Por Li Junqiang, Diário do Povo

O telescópio AIMS. (Foto: cortesia do Observatório Astron?mico Nacional da China)

A China lan?ou o primeiro telescópio do mundo para medir o campo magnético solar no infravermelho médio, o AIMS (Medi??es Precisas do Campo Magnético Solar no Infravermelho), marcando um grande avan?o na observa??o solar e aprimorando a capacidade da humanidade de estudar o Sol.

Localizado no topo do Monte Saishiteng, no município de Lenghu, província de Qinghai, noroeste da China, a uma altitude de mais de 4.000 metros, o telescópio AIMS preenche uma lacuna global nas observa??es do campo magnético no infravermelho médio. Sua instala??o também estabelece um novo padr?o para a constru??o de instala??es astron?micas avan?adas em regi?es de alta altitude.

Avan?ando a ciência solar

Os campos magnéticos s?o fundamentais para a atividade atmosférica solar, que ocorre em um vasto ambiente de plasma. Aprimorar a precis?o das medi??es de campos magnéticos é crucial tanto para o avan?o da física solar quanto para o aprimoramento da previs?o do clima espacial, afirmou Deng Yuanyong, pesquisador dos Observatório Astron?mico Nacional da China (NAOC, na sigla em inglês) e investigador principal do projeto AIMS.

Por muito tempo, as observa??es do campo magnético solar se concentraram principalmente na resolu??o espacial, frequentemente em detrimento da precis?o da medi??o. A maioria dos telescópios solares de grande abertura em todo o mundo atinge uma precis?o de apenas 100 gauss. No entanto, à medida que o conhecimento científico avan?a, há um consenso crescente de que investigar campos magnéticos fracos é igualmente crucial e que a alta resolu??o por si só é insuficiente para o avan?o da física solar.

"Assim como uma fotografia padr?o e uma radiografia revelam diferentes aspectos do corpo humano, as observa??es em diferentes comprimentos de onda revelam processos físicos distintos no Sol", explicou Wang Dongguang, pesquisador do NAOC e diretor técnico do projeto AIMS. "O AIMS foi projetado especificamente para suprir a lacuna existente há muito tempo nas observa??es do campo magnético solar no infravermelho médio."

Tecnologias inovadoras

Desde o seu lan?amento em 2015, o projeto AIMS alcan?ou uma série de avan?os marcantes. Notavelmente, aprimorou a precis?o da medi??o do campo magnético para níveis abaixo de 10 gauss e desenvolveu o primeiro espectr?metro de Fourier de infravermelho médio do mundo com resolu??o espectral ultra-alta e capacidade de gera??o de imagens, melhorando o desempenho da resolu??o espectral em 156 vezes o padr?o nacional anterior.

Essas conquistas foram resultado da supera??o de desafios técnicos significativos. Um excelente exemplo é a medi??o de polariza??o. Embora a equipe do NAOC tivesse mais de quatro décadas de experiência em detec??o de polariza??o no espectro visível, a transi??o para a polariza??o no infravermelho médio exigiu a constru??o de capacidades totalmente novas desde o início.

"Na época, n?o havia instrumentos para medi??o de polariza??o no infravermelho médio em nenhum lugar do mundo — nenhum detector, nenhuma técnica estabelecida", lembrou Wang. "Tivemos que selecionar materiais de forma independente, experimentar métodos de processamento e projetar equipamentos de teste. Por meio de extensa pesquisa, finalmente conseguimos produzir a maior placa de onda de infravermelho médio de seleneto de cádmio do mundo."

Um técnico realiza a depura??o do telescópio AIMS. (Foto: cortesia do Observatório Astron?mico Nacional da China)

Colabora??o national e apoio local

O desenvolvimento do AIMS foi um esfor?o multidisciplinar coordenado nacionalmente, liderado pelo NAOC, com a colabora??o do Instituto de Física Técnica de Shanghai, do Instituto de óptica e Mecanica de Precis?o de Xi'an, do Observatório de Yunnan, do Instituto de Física de Kunming, da Nanjing Astronomical Instruments Co., Ltd. e de outras institui??es.

"Desde o início, enfatizamos o projeto de alto nível, detalhando as especifica??es técnicas e fun??es com interfaces técnicas claramente definidas. Essa abordagem garantiu um progresso tranquilo e minimizou o retrabalho durante o desenvolvimento", observou Wang.

Gra?as a essa colabora??o, todos os componentes principais do telescópio AIMS foram desenvolvidos e fabricados internamente, alcan?ando controle independente total sobre tecnologias críticas e demonstrando a crescente for?a da China em instrumenta??o astron?mica.

A sele??o de locais para observatórios solares é extremamente exigente, requerendo longas horas de luz solar, condi??es atmosféricas secas para minimizar a interferência do vapor d'água em observa??es infravermelhas e altitudes elevadas para melhorar a sensibilidade de detec??o. Após avaliar cinco locais potenciais, a equipe selecionou o Monte Saishiteng em Lenghu, província de Qinghai.

Deng expressou grande gratid?o pelo apoio do governo local: "Como o equipamento do telescópio era muito grande para ser transportado por terra, as autoridades locais forneceram assistência por helicóptero. Em dois anos após a confirma??o do local, toda a infraestrutura necessária foi concluída."

Durante os testes e observa??es científicas iniciais, o AIMS capturou com sucesso múltiplos conjuntos de dados de infravermelho médio de erup??es solares, fornecendo informa??es valiosas sobre a transferência de massa e energia durante as erup??es, bem como sobre o acúmulo e a libera??o de energia magnética. "Nossa próxima prioridade é garantir a opera??o estável do telescópio e avan?ar na pesquisa de ponta usando os novos dados que ele fornece", acrescentou Deng.