Beijing, 31 ago (Xinhua) -- Segue um artigo do presidente brasileiro Michel Temer sobre sua visita à China e participa??o da Cúpula do BRICS no país asiático:
China: uma visita em três tempos
Michel Temer
Estou a caminho da China, a convite do Presidente Xi Jinping. Uma vez mais, colocarei a diplomacia presidencial a servi?o de uma política externa universalista, voltada para o desenvolvimento do Brasil e das reais prioridades de nosso povo.
Será uma visita em três tempos - consagrados às rela??es bilaterais, à atra??o de comércio e investimentos, e à reuni?o de Cúpula do BRICS.
No primeiro deles, em Pequim, realizarei visita de Estado dedicada a estreitar os la?os entre o Brasil e a China. Por alguns anos, ainda vice-presidente, tive o privilégio de copresidir a Comiss?o Sino-Brasileira de Alto Nível de Concerta??o e Coopera??o, a Cosban. Essa experiência deixou-me esta profunda convic??o: a parceria entre o Brasil e a China é verdadeiramente estratégica - e n?o apenas para os dois países, mas também para o mundo.
é estratégica para os dois países porque Brasil e China têm muitos interesses complementares e muitas posi??es comuns. A nossa é rela??o de benefícios mútuos, de uma virtuosa reciprocidade. O Brasil é fornecedor confiável e seguro de alimentos e insumos de grande relevancia para o desenvolvimento chinês. é, também, op??o confiável e segura para tantas empresas chinesas que buscam destino para seus investimentos.
Nos encontros com as autoridades chinesas, entre as quais o Presidente Xi Jinping e o Primeiro-Ministro Li Keqiang, aprofundaremos ainda mais esse relacionamento econ?mico-comercial e exploraremos novos meios para aproximar nossas sociedades. Afinal, é preciso que mais brasileiros conhe?am a China, que mais chineses conhe?am o Brasil. Procuraremos formas de facilitar vistos, de aprofundar a coopera??o cultural, de incentivar o turismo.
E a parceria sino-brasileira é estratégica, também, para o mundo. Em cenário internacional marcado por incertezas, o Brasil e a China têm atuado em defesa do livre comércio, têm sido vozes firmes contra medidas protecionistas. Recordo as palavras do Presidente Xi, que, no Fórum Mundial de Davos, afirmou que "perseguir o protecionismo é como trancar-se em uma sala escura: o vento e a chuva podem até ficar do lado de fora, mas também bloqueiam-se a luz e o ar".
Do mesmo modo, defendemos, ambos os países, em diferentes temas de alcance global, a via do multilateralismo. é firme nosso compromisso com o Acordo de Paris sobre a mudan?a do clima, com o respeito às regras da Organiza??o Mundial do Comércio. Essas coincidências demonstram que somos mais do que dois grandes países unidos por interesses compartilhados: s?o várias as frentes em que atuamos como for?as em favor da estabilidade do sistema multilateral. For?as que s?o ainda mais significativas em contexto de tendências isolacionistas e fragmentadoras.
Um segundo tempo da viagem à China será a intera??o com lideran?as empresariais, que fazem ou querem fazer negócios com o Brasil. Terei duas grandes oportunidades para isso: em Pequim, em seminário organizado pelo Governo brasileiro; e em Xiamen, no Fórum Empresarial do BRICS.
Em Pequim, estaremos com empresários chineses. A China é, desde 2009, nosso maior parceiro comercial. Entre 2006 e 2016, a corrente de comércio nada menos que triplicou - de 16 bilh?es de dólares para mais de 58 bilh?es de dólares. No primeiro semestre de 2017, a China foi o principal destino de nossas exporta??es - correspondeu a quase um quarto do valor exportado pelo Brasil. Além disso, empresas chinesas têm feito investimentos expressivos em nosso País, em setores como infraestrutura, energia, minera??o, eletr?nicos, telecomunica??es, automóveis, máquinas de constru??o.
Ainda maior que a dimens?o atual de nosso relacionamento econ?mico é seu potencial. No seminário em Pequim, apresentaremos o novo Brasil que se descortina com as reformas que temos levado adiante, com a recupera??o de nossa economia. Dotadas de marcos regulatórios racionais e previsíveis, as parcerias para investimentos lan?adas por nosso Governo oferecem múltiplas oportunidades - portos, aeroportos, rodovias, linhas de transmiss?o, entre outros setores. S?o projetos fundamentais para nossa competitividade, que geram empregos e renda, que garantem melhores servi?os à popula??o. Queremos que empresas chinesas, com sua reconhecida excelência nessas áreas, sejam partícipes do momento modernizador que vive o Brasil.
Em Xiamen, manterei contatos com investidores n?o apenas chineses, mas também de outras grandes economias, que têm demonstrado renovado interesse pelo Brasil. Será mais um momento para expor as possibilidades que se abrem com a retomada de nosso crescimento.
Finalmente, o terceiro tempo. Participarei, ainda em Xiamen, da IX Cúpula do BRICS, quando me reunirei com os líderes de Rússia, índia, China e áfrica do Sul. Estenderemos nosso diálogo, ainda, a mandatários de países convidados - Egito, Guiné, México, Tadjiquist?o e Tailandia.
Na Cúpula, assinaremos acordo para aproximar nossos setores produtivos ao Novo Banco de Desenvolvimento - institui??o criada pelos BRICS que já aprovou 11 projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em diferentes países, inclusive no Brasil. Avan?aremos, ainda, em iniciativas concretas propostas pelo Brasil, em áreas como saúde pública, avia??o regional e coopera??o em inteligência.
Em setembro de 2016, era a China o destino de minha primeira viagem como Presidente. Naquela ocasi?o, falamos a nossos interlocutores dos planos que tínhamos para superar a crise que herdáramos. Passado um ano, os resultados est?o aí: a infla??o está novamente sob controle, os juros est?o em queda consistente, a economia recuperou sua credibilidade, as oportunidades de negócios se multiplicam, os empregos come?am a voltar. O Brasil que vai agora à China é um País mais confiante. Um País que já avan?ou muito e que tem rumo certo para seguir avan?ando ainda mais.