brasil em 2024 superou em muito o desempenho geral do investimento estrangeiro direto (IED) no país. Segundo dados do Banco Central do Brasil, o total de IED recebido foi de US$ 71 bilh?es (401,15 bilh?es de reais), representando um aumento de 13,8% em rela??o a 2023.
Em contrapartida, os fluxos de capital chinês cresceram mais de oito vezes essa média, confirmando o dinamismo da rela??o bilateral e o interesse das empresas chinesas em expandir sua presen?a na maior economia da América Latina.
O CEBC, criado em 2004, reúne líderes empresariais e de diversos setores públicos e privados e tem como miss?o promover o fortalecimento dos la?os entre Brasil e China. Seu relatório mais recente refor?a a percep??o de que o relacionamento entre os dois países vive um novo ciclo, marcado pela expans?o de projetos estratégicos e pela diversifica??o das áreas de coopera??o.