
O setor privado do Sul Global deve assumir um papel mais ativo na transi??o climática e aproveitar sua participa??o na 30a Conferência das Partes da Conven??o-Quadro das Na??es Unidas sobre Mudan?a do Clima (COP30), que acontece na cidade de Belém, no norte do Brasil, afirmou Nelmara Arbex, sócia da consultoria KPMG no Brasil.
Segundo a especialista, as empresas já entendem que "a estabilidade climática é fundamental para o sucesso dos negócios" e que n?o podem esperar que a regulamenta??o dite o ritmo da transforma??o.
Mesmo em meio a impasses diplomáticos e sinais contraditórios sobre financiamento climático, o setor privado tem mantido sua própria agenda, afirmou Arbex, que lidera a rede KPMG Impact na América do Sul.
"As empresas demonstraram que est?o abordando essa quest?o de forma pragmática e mantendo seus planos", observou ele, referindo-se ao comportamento observado durante a Semana do Clima em Nova York, realizada de 21 a 28 de setembro.
Ela reconheceu que a ausência dos Estados Unidos em compromissos de financiamento mais amplos representa um desafio, mas enfatizou que outros atores est?o dispostos a apoiar a agenda climática.
"Esta COP30 está sendo realizada num momento crucial, pois este é o ano em que deveríamos come?ar a ver uma redu??o significativa nas emiss?es de gases de efeito estufa. Apesar da tendência de estabiliza??o e declínio, ainda n?o atingimos o nível necessário", avaliou.
Nesse contexto, Arbex afirmou que os Estados Unidos s?o um dos principais emissores de gases de efeito estufa.
“No entanto, n?o é apenas o governo dos EUA que dita como as empresas devem descarbonizar seus processos ou inovar em rela??o à dependência energética. O financiamento da transi??o climática perde for?a sem os recursos do governo dos EUA, mas existem outros atores muito interessados em investir nessa agenda e liderar essa transi??o, como a China, por exemplo. A China tem os recursos necessários para isso”, disse ela.
A especialista em práticas ambientais afirmou que a COP30 abre uma "oportunidade histórica" para o setor privado do Sul Global demonstrar verdadeira lideran?a.
"Só haverá estabilidade climática se reduzirmos drasticamente as emiss?es. Investir em energias renováveis é importante, mas o essencial é reduzir as emiss?es", disse ela.
Ela explicou que atrair investimentos em eficiência energética, inova??o operacional e novos modelos de produ??o exige que as empresas apresentem projetos sólidos e estabele?am alian?as estratégicas.
"Parcerias entre empresas, tanto do mesmo setor quanto de setores diferentes, podem acelerar significativamente essa transi??o e gerar mais valor", disse ela.
Arbex enfatizou que o Sul Global tem capacidades únicas para impulsionar um novo modelo de financiamento climático.
A especialista indicou que os países em desenvolvimento encontram-se em diferentes estágios de transi??o energética e possuem tecnologias que, se compartilhadas, "podem mudar o foco das discuss?es climáticas e dos modelos de desenvolvimento".
Ela observou que a América Latina produz quase 70% de sua eletricidade a partir de fontes renováveis, que a regi?o domina as tecnologias de biocombustíveis e que o Hemisfério Sul possui "milh?es de hectares com potencial para restaura??o florestal", que s?o fundamentais para o desenvolvimento sustentável.
Segundo Arbex, qualquer novo modelo de financiamento climático deve combinar redu??o de emiss?es e redu??o da pobreza, e para isso, a inova??o socioecon?mica será crucial.
Olhando para a COP30, a primeira conferência climática realizada na Amaz?nia, Arbex afirmou que o setor privado brasileiro terá uma oportunidade única de enviar uma mensagem global.