“A China é simultaneamente beneficiária e defensora do sistema de comércio internacional”, afirmou um economista do Fundo Monetário Internacional ao Diário do Povo, acrescentando que os esfor?os da China para manterem o sistema de comércio multilateral refletem uma estratégia de benefício mútuo.
O FMI, no seu mais recente relatório da situa??o da economia mundial, referiu que as recentes tarifas aplicadas pelos EUA e as suas políticas dever?o, com elevada probabilidade, escalar as tens?es comerciais e ter um efeito adverso na confian?a e no investimento.
A escalada dos conflitos comerciais a ter lugar após a aplica??o de tarifas estadunidenses amea?am descarrilar a recupera??o econ?mica e a abafar as perspetivas de crescimento de curto e médio prazo, segundo avisou o relatório.
Os oficiais do FMI ir?o monitorar de perto a situa??o, segundo Ding Ding, um economista do Departamento para a ásia e o Pacífico do FMI.
“Esperamos que os países relevantes se abstenham de usar medidas n?o-convencionais e levem a cabo uma coopera??o comercial, com base na abertura e num sistema multilateral regido por regras, por forma a dirimir tens?es comerciais”, afirmou.
O desenvolvimento do comércio internacional e do multilateralismo durante as últimas décadas tem beneficiado a maioria dos países, referiu Ding, destacando que a China, enquanto beneficiário, moveu esfor?os no sentido de manter a ordem multilateral, especialmente após se juntar à OMC em 2001.
O FMI concluiu no seu mais recente relatório que a tendência política que está à frente de vários riscos políticos, que se refletem da arena do comércio, tem as suas raízes em experiências de crescimento n?o-inclusivo e transforma??es estruturais de diversos países.
Tendo em conta estes desafios, a institui??o multilateral apelou aos países para resistirem a abordagens introspetivas, defenderem um sistema de comércio multilateral, intercederem por uma economia global mais equitativa e se dedicarem à estabilidade financeira.
Enquanto especialista que tem vindo a seguir e a estudar a economia chinesa por vários anos, Ding elogia os esfor?os que a China tem vindo a tomar para redirecionar o seu foco econ?mico do crescimento de alta velocidade para um crescimento de alta-qualidade.
Isto significa que a China n?o irá buscar mais de forma cega a velocidade e a quantidade, mas em vez disso procura um crescimento mais sustentável, inclusivo e verde, explicou.
Embora o crescimento econ?mico da China tenha abrandado nos últimos anos, a senda de desenvolvimento é ainda sólida, havendo ainda muita margem para crescimento, de acordo com o economista, que acrescentou que o contributo da China para o crescimento econ?mico global irá permanecer a um nível elevado, em cerca de 30%.
“O FMI aprecia o progresso que a China alcan?ou com as suas reformas econ?micas ao longo dos últimos anos”, disse Ding, citando exemplos de como a China reduziu efetivamente os seus riscos financeiros, a sua dependência no crédito para o crescimento econ?mico, e conseguiu projetos positivos a resolver problemas de excedente de produ??o e controlo da polui??o.
Em termos de regulamenta??o financeira, Ding descreveu o comité do Conselho de Estado, estabelecido no ano transato para supervisionar a estabilidade financeira e desenvolvimento como uma medida muito eficiente.
O investigador diz que “tanto a China como o resto do mundo beneficiaram” da reforma e abertura da China ao longo das últimas quatro décadas.
“O sucesso da China n?o tem precedentes e o seu desenvolvimento, de um dos países mais pobres do mundo para a segunda maior economia mundial, juntamente com o seu sucesso em tirar da pobreza mais de 700 milh?es de pessoas, é um acontecimento notável”, elaborou, acrescentando que a China se tornou também um motor da recupera??o econ?mica mundial, especialmente no período pós-crise de 2008.
Na sua opini?o, se a meta da China de eliminar a pobreza extrema até 2020 for cumprido, será outro marco significativo na história do desenvolvimento humano.
“No futuro, a China necessita acelerar o ritmo e melhorar o nível da sua abertura, a qual n?o é somente do interesse da China, mas irá garantir mais oportunidades ao resto do mundo”, frisou Ding, concluindo que a china está profundamente integrada no sistema internacional vigente gra?as à política de reforma e abertura.