A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, deverá sobrevoar nesta quinta-feira (12) a regi?o de Mariana e Governador Valadares em Minas Gerais, e Colatina no Espírito Santo, para avaliar os impactos sociais e ambientais causados pelo rompimento de duas barragens da Samarco. Até o momento, oito mortes foram confirmadas, 21 pessoas continuam desaparecidas e centenas est?o desabrigadas.
No último dia 5, duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco se romperam devastando o distrito de Bento Rodrigues, contaminando o meio ambiente e causando estragos em um trecho de mais de 100km.
A Samarco é um empresa que pertence à Vale e à anglo-australiana BHP Billiton, duas das três maiores mineradoras do mundo. A Vale do Rio Doce é uma empresa brasileira e a maior produtora de ferro e níquel do mundo. Criada em 1942, foi vendida pelo governo brasileiro em 1997 por meio de um processo de privatiza??o.
Responsabilidade pela tragédia
A jornalista Míriam Leit?o disse na ter?a-feira (10) em sua coluna no jornal O Globo que a tragédia em Mariana n?o era inesperada uma vez que tanto especialistas como o Ministério Público de Minas Gerais já haviam alertado para os riscos das atividades na regi?o. A famosa jornalista brasileira também faz questionamentos sobre o gerenciamento corporativo e o comportamento público em rela??o a tragédia. Parte da mídia no Brasil tem criticado a forma como a Vale tem respondido e se posicionado diante do desastre. O seu presidente, Murilo Ferreira, é criticado por ter divulgado uma nota em vez de falar com a imprensa e embarcar imediatamente para a regi?o, como fez Andrew Mackenziem, presidente da BHP.
O Comunicado conjunto dos CEOs da Vale e da BHP Biliton, publicado no site da Vale, diz que a “prioridade no momento é entender a extens?o das consequências do rompimento das barragens e como podemos providenciar apoio adicional”. O comunicado também cita a cria??o de um fundo de emergência para trabalhos de reconstru??o e ajuda as famílias e comunidades afetadas.
Para Míriam Leit?o, o comportamento público também é passível de crítica. A contamina??o dos rios trouxe riscos de abastecimento enquanto a Agência Nacional de águas é criticada por n?o se manifestar sobre o que pode ser feito a respeito. A presidente Dilma Rousseff também tem sido questionada por parte da imprensa brasileira por n?o ter visitado a regi?o imediatamente ao rompimento das barragens, principalmente porque o desastre aconteceu em Minas Gerais, estado que teve importante papel no processo de reelei??o da presidente.
Por outro lado, segundo reportagem publicada pelo O Tempo, a presidente Dilma disse que a demora em visitar a regi?o se deve ao fato de que era necessário deixar claro de quem é a responsabilidade pelo desastre antes de visitar os entornos de Mariana. Dilma quer que as empresas arquem com todos os custos de atendimento à popula??o, fornecimento de água, reconstru??o de casas e estradas. Segundo reportagem do Estad?o, o Ministro da Integra??o Nacional, Gilberto Occhi, disse que tanto a Vale como a BHP se mostraram dispostas a atender o pedido do governo.
As Minas Gerais
A cidade de Mariana, onde está localizado o distrito de Bento Rodrigues, foi a primeira vila a ser fundada em Minas Gerais após a coroa portuguesa descobrir que a regi?o era rica em minérios e recursos naturais.
Minas Gerais, que é hoje um dos estados mais ricos do Brasil e cujo território comporta a Fran?a e a Bélgica juntas, foi palco da Inconfidência Mineira, um dos principais movimentos anticoloniais do século XVII.
Pre?o dos Minérios
A China é a maior consumidora de minério de ferro do mundo, importando dois ter?os de todo o minério comercializado internacionalmente.
A Vale foi a primeira empresa do mundo a exportar minério de ferro para a China, em 1973. Em 2014, os minérios foram o segundo produto brasileiro mais exportado para a China, perdendo apenas para soja em gr?os e sementes.
O rápido processo de urbaniza??o e crescimento econ?mico da China solidificaram as rela??es da empresa brasileira com o mercado chinês ao longo das últimas décadas.
Segundo a BBC, a tragédia com a barragem construída pela Samarco, um consórcio entre a Vale e a BHP, jogaram as a??es da BHP para o seu nível mais baixo em sete anos, enquanto as da Vale sofreram queda de 7% na semana passada.
Para bancos e consultorias de investimento, o acidente pode afetar o pre?o do ferro no mercado internacional além dos projetos e resultados das duas empresas.
O Citi revisou o valor do produto para o final de 2015 de US$ 40 para US$ 50 e previu queda na produ??o brasileira de minério de ferro. O Deutsche Bank ressaltou que a Samarco é responsável por 2% da produ??o de minério de ferro comercializada no mercado internacional e prevê que os pre?os poder?o subir em 2016.
Entretanto, para José Mendes, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Minera??o, essas estimativas podem estar superestimadas e é muito cedo para fazer qualquer análise sobre como o mercado da minera??o será afetado.
Por: Rafael Lima