Rio de Janeiro, 18 jan (Xinhua) -- O Fórum China-CELAC, iniciativa que promove o desenvolvimento das rela??es sino-latino-americanas em múltiplas esferas, desempenha o papel de promotor da integra??o da regi?o latino-americana com base no benefício mútuo, afirmou o especialista brasileiro Evandro Menezes de Carvalho.

O diretor de Estudos sobre China da Funda??o Getúlio Vargas (FGV) afirmou em entrevista exclusiva à Xinhua que o fórum "tem uma agenda extremamente ampla, de interesse de ambos os lados", antes da 2a Reuni?o Ministerial do Fórum da China e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Fórum China-CELAC), que se realizará no Chile de 19 a 22 deste mês.

"é a segunda reuni?o ministerial depois do lan?amento desta iniciativa, uma iniciativa promissora, cheia de possibilidades, tanto para a China como para os países latino-americanos", disse Menezes de Carvalho.

Ele especificou que o fórum conta "com uma agenda dentro do programa muito ampla, que envolve agricultura, transporte, infraestrutura, turismo, ciência, tecnologia, educa??o, desenvolvimento de recursos humanos, intera??o entre os povos, energia ou políticas de seguran?a".

Carvalho ressaltou o interesse da China em que a América Latina tenha boa infraestrutura com a qual possa transportar os produtos e mercadorias com destino ao outro lado do Pacífico.

"Os investimentos em infraestruturas, na parte da agricultura, energia, recursos naturais, refletem que a presen?a da China é bastante importante na América do Sul", indicou o especialista.

O professor de Direito Internacional da FGV acrescentou que "há uma preocupa??o justificada de criar uma infraestrutura de transporte mais eficiente".

"Os projetos que têm um caráter concreto de integra??o destas regi?es, considerando a melhora do comércio internacional a partir destes investimentos diretos chineses que ter?o um grande impacto na regi?o", explicou.

O especialista assinalou também a mudan?a de filosofia e coloca??o que tem suposto a presen?a da China no continente americano.

"Antes n?o se pensava em integrar as Américas mediante a infraestrutura, a via que promove a integra??o econ?mica real, mas agora sim, com o modelo que a China prop?e", disse.

Outro ponto positivo para Carvalho é que diversos países latino-americanos já mostraram seu interesse em participar da Iniciativa do Cintur?o e Rota, o que seria como uma "vers?o atualizada" da área de Livre Comércio das Américas (AlCA).

"A AlCA se concentra na isen??o de tributos alfandegários, mas o Cintur?o e Rota constitui uma interna??o de todas as esferas com a constru??o de infraestruturas na regi?o latino-americana", expressou o entrevistado.

A 2a Reuni?o Ministerial do Fórum China-CELAC é realizado a cada três anos. O primeiro encontro teve lugar em Beijing.

Menezes de Carvalho está otimista sobre o futuro da iniciativa, dado que "este ano é um ano peculiar tomando em conta que haverá muitas elei??es em diversos países da América Latina".

Explicou que a reuni?o deste ano "se dará neste contexto, no qual diversos países da América Latina procuram um novo rumo. Estou bastante otimista em rela??o aos próximos três anos".

"é importante que na reuni?o se fa?a um esfor?o para pensar no futuro e comprometer os Estados, mais que os governos, a executar e procurar este plano futuro de coopera??o", manifestou.

Ele complementou que "depois desta fase de elei??es, teremos um ambiente muito mais estável para a execu??o de projetos concretos entre a China e a América Latina".

Ele também mencionou que o Fórum China-CELAC precisa explorar "outras vias, como a seguran?a, que necessita de grandes avan?os; a parte de ciência e tecnologia; o setor da imprensa, no qual a China fez um grande esfor?o".

"A presen?a dos mídias chineses na América Latina melhorou significativamente, o que n?o ocorre à inversa, e os contatos interpessoais, entre empresários, estudantes, etc, dentro dos países membros, est?o sendo conduzidos pela China", apontou Menezes de Carvalho.