O já fracassado projeto brasileiro de criar uma empresa em parceria com a Ucrania para colocar foguetes em orbita irá passar por um novo capítulo: o Governo Federal pretende editar uma medida provisória para dissolver a companhia e reaver parte dos R$ 490 milh?es investidos na iniciativa.
Criada em 2006, a Alcantara Cyclone Space (ACS) pretendia utilizar o Centro de Lan?amento de Alcantara, no Maranh?o, para lan?ar satélites com o foguete espacial ucraniano Cyclone-4. O objetivo era inserir o país no mercado de lan?amentos comerciais de satélite. O Brasil seria o responsável pela constru??o de uma base de lan?amentos, enquanto os ucranianos desenvolveriam o foguete que levaria os satélites ao espa?o.
O foguete ucraniano, entretanto, nunca decolou e em 2015 as autoridades brasileiras saíram do acordo. Segundo o jornal O Globo, a iniciativa consumiu R$ 490 milh?es do Brasil e alguns credores que tomaram calote querem seu dinheiro — como o consórcio entre as empreiteiras Odebrecht e Camargo Corrêa.
"O relacionamento das nossas iniciativas e as iniciativas ucranianas nunca foi absolutamente tranquilo", afirmou o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB) José Raimundo Braga Coelho em entrevista à Sputnik Brasil. Ele também diz que o ACS falhou por n?o ter diálogo com o programa espacial nacional.
Ucrania está de olho na Austrália: 2a tentativa de construir base de lan?amento espacial
Coelho também diz que o projeto teve erros de cálculo e no planejamento. O presidente da AEB diz que quando foi percebido que os possíveis retornos n?o compensavam o investimento, o acordo foi dissolvido.
Quando da divulga??o de correspondência diplomática dos Estados Unidos pelo WikiLeaks, em 2011, foi tornado público que a Ucrania procurou os Estados Unidos para pedir que Washington expressasse publicamente interesse no lan?amento de satélites da base brasileira, o que poderia garantir sua viabilidade comercial.
Os diplomatas estadunidenses, todavia, condicionaram a parceria a n?o transferência de tecnologia para a fabrica??o de foguetes espaciais para o Brasil. Ou seja, caso o Brasil participasse apenas com a base de lan?amentos, mas n?o com foguetes. O pronunciamento público do interesse dos Estados Unidos nunca veio.
O presidente da AEB disse à Sputnik Brasil que o Centro de Lan?amento de Alcantara é "uma oportunidade para o mundo inteiro" e conta com "o melhor posicionamento do mundo" para "lan?amentos em orbitas equatoriais". Ele também afirmou que o foguete lan?ador de satélites do Brasil deve come?ar a ser testado em 2019.
Fonte: Sputniknews