Rio de Janeiro, 2 jun (Xinhua) -- O presidente da empresa estatal de petróleo brasileira Petrobras, Pedro Parente, apresentou nesta sexta-feira sua demiss?o, provocada pela greve dos caminhoneiros que obrigou à companhia a reduzir o pre?o do diesel, algo a que o executivo se opunha.

A demiss?o, anunciada ao mercado como "irrevogável" ocorreu no dia em que Parente completava exatos dois anos no cargo, que assumiu em 1o de junho de 2016, em uma das primeiras mudan?as realizadas pelo presidente Michel Temer assim que chegou ao poder devido ao impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff.

Parente se reuniu pela manh? com Temer para lhe comunicar pessoalmente a decis?o de caráter "irrevogável" e entregou uma carta na qual assegurou que a greve dos caminhoneiros e "suas graves consequências na vida do país" provocaram um debate "intenso e às vezes emocional" sobre as origens da crise e fizeram com que a política de pre?os da Petrobras sob sua gest?o fosse colocada "em dúvida".

Desde julho de 2017, o pre?o da gasolina e do diesel comercializados nas refinarias brasileiras aumentou em mais de 50% e os valores estavam sendo reajustados diariamente, em fun??o do mercado internacional e da cota??o do dólar, o que levou à paralisa??o dos caminhoneiros e provocou o caos no país, com desabastecimento de combustível, alimentos e remédios, atingindo todos os setores, por doze dias.

No inicio da greve, Parente disse que n?o modificaria a política de pre?os, mas acabou por anunciar um desconto de 10% no pre?o das refinarias por 15 dias, o que estava longe de atender às demandas dos caminhoneiros. Com o prosseguimento da paralisa??o, o governo acabou por se comprometer, domingo passado, a reduzir do pre?o do litro do diesel em 46 centavos de real (US$ 0,12) e a congelar o pre?o por 60 dias, entre outras medidas.

"Refleti muito sobre tudo que aconteceu. Está claro, senhor Presidente, que novas discuss?es ser?o necessárias", afirmou Parente na carta enviada a Temer. "Diante desse quadro, fica claro que minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a constru??o das alternativas que o governo tem pela frente", acrescentou.

Durante sua gest?o, Parente conseguiu que a Petrobras voltasse a ter números positivos em seu balan?o. Após chegar em 2017 ao quarto ano no vermelho, a empresa registrou no primeiro trimestre deste ano um lucro líquido de 6,96 bilh?es de reais (US$ 1,96 bilh?o de dólares), 56% a mais que no mesmo período do ano passado e o melhor resultado para um primeiro trimestre em cinco anos.

No final do dia, Temer anunciou o nome de Ivan Monteiro, atual diretor financeiro da Petrobras como presidente interino para ser validado pelo Conselho de Administra??o da Petrobras e aproveitou o pronunciamento para afirmar que "n?o haverá interferências" na política de pre?os da empresa.