O governo brasileiro expressou preocupa??o nesta ter?a-feira com o potencial de novos conflitos na América Latina após a decis?o dos Estados Unidos de associar o narcotráfico ao terrorismo.
O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, declarou ao jornal local "O Globo" que o mundo vive um momento de "desordem total", alimentado pelos rótulos impostos pelos Estados Unidos que poderiam justificar ataques militares.
"O mundo está em completa desordem. Essa divis?o entre narcoterrorismo e outros rótulos pode justificar ataques militares que n?o ocorreriam de outra forma. Tudo isso é muito preocupante", afirmou.
Amorim alertou que qualquer amea?a militar na regi?o seria "extremamente grave" e observou que "desde 1902 n?o há amea?a de uso direto da for?a contra a América do Sul", embora tenha expressado esperan?a de que progressos positivos em dire??o à paz total sejam alcan?ados até o final deste ano.
"N?o se pode esperar paz na Ucrania e, ao mesmo tempo, uma guerra ou algum tipo de ataque na América do Sul. Tudo isso está interligado; tudo se contamina mutuamente. Estou muito preocupado com tudo isso", acrescentou.
Nesse sentido, citou como exemplo a nova estratégia de Washington de realizar ataques contra embarca??es pertencentes a supostos narcotraficantes na América Latina e de rotular grupos do crime organizado como organiza??es terroristas.
Diante disso, o diplomata enfatizou que, apesar das dificuldades, "o Brasil está consolidando a democracia internamente" e continua sendo "um parceiro indispensável para todos os demais atores internacionais, em um mundo que precisa desesperadamente de boas notícias".
Ele enfatizou que o país sul-americano já teve diversas experiências anteriores com media??o, como no Grupo de Amigos da Venezuela, criado em 2003 com a participa??o dos Estados Unidos, mas que atualmente essas duas na??es precisam decidir se desejam que o Brasil participe como mediador.
"A essência da media??o é a mesma: ninguém conseguirá tudo o que quer, mas ninguém ficará sem algo que deseja. Essa é a essência do processo", afirmou.
Amorim considerou positiva a aprova??o de uma declara??o do Grupo de Paz em Nova York, coordenado pelo Brasil e pela China. O objetivo do grupo é promover negocia??es para p?r fim ao conflito entre a Rússia e a Ucrania.