A China disse nesta quarta-feira que o Vaticano deve adotar uma política pragmática e flexível no que tange as rela??es entre os dois lados. A declara??o foi feita após o Papa Francisco ter enviado seus melhores votos e cumprimentos ao presidente Xi Jinping e ao povo chinês por ocasi?o das celebra??es do Ano Novo chinês.
Segundo Lu Kang, porta-voz do Ministério das Rela??es Exteriores da China, “a China tem feito esfor?os consistentes e é sincera sobre melhorar as rela??es com o Vaticano...Nós também esperamos que o Vaticano tome uma atitude pragmática e flexível e que crie condi??es para melhorar as rela??es bilaterais”.
Nesta ter?a-feira (2) a revista Asia Times, de Hong Kong, publicou uma entrevista com o Papa Francisco na qual o pontífice envia uma mensagem ao presidente Xi e cumprimentos ao povo chinês pelo Ano Novo Lunar, que este ano cai no dia 8 de fevereiro.
A entrevista ocorreu na semana passada no Vaticano, quando uma delega??o chinesa teria visitado a Santa Sé, segundo informa??es do portal de notícias The Huffington Post. Citando um recente artigo publicado pelo jornal italiano Corriere della Sera, o portal de notícias americano disse que a China poderia aceitar a escolha de novos bispos pelo pontífice a partir de uma lista aprovada pelas autoridades chinesas, sobre a égide de um acordo “alcan?ado entre os dois lados”.
Houveram especula??es acerca de um acordo entre a China e o Vaticano quando Zhang Yinlin foi consagrado bispo em uma igreja católica de Anyang, na província de Henan, em agosto de 2015. Zhang foi o primeiro bispo reconhecido tanto por Beijing como pela Santa Sé desde 2012, quando a consagra??o de alguns bispos sem a aprova??o do Vaticano impactou negativamente os la?os entre os dois lados.
Para Yan Kejia, diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Academia de Ciências Sociais de Shanghai, este “poderia se tornar um ‘modelo chinês’ que ambos os lados poderiam explorar sobre a forma de se nomear os bispos na China”.
O “modelo chinês” seria diferente do “modelo vietnamita”, no qual os bispos nomeados tanto pelo Vaticano como pelo Vietn? s?o selecionados e aprovados pela Santa Sé. Para Liu Guopeng, pesquisador associado do Instituto de Estudos das Religi?es Mundiais da Academia Chinesa de Ciências Sociais, a China pode querer ter mais voz no que diz respeito a coopera??o bilateral com o Vaticano na ordena??o dos bispos.
“é improvável que os dois países retomem a atitude de indiferen?a em rela??o ao outro uma vez que a mentalidade da Guerra Fria foi abandonada. A China percebeu a necessidade de se integrar e interagir ativamente com a comunidade internacional. Os dois lados têm poderes significantes e dividem a responsabilidade de promover a paz e a estabilidade mundial, proporcionando uma base para o diálogo e a coopera??o, ” disse Liu.
O Ministério das Rela??es Exteriores da China n?o se pronunciou sobre a possibilidade de uma visita há muito esperada do Papa Francisco à China. Entretanto, Liu disse que os líderes dos dois países, que compartilham de forte carisma político e est?o promovendo reformas corajosas e resolutas, podem conduzir as rela??es a resultados surpreendentes e promissores.
Edi??o: Rafael Lima