Mais de 50 empresas e organiza??es de tecnologia, incluindo Apple, Amazon, Microsoft e Facebook, entraram com um pedido de amicus na segunda-feira em apoio a a??es judiciais contra a suspens?o de vistos de trabalho pelo governo Trump.

“A suspens?o do presidente dos programas de visto de n?o-imigrante, supostamente para 'proteger' os trabalhadores americanos, na verdade prejudica esses trabalhadores, seus empregadores e a economia”, argumentaram as empresas no pedido.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu uma proclama??o em abril suspendendo a entrada de quase todos os imigrantes nos Estados Unidos devido à alta taxa de desemprego. Ele emitiu outra proclama??o em junho, estendendo a ordem de abril até o final deste ano e ampliando-a com novas restri??es numa variedade de vistos de trabalho.

A proclama??o de junho tem como alvo os vistos H-1B para trabalhadores altamente qualificados, vistos H-2B para trabalhadores convidados, vistos J para estagiário e vistos L para transferência entre companhias. Trump afirmou que a medida vai liberar meio milh?o de empregos para trabalhadores americanos deslocados pela pandemia do novo coronavírus.

Um conjunto diversificado de partidos, incluindo a Camara de Comércio dos EUA, a Associa??o Nacional de Fabricantes e a Federa??o Nacional de Varejo, entraram com a??es judiciais nos tribunais federais da Califórnia e de Washington para contestar as ordens do presidente.

Vinte e dois estados e o Distrito de Colúmbia entraram com um pedido amicus (amigo do tribunal) em apoio aos processos em 7 de agosto, alertando que a proibi??o do visto poderia resultar em consequências econ?micas.

Essas empresas de tecnologia juntaram-se aos esfor?os, argumentando em seu comunicado que a "suspens?o indiscriminada desses programas cruciais de vistos de n?o-imigrantes n?o promove os interesses dos Estados Unidos".

Especificamente, as proclama??es "v?o sufocar a inova??o, impedir o crescimento e, por fim, prejudicar os trabalhadores, as empresas e a economia dos Estados Unidos de maneira irreparável", de acordo com o comunicado.

Julie Pearl, CEO do Pearl Law Group em San Francisco, e membro da Alliance of Business Immigration Lawyers, destacou que "as ordens presidenciais unilaterais sufocar?o a recupera??o econ?mica e o crescimento, além de violar a Constitui??o e os Atos de Imigra??o e Nacionalidade e de Procedimento Administrativo ". Ela afirmou que essa é a raz?o pela qual seu grupo se inscreveu para apoiar litígios contra as ordens.

"A justificativa para essa ordem mesquinha é o mito de que esse fluxo de pessoas tira empregos dos americanos. Essa fic??o foi refutada em vários estudos", disse Pearl. "Na verdade, enquanto novos dados do Servi?o de Imigra??o e Cidadania dos EUAS (USCIS, na sigla em inglês) mostra que os portadores de visto H-1B s?o de menos de 0,5% dos trabalhadores em tempo integral nos EUA, sendo talvez um grande motor para a cria??o de empregos e recupera??o econ?mica.

“Uma pesquisa do Conselho Americano de Imigra??o mostrou que 1,3 milh?o de novos empregos e aproximadamente US $ 158 bilh?es em PIB poderiam ser criados até 2045 se simplesmente aumentarmos os vistos H-1B”, afirmou ela.

Um estudo do conselho descobriu que mais 231.224 empregos teriam sido criados para trabalhadores nascidos nos Estados Unidos num período de apenas dois anos, aumentando o número de vistos H-1B de seu limite atual de 85.000 por ano para atender à demanda do mercado.

"A raz?o é simples: trabalhadores nascidos no exterior têm um impacto descomunal na inova??o dos EUA, com 30% das patentes registradas por imigrantes. Mais de 50% das patentes americanas agora v?o para empresas estrangeiras despertando mais mentes geniais para o exterior, o que aumentará esse número - junto com os empregos que poderiam ser criados nos Estados Unidos ", disse Pearl, citando os dados do Departamento de Marcas e Patentes dos EUA.

Pouco depois de Trump assinar a proclama??o em junho, empresas de tecnologia como Apple e Google se opuseram à medida.

"Os imigrantes n?o só fomentaram avan?os tecnológicos e geraram novos negócios e empregos, mas também enriqueceram a vida dos americanos", disse o porta-voz do Google, Jose Castaneda, em junho. "O sucesso contínuo da América depende de as empresas terem acesso aos melhores talentos do mundo. Principalmente agora, precisamos desse talento para ajudar a contribuir para a recupera??o econ?mica da América."

O CEO da Apple, Tim Cook, disse estar "profundamente desapontado" com a proibi??o dos trabalhadores convidados. "Como a Apple, esta na??o de imigrantes sempre encontrou for?a em nossa diversidade e esperan?a na promessa duradoura do sonho americano", disse Cook no Twitter em junho.