Por Bi Yuming e Rafael Lima
Beijing, 15 mai (Xinhua) -- O Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil, Hussein Ali Kalout, afirmou em uma entrevista à Xinhua no domingo, em Beijing, que a coopera??o Brasil-China é ampla e que a iniciativa chinesa do Cintur?o e Rota deverá aproximar ainda mais os dois países.
O Forúm do Cintur?o e Rota para Coopera??o Internacional está sendo realizado nos dias 14 e 15 em Beijing, capital chinesa. Presidentes da Argentina, Mauricio Macri, e do Chile, Michelle Bachelet, além de representantes do Brasil, Uruguai e outro países latino-americanos assistiram ao evento. Apesar de uma distancia geográfica muito longa, a Iniciativa do Cintur?o e Rota está aproximando a China aos países latino-americanos.
CONSTRUíNDO CONSENSOS
A iniciativa do Cintur?o e Rota se refere ao Cintur?o da Rota da Seda e à Rota da Seda Marítima do Século 21, e foi proposta pela China em 2013.
Depois que a Iniciativa do Cintur?o e Rota ganhou grande aten??o na América Latina, vários países na regi?o expressaram a vontade de participar, apesar de n?o estatem ao longo do Cintur?o e Rota.
Em 10 de maio, o porta-voz da chanceleria chinesa, Geng Shuang, disse que a Iniciativa é aberta e abrangente, e que a China dá as boas-vindas para a participa??o ativa dos países latino-americanos na coopera??o internacional do "Cintur?o e Rota", ao fortalecer a coordena??o das estratégias de cada país e coopera??o prática em várias áreas, e espera que a Iniciativa do Cintur?o e Rota traga melhor coopera??o China-América Latina e prosperidade e estabilidade mundiais.
Em 2014, a China e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) criaram o Fórum China-CELAC, mecanismo para coordenar a coopera??o entre a China e os países latino-americanos com um conjunto. Em 2016, a China publicou a segunda edi??o do Documento sobre a Política da China para a América Latina e o Caribe, planejando de maneira abrangente a coopera??o com a América Latina.
Guo Cunhai, acadêmico da Academia Chinesa de Ciências Sociais, indicou que é natural que presidentes e ministros de países latino-americanos vieram à China para participar do Fórum. Nos últimos quatro anos, o presidente chinês visitou a América Latina por três vezes durante quatro anos, e prop?s construir a comunidade de futuro compartilhado China-América Latina. Em 2015, o Fórum China-CELAC divulgou um plano de desenvolvimento de coopera??o para 2015-2019, sugerindo conceitos e medidas bem conforme com a ideia de "abordagem de cinco níveis". "Por isso, dizemos que a coopera??o China-América Latina combina com as ideias do Cintur?o e Rota."
APROVEITANDO OPORTUNIDADES
Antes de vir à China, Macri e Bachelet expressaram, em diferentes ocasi?es, suas expectativas com o Fórum. Segundo Macri, a Iniciativa do "Cintur?o e Rota" pode ajudar a promover intercambios e conectividade entre a Argentina e a China, e espera que neste ambito os dois países possam continuar promovendo a coopera??o e aprofundando a amizade. Bachelet manifestou que o "Cintur?o e Rota" é uma oportunidade histórica.
Apesar da longa distancia geográfica entre a América Latina e a China, a Iniciativa do Cintur?o e Rota parece igualmente atraente para os países latino-americanos, como para outros países.
A Iniciativa chinesa do Cintur?o e Rota abre um novo capítulo no desenvolvimento econ?mico mundial e pode beneficiar tanto o Brasil como os demais países da América Latina, disse José Medeiros da Silva, cientista político e professor na Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang, em Hangzhou.
Em uma recente entrevista exclusiva concedida à Xinhua, José Medeiros, que vive na China por quase uma década, se mostrou otimista em rela??o à iniciativa: "A Iniciativa chinesa do Cintur?o e Rota criará novas oportunidades que, se bem aproveitadas, podem ser benéficas tanto para o Brasil como para os demais países da América Latina. Ela n?o pode ser ignorada por nenhum país, especialmente pelo Brasil, que apesar da crise política em curso, continua a ser o maior ator econ?mico de toda a América Latina".
Segundo dados do Ministério do Comércio da China, entre janeiro e mar?o deste ano, as empresas chinesas investiram US$ 2,95 bilh?es nos 43 países ao longo do Cintur?o e Rota. Desde 2013, a China investiu mais de US$ 50 bilh?es nos referidos países.
Na opini?o de Wang Xiaoyuan, ex-embaixador chinês na Costa Rica, Uruguai e Col?mbia, os países latino-americanos, em sua maioria, s?o países em desenvolvimento e economias emergentes. Devido à crise financeira global nos anos recentes, a situa??o econ?mica da regi?o registraram menos crescimentos ou até quedas. E nesta situa??o, países latino-americanos come?aram a olhar para a China e esperam aproveitar o crescimento chinês para sair da sombria econ?mica. "Estamos num mundo de globaliza??o aprofunda, e os países podem compartilhar os benefícios trazidos pela iniciativa", disse Wang.
CRIANDO FUTURO COMPARTILHADO
Wang assinalou que a Iniciativa do Cintur?o e Rota promove a coordena??o de políticas, conex?o de infraestruturas, comércio livre, convertibilidade da moeda e la?os mais estreitos entre as pessoas. E nestes cinco aspectos, a China e a regi?o da América Latina já estabeleceram bases sólidas. "A regi?o latino-americana tem grande potencial em coopera??o com a China. Creio que a participa??o da regi?o pode dar grande contribui??o para a constru??o do 'Cintur?o e Rota'."
Por outro lado, Guo Cunhai assinalou que a Iniciativa do Cintur?o e Rota é uma proposta importante para coopera??o internacional, e demonstra um novo conceito de coopera??o internacional, que se integra e complementa os existentes mecanismos entre a China e a América Latina.
Wang, porém, indicou que as duas partes devem aumentar ainda mais intercambios entre popula??es. "Apesar dos nossos esfor?os, incluindo o estabelecimento de Institutos de Confúcio em mais de dez países latino-americanos, os povos n?o se conhecem bem devido à longa distancia geográfica e diferen?as em política, religi?o e cultura."
Ele sugeriu promover o desenvolvimento de turismo e intercambios entre os povos da China e os países latino-americanos. "Mais de 100 milh?es de chineses passam férias no estrangeiro, mas apenas 100 mil até 200 mil chegaram à América Latina", explicou Wang, acrescentando que os dois lados devem tomar medidas ativas para encorajar visitas turísticas, a fim de melhorar entendimento e amizade entre os povos.