Em frente a uma mercearia nos arredores de Beijing, várias pessoas idosas - todas usando máscaras – fazem fila, espiando seus telefones.
N?o há grandes descontos e eles n?o est?o esperando para obter os mais novos produtos de alta tecnologia. Mas até que eles mostrem aos funcionários da loja seus "códigos de saúde", eles n?o podem fazer suas compras.
Para aqueles com mais de 60 anos, n?o é uma tarefa simples. Alguns n?o conseguem localizar o aplicativo móvel, outros simplesmente n?o possuem um smartphone capaz de escanear o código QR necessário para fazer o download.
Na luta global contra o novo coronavírus mortal, a China está empregando a mais recente tecnologia para determinar os contatos próximos das pessoas infectadas e reduzir a propaga??o. Mas parece que nem todo mundo é facilmente incluído.
“Código de saúde” da China
Baseando-se em tecnologia móvel e big data, as autoridades chinesas introduziram em fevereiro um sistema de "código de saúde" baseado em cores - produzido pela Ant Financial, empresa de fintech de propriedade do tit? de comércio eletr?nico Alibaba - para detectar possíveis contatos com casos confirmados de COVID-19.
Um simples clique em um aplicativo móvel gera automaticamente códigos de resposta coloridos, em verde, amarelo e vermelho - cada um indicando o status de saúde da pessoa nas últimas 24 horas.
"Em vez de preencher os formulários de relatório de saúde, os moradores agora podem mostrar os códigos nos pontos de verifica??o da comunidade ou da via expressa", observou a Agência de Notícias oficial da China, Xinhua, ao se referir ao servi?o.
O aplicativo está disponível como um mini programa via WeChat e Alipay, o principal aplicativo de mensagens instantaneas da China e a principal plataforma de pagamento on-line, respectivamente, uma vez que as autoridades autorizaram um retorno gradual ao trabalho em mar?o.
Desde ent?o, a Covid-19 está amplamente sob controle em todo o país, com cidades e províncias revertendo cuidadosamente suas medidas de bloqueio.
E para ajudar a conter novos surtos, os "códigos de saúde" agora fazem parte da vida cotidiana. Nos cafés, hotéis, shoppings e até na compra de passagens de trem ou avi?o, as pessoas só podem prosseguir se o código estiver verde.
N?o tenho um smartphone
Dados oficiais do governo revelam que, em 25 de junho, havia mais de 29 milh?es de inscri??es no aplicativo de código de saúde somente em Beijing. Isso representa cerca de 134% da popula??o oficial da cidade.
No entanto, embora o servi?o seja conveniente para muitas pessoas, algumas outras, incluindo idosos e crian?as pequenas, foram excluídas.
"Por favor, ajude-me. Realmente n?o sei como o código funciona. Nem sei o que está acontecendo", implorou uma pessoa idosa do lado de fora de uma mercearia, reportou o Beijing Daily.
Preocupa??es semelhantes foram expressas online, pois os usuários se preocupavam com seus parentes.
"Minha m?e também, com seu telefone patético. O melhor que ela pode fazer é atender chamadas telef?nicas", dizia um comentário no Weibo, plataforma de microblog da China semelhante ao Twitter.
Ferramenta de vigilancia em massa?
Quest?es de privacidade sobre o servi?o também foram levantadas, com algumas críticas à necessidade de entregar dados e questionamentos quanto a seguran?a das informa??es liberadas.
Um funcionário de Beijing insistiu que a coleta de dados pelo aplicativo é somente para fins de controle da pandemia. "Após 24 horas, o banco de dados expirará automaticamente. Estamos automatizando o processo de prote??o de informa??es", disse Pan Feng, vice-diretor da Comiss?o Municipal de Economia e Tecnologia da Informa??o de Beijing, em entrevista coletiva em mar?o.
"Estamos minimizando o processo de coleta de dados e (protegendo) a privacidade".