Por Qi Yue, correspondente da Xinhua
(Foto:Lu Yang/Diário do Povo Online)
Macau, 5 dez (Xinhua) -- "Macau sempre funcionou como um elo de liga??o entre Portugal e a China e como uma porta de entrada no Oriente. Nesta medida, Macau assume um papel de catalisador nas rela??es bilaterais nos mais diversos domínios, desde o político ao comercial, do cultural ao da educa??o", afirmou Paulo Cunha Alves, c?nsul-geral de Portugal em Macau, ao conceder uma entrevista exclusiva à Xinhua.
Macau e os países de língua portuguesa têm séculos de estreitas rela??es históricas e culturais e a regi?o tem um sistema oficial de bilinguismo em chinês e português, dando assim para a regi?o uma vantagem espetacular em ligar a China e os países de língua portuguesa.
O Fórum para a Coopera??o Econ?mica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), conhecido como "Fórum de Macau", foi criado em outubro de 2003 na Regi?o Administrativa Especial de Macau (RAEM), e tem como objetivo a consolida??o do intercambio econ?mico e comercial entre a China e os países de língua portuguesa.
"As principais vantagens que Macau tem têm a ver com a concentra??o de esfor?os e meios numa plataforma única que é o Fórum de Macau", apontou o c?nsul-geral, acrescentando que este papel de Macau como plataforma de liga??o entre a China e os países de língua portuguesa designado pelo governo chinês atribui à regi?o uma importancia especial pela sua singularidade no contexto mundial.
Para Alves, independentemente do desenvolvimento da rela??o bilateral da China com cada um dos países que integram o fórum, Macau pode assumir um papel de coordena??o através do qual s?o desenvolvidos projetos de coopera??o multilaterais, aproveitando as vantagens de cada um dos membros.
Ele deu como exemplo um projeto de coopera??o com Cabo Verde, no qual Portugal participa como elementos técnicos e a China com meios de financiamento ao abrigo do Fundo de Coopera??o e Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
Em 2018, o comércio bilateral entre a China e os países de língua portuguesa atingiu US$ 147,35 bilh?es, um aumento de 25,31% em rela??o ao ano anterior, dos quais a China importou US$105,51 bilh?es dos países lusófonos, um aumento de 30,24% em termos anuais, enquanto o valor total de comércio entre Macau e os países de língua portuguesa registrou um salto anual de 25%, de acordo com as estatísticas oficiais.
"Apoiamos junto com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal as empresas portuguesas que querem vir para Macau fazer negócios ou investir, assim como apoiamos as empresas de Macau e da parte continental da China que est?o aqui, que pedem informa??es sobre como investir em Portugal e quais s?o as áreas prioritárias", explicou Alves.
Ele também expressou a esperan?a de ver mais a??es de forma??o e treino que têm lugar em Macau e também nas capitais dos países lusófonos, e visitas de promo??o da coopera??o econ?mica e comercial entre os membros do fórum e as diversas províncias chinesas.
"As rela??es entre Portugal e a China est?o num ponto alto", destacou Alves, adiantando que as rela??es s?o muito positivas com frutos nos mais variados domínios do relacionamento bilateral.
"Ainda há muitas coisas para fazer para estreitar a coopera??o entre Portugal e RAEM", salientou. Entre as áreas potenciais e emergentes, Alves destacou a de finan?as, turismo, cultura e intercambio interpessoal.
"O intercambio interpessoal é uma área que damos muita aten??o. Macau está construindo uma Base de Forma??o de Talentos Bilíngues Chinês e Português, apoiaremos os contatos entre as universidades da RAEM e de Portugal, de modo que haja n?o só estudantes de Macau a irem para Portugal para aprofundar os conhecimentos do português, mas também estudar outra matérias", disse.
Na área de medicina chinesa, as escolas de medicina da Universidade de Lisboa e da Universidade do Porto e da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau assinaram um memorando de entendimento este ano. Elas realizar?o uma coopera??o profunda em pesquisa científica, atividades acadêmicas, treinamento de talentos e visitas mútuas, além de dar aulas on-line, informou Alves.
Em rela??o ao turismo, ele disse que há uma boa colabora??o entre o Instituto de Forma??o Turística de Macau e as entidades homólogas portuguesas, salientando que é fundamental n?o apenas criar profissionais neste domínio, como também promover um maior fluxo de turismo entre Portugal e a RAEM.
No ano que marca o 20o aniversário do retorno de Macau à pátria, Alves disse que o governo português tem acompanhado de perto o desenvolvimento no terreno e observa que o princípio "um país, dois sistemas" tem sido bem aplicado em Macau e gerou bons resultados.
"A fus?o da cultura portuguesa e chinesa faz com que nas?a aqui uma sociedade multicultural, com arquitetura e gastronomia próprias de Macau, e dando para a regi?o um charme especial", destacou Alves.
Nos últimos 20 anos, Macau alcan?ou um desenvolvimento notável nos mais diversos domínios, do econ?mico ao social, do cultural ao institucional, com melhoria do nível de vida dos residentes, observou Alves, acrescentando que a participa??o de Macau na Iniciativa do Cintur?o e Rota, e sua integra??o no projeto da Grande área da Baía Guangdong-Hong Kong-Macau trar?o à regi?o inúmeras oportunidades e diversifica??o de sua economia, bem como benefícios recíprocos para todas as partes.