TóQUIO, 18 de ago (Diário do Povo Online) - Um documentário exibido pela Tokyo Broadcasting System Television (TBS) no dia da rendi??o do Jap?o, ter?a-feira (15), chocou os espetadores japoneses com a revela??o de uma fábrica na ilha Okunoshima que produzia secretamente um gás venenoso responsável pela morte de 80 mil soldados e civis chineses.
Um soldado japonês, Yasuma Fujimoto, contou a sua experiência como soldado do Exército Imperial Japonês, enquanto responsável pelo fabrico de milhares de toneladas de gás venenoso na referida ilha.
“Produzimos o gás para a incurs?o japonesa na China”, revelou.
“Somos criminosos. O fato de termos assassinado tantos soldados chineses n?o deve ser apagado, esquecido e celebrado como heroísmo”, acrescentou.
Imagens do documentário mostram Yasuma Fujimoto.
Okunoshima é uma pequena ilha situada no Mar Interior de Seto, conhecida hoje como Ilha dos Coelhos, por ser o habitat de centenas de coelhos selvagens.
Fujimoto afirmou que a ilha tinha no passado contornos amarelos, em vez da paisagem verdejante atual, pois o ácido do gás venenoso matava as plantas. Os coelhos foram levados para a ilha em 1929 e usados para testar a eficácia do gás, segundo o The Guardian.
Foto antiga da fábrica de produ??o do gás.
Mais de 3700 soldados japoneses morreram durante o processo de produ??o do gás. O veneno, que incluía gás mostarda e fosgênio, levou a que Fujimoto desenvolvesse bronquite cr?nica e cancer de est?mago, resultando em que tivesse que tomar uma grande quantidade de medicamentos diariamente para sobreviver.
“N?o posso morrer antes de revelar todos os fatos encobertos pelo governo japonês”, disse.
Segundo Fujimoto, o Jap?o tentou encobrir a história, já que a comunidade internacional proibiu o gás venenoso. O governo costumava excluir a ilha dos mapas e exigia que os ?nibus baixassem as cortinas ao passarem pela ilha. Os cidad?os da ilha foram também obrigados a assinar acordos de confidencialidade.
A Ilha Okunoshima existe no mapa original do Jap?o.
Okunoshima desaparece do mapa depois de 1938.
Li Qingxiang, de 88 anos, foi entrevistado sobre as atrocidades do Jap?o, revelando detalhes sobre um ataque de gás japonês em uma passagem subterranea na vila Beituan, na província de Hebei. Li perdeu a sua irm? mais nova no ataque há 70 anos.
A famosa atriz Haruka Ayase apresentou o documentário. Muitos dos seus f?s n?o gostaram do seu envolvimento em um programa de televis?o cujo objetivo era revelar as atrocidades cometidas pelo Jap?o, mas, em sua defesa, Ayase escreveu nas redes sociais que Fujimoto quer relembrar a todos os horrores da guerra e qu?o preciosa é a paz.
"Espero que mais pessoas possam ouvir a história de Fujimoto", refor?ou.