Presidente-eleito, Donald Trump discursa na noite das elei??es, em Manhattan, Nova Iorque, no dia 9 de novembro de 2016.
A inexperiência em diplomacia, demonstrada por Donald Trump durante o fim-de-semana, — após a apreens?o e retorno, por parte da Marinha chinesa, de um drone n?o tripulado dos EUA no Mar do Sul da China — pode levar a mais conflitos entre a China e os Estados Unidos, assim como criar lacunas entre os aliados dos americanos, informam os especialistas chineses em estudos internacionais.
Trump, que assumirá a posi??o de presidente em 5 semanas, publicou a situa??o que ocorreu com o drone no twitter, no sábado, acusando Beijing de “roubar” o equipamento num ato “sem precedentes”.
No domingo, na mesma plataforma, Trump comentou “devíamos dizer à China que n?o queremos de volta o drone que roubaram — podem ficar com ele!”
Nessa altura, o problema estava já resolvido, tinha sido acordada a devolu??o do drone submarino, capturado na quinta-feira, de acordo com declara??es do Pentágono e do Ministério da Defesa chinês
O drone, um veículo n?o tripulado com 3m de comprimento, foi lan?ado pelo USNS Bowditch para recolha de informa??o batimétrica, salinidade da água, temperatura e a dire??o da corrente, de acordo com o Pentágono.
Em opera??o a cerca de 93 quil?metros a noroeste de Subic Bay, ao largo das Filipinas, o drone foi resgatado por um barco salva-vidas chinês para evitar "perigo à navega??o de navios e tripulantes", afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Yang Yujun.
"O barco chinês adotou uma atitude profissional e responsável em investigar e verificar o dispositivo", informou Yang, explicando que, depois de identificar o dispositivo como pertencente aos EUA, a China decidiu devolvê-lo de forma adequada.
A China tem expressado a sua oposi??o à prática de longa data dos militares norte-americanos na condu??o de manobras militares e de reconhecimento em águas chinesas, afirmou Yang.
O USNS Bowditch é um "infame" navio de reconhecimento militar que tem investigado as zonas costeiras da China desde 2002, explicou Ma Gang, professor da Universidade de Defesa Nacional do Exército de Liberta??o do Povo.
"Os dados oceanicos s?o cruciais para as forma??es de navios, rotas submarinas e planejamento de batalhas", esclareceu Ma, "portanto, é normal que a Marinha Chinesa suspeite das atividades do navio, tendo em conta experiências do passado".
"Trump pode eventualmente aprender da maneira mais difícil que a soberania da China é absolutamente inegociável", concluiu Ma.
Zhong Feiteng, investigador associado em rela??es entre potências da Academia Chinesa de Ciências Sociais, adicionou ainda que Trump exagerou a quest?o do drone propositadamente, mas rapidamente a descartou quando a mesma foi resolvida pacificamente.
"Todo o fiasco do caso do drone prova que Trump só se importa com coisas que o beneficiam, e que as abandona quando perderem valor", opinou, e "isso pode ser desanimador para os aliados dos EUA, como a Coréia do Sul e o Jap?o, por exemplo".