Por Liu Long, correspondente da Xinhua
Beijing, 26 abr (Xinhua) -- Foi aberto nesta sexta-feira na capital chinesa o Segundo Fórum do Cintur?o e Rota para Coopera??o Internacional, atraindo líderes de Estado de quase 40 países e mais de 5 mil participantes estrangeiros de mais de 150 países e 90 organiza??es internacionais.
Proposta inicialmente pelo presidente chinês Xi Jinping em 2013, a influência da Iniciativa do Cintur?o e Rota tem sido ampliada gradualmente para os cinco continentes.
"O Cintur?o e Rota é a primeira grande iniciativa positiva no Século XXI, eu insisto isso", disse à Xinhua Evandro de Carvalho, professor de Direito Internacional da FGV Rio e coordenador do centro de estudos Brasil-China.
"O século foi iniciado sobre o signo do terrorismo. O tema da seguran?a dominou toda a agenda internacional e paralisou alguns organismos internacionais em torno de assuntos que fossem mais importantes para o desenvolvimento econ?mico e social dos povos. A proposta do Cintur?o e Rota oferece uma nova oportunidade de desenvolvimento para outras regi?es incluindo a América Latina", disse Carvalho.
Mesmo com uma separa??o geográfica distante, ao ver de Carvalho, n?o é absurdo falar sobre o Cintur?o e Rota para a América Latina uma vez que a China já é o primeiro ou segundo maior parceiro comercial de muitos países da regi?o. Essa realidade tem incluído, na prática, a regi?o latino-americana dentro do projeto do Cintur?o e Rota.
Segundo os dados do Centro de Estudos Brasileiros do Instituto da América Latina subordinado à Academia Chinesa de Ciências Sociais, o volume comercial bilateral entre a China e o Brasil totalizou US$ 111,18 bilh?es em 2018. E as estatísticas oficiais do Brasil indicam que entre 2003 e 2018, o investimento chinês no Brasil chegou a cerca de US$ 69,2 bilh?es.
"Os maiores desafios econ?micos dos tempos atuais s?o a elimina??o da pobreza, a redu??o nos níveis de desigualdade de renda e a promo??o do crescimento sustentável e sustentado", indicou Jorge Arbache, vice-presidente do setor privado do Banco de Desenvolvimento da América Latina-CAF, no seu discurso feito num evento temático paralelo ao fórum.
"Esses desafios exigem esfor?os conjuntos e coordenados entre países, e claro, n?o é uma tarefa fácil. O Cintur?o e Rota pode ser considerado como uma iniciativa importante nessa dire??o", disse Arbache.
Segundo ele, a Iniciativa do Cintur?o e Rota cria novas oportunidades na área de investimento em infraestrutura e na importa??o e exporta??o para muitos países. Ambos criam mais e melhores oportunidades para o crescimento econ?mico, isso contribui com o alívio da pobreza.
Atualmente, a China é o maior parceiro comercial, o maior destino de exporta??o e a maior origem de importa??o do Brasil. As exporta??es brasileiras para a China correspondem a 27,9% do total, e 19,6% do total das importa??es do país vêm da China.
"A iniciativa chinesa se foca em infraestrutura, na integra??o financeira, e através dessas constru??es reais no mar, na terra, ferrovias, estradas, tecnologia de comunica??o, por exemplo, você favorece a integra??o dos povos, e eles se beneficiam de verdade", afirmou Carvalho.
"Muitos projetos de infraestrutura em planejamento pelo governo brasileiro est?o orientados para a exporta??o do agronegócio, que é muito importante para economia brasileira. Isso combina muito bem com o Cintur?o e Rota. O investimento em infraestrutura ajudará a exporta??o dos produtos agrícolas brasileiros e promoverá o crescimento econ?mico local. Ao mesmo tempo, a melhora em infraestrutura também reduzirá o custo de transa??o para o comércio externo do Brasil. Será certamente favorável para ambos os lados no longo prazo", disse Hsia Hua Sheng, professor da FGV EAESP.
Segundo Hsia, o Cintur?o e Rota n?o somente beneficiará a América Latina, mas também facilitará o intercambio e o desenvolvimento através do mundo. "Mas se a iniciativa quiser durar por mais tempo, os outros países precisam aumentar seus próprios investimentos, em vez de depender de fundos chineses", acrescentou ele.
"A globaliza??o tornou-se um tema muito debatido desde os anos 1980. Mas essa globaliza??o do ocidente implicava mais na uniformiza??o dos valores, dos gostos, do consumo, em outras palavras, era em verdade uma ocidentaliza??o do mundo. Mas o Cintur?o e Rota, que tem rela??o com o conceito de Xi Jinping sobre o futuro compartilhado pela humanidade, é uma vers?o diferente da globaliza??o ocidental", disse Carvalho.
"A globaliza??o da China respeita as diferen?as, respeita as soberanias. Isso significa que você n?o precisa adotar o modelo chinês de governan?a, n?o precisa adotar o modo chinês de pensar. Você pode ser o que você é. Isso é diferente do ocidente e promove o diálogo intercultural", explicou Carvalho.
"A iniciativa deve contar com a colabora??o de todos os países participantes para promover de forma sustentável o projeto do Cintur?o e Rota", afirmou Hsia.