O fumo criado pela explos?o em Beirute na semana passada terminou, mas as consequências da tragédia assolam ainda o país, face às manifesta??es massivas alimentadas pela ira em torno da corrup??o e do destino de 300,000 residentes desalojados depois do desastre.
O primeiro-ministro libanês e os membros do seu governo anunciaram a demiss?o na segunda-feira perante o descontentamento da popula??o, que acorreu à rua aos milhares, culpando a negligência e corrup??o governamentais pela explos?o, apelando a uma revolu??o.
No entanto, n?o é certo que o afastamento do governo possa satisfazer uma popula??o furiosa e que a situa??o se possa traduzir em reformas conclusivas para o sistema político do país, segundo analistas.
Vários edifícios governamentais, incluindo o Ministério das Rela??es Exteriores foram ocupados pelos manifestantes e Beirute enfrenta uma escassez aguda de bens de primeira necessidade, segundo Wang Ke, diretor-geral da Funda??o de Bem-estar Público Pinglan, ao jornal Global Times na ter?a-feira.
“O panico da popula??o aquando da explos?o tornou-se fúria. A explos?o, alimentada pelos problemas econ?micos e sociais de longa data, levou a uma express?o de indigna??o pública”, explica.
O fundo Pinglan está levando a cabo um plano de renova??o em Beirute para ajudar 30 famílias pobres a reconstruir suas casas danificadas pelo impacto, um processo que deverá levar 2 meses e custar mais de $26,000.
A explos?o catastrófica de 4 de agosto levou a pelo menos 158 mortes, mais de 6,000 feridos e 300,000 desalojados. Cerca de 21 est?o ainda desaparecidos, de acordo com relatos da imprensa.
“Aqui vemos n?o só a dor causada pelo desastre, mas clivagens entre diferentes etnias e grupos sociais”, disse Wang.
O governo do Líbano anunciou que a explos?o foi causada por mais de 2,000 toneladas de nitrato de amónio armazenadas em um armazem local desde 2014. Porém o presidente Donald Trump continua a sugerir que poderá ter sido um ataque propositado.
“A prioridade máxima agora é assegurar a vida das pessoas e estabilizar a sociedade. O governo libanês n?o deve ser comprometido por vozes externas que procuram politizar a quest?o”, avisou Zhu Weilie, o diretor do Instituto de Estudos do Médio Oriente da Universidade de Estudos Internacionais de Shanghai.
O Líbano é afetado por disputas religiosas há décadas, e esteve envolvido em guerras civis por 15 anos entre 1975 e 1990. “O país n?o aguentava mais guerra”, disse Zhu ao Global Times na ter?a-feira.
De acordo com o 2020 World Economic Outlook divulgado pelo Fundo Monetário Internacional em abril, o produto interno bruto do Líbano vai contrair 12 por cento em 2020, supostamente a maior contra??o desde o fim da guerra civil de 15 anos do país.
Wang disse que o fundo Pinglan está trabalhando com voluntários locais para ajudar as vítimas da explos?o. "O que podemos fazer é limitado, mas o suficiente para expressar nosso sentimento pelo povo de Beirute", disse ele.
A unidade médica das for?as de paz chinesas no Líbano também disse que forneceria ajuda médica a Beirute após as explos?es mortais no porto da capital libanesa após a explos?o.