S?o Paulo, 13 julho (Xinhua) -- A incerteza política em um ano eleitoral, juntamente com medidas protecionistas dos Estados Unidos, levaram o Brasil a rebaixar sua previs?o de crescimento para 2018, disseram economistas.
A queda nas expectativas segue um período inicial de seis meses, quando a moeda nacional perdeu quase 20% do seu valor em rela??o ao dólar, e a produ??o industrial caiu 10,9% em maio, após uma greve dos caminhoneiros ter paralisado a atividade econ?mica por grande parte do mês.
Analistas e economistas financeiros brasileiros est?o projetando um crescimento de 1,5% no produto interno bruto (PIB), metade da taxa original de 3% esperada para o início do ano.
"Existem vários fatores internos e externos. O externo é a bolha inflacionária que poderá estourar no próximo ano nos Estados Unidos, devido a medidas protecionistas que afetam diretamente o Brasil", disse Paulo Dutra, chefe de estudos econ?micos da Funda??o Armando álvares Penteado ( FAAP), em S?o Paulo.
O aumento da taxa de juros nos EUA e as altas tarifas sobre o a?o importado e o alumínio tiveram repercuss?es na maior economia da América Latina. "Nós notamos uma diminui??o no investimento direto", disse Dutra.
Ele disse que outro fator que inibe o crescimento tem sido a eros?o no apoio legislativo à reforma previdenciária defendida pelo presidente do Brasil, Michel Temer, devido a acusa??es de corrup??o contra ele.
"No final de 2017, o governo previu um crescimento de 3% para 2018, mas se pudermos verificar metade disso, será considerado um sucesso", disse Dutra.
A economia brasileira parecia pronta para um crescimento real após dois anos de recess?o em 2015 e 2016, seguido por um modesto crescimento de 1% em 2017, mas os efeitos em cascata da guerra comercial do presidente norte-americano, Donald Trump, est?o afetando as economias emergentes, disse ele.
"Aumentar a taxa de juros para evitar a press?o inflacionária nos Estados Unidos acabou colocando press?o sobre o real e outras moedas, tornando as importa??es mais caras e gerando infla??o em nossos países", disse Dutra.
Juliana Inhasz, economista da Funda??o Getúlio Vargas, também disse que o fracasso de Temer em implementar a reforma da previdência enfraqueceu a confian?a do mercado.
"A falta de apoio no Congresso para a reforma previdenciária levou o mercado a alterar suas expectativas sobre uma recupera??o económica sustentada", disse ela.
Além disso, o protecionismo da parte dos Estados Unidos, combinado com os baixos pre?os do petróleo, tornaram a situa??o econ?mica no Brasil "mais aguda", disse ela.
"Se houver uma guerra comercial, poderemos ver mais press?o sobre a desvaloriza??o do real", acrescentou ela.
Com a proximidade das elei??es presidenciais de 7 de outubro, espera-se que o mercado financeiro ressoe com os candidatos que prometem privatizar empresas estatais, disse ela.
"Temos candidatos que s?o contra privatizar empresas estatais e aumentar o déficit fiscal. Se isso continuar, isso pode tornar a situa??o econ?mica do Brasil muito mais difícil", disse Inhasz.
Joelson Sampaio, professor de economia da Funda??o Getúlio Vargas, em S?o Paulo, disse que o mercado "n?o é capaz de olhar para o futuro porque ainda n?o há um cenário claro para as elei??es - n?o sabemos o que vai acontecer".
Neste momento, os investidores que olham para o Brasil ainda vêem muitos pontos de interroga??o, disse ele.
"é um ano eleitoral e há uma crise política com um cenário externo e a taxa de juros dos EUA. Há um certo reinício do crescimento no setor empresarial, mas os investidores ainda vêem a economia brasileira com incerteza", disse Sampaio.