A redu??o da pobreza na China demonstra o êxito de seu sistema político e a importancia da continuidade das políticas estatais, o que deve servir de exemplo aos esfor?os para a luta contra a pobreza e para a inclus?o social na América Latina, avaliou o especialista brasileiro Evandro Menezes de Carvalho, professor de Direito Internacional da Funda??o Getulio Vargas (FGV).
Em em entrevista à Xinhua via e-mail, Menezes de Carvalho ressaltou que um bom governo se caracteriza por sua capacidade de promover a justi?a social, o que, por sua vez, tem como condi??o o fim da pobreza.
"Este é o critério mais alto de bom governo. Portanto, a redu??o da pobreza na China demonstra o êxito de seu sistema político. Este é um fato indiscutível", afirmou.
"O aspecto central desse êxito é que o governo da China, devido às características institucionais do país, mantém certas políticas estatais que foram aplicadas desde pelo menos o come?o da política de reforma e abertura. N?o há descontinuidades como se vê frequentemente nas democracias ocidentais", assinalou.
"Além disso, ao contrário do que acreditam as prescri??es liberais, a redu??o da pobreza tem um efeito positivo imediato na economia nacional ao incluir mais pessoas no mercado", acrescentou.
Durante sete anos consecutivos, a China tirou da pobreza mais de 10 milh?es de pessoas anualmente. Mais de 93 milh?es de habitantes das zonas rurais do país saíram da pobreza absoluta entre 2013 e 2019.
A China fixou a meta de eliminar a pobreza absoluta em 2020 e completar a constru??o de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos.
Apesar do impacto adverso causado pela COVID-19, a China seguiu adiante este ano com os esfor?os para lutar contra a pobreza.
O acadêmico brasileiro destacou que essa política n?o se limita à dimens?o econ?mica, posto que, além disso, se adota uma série de medidas para melhorar as condi??es de vida dessas pessoas através da melhora da infraestrutura das cidades e das regi?es em que vivem, e outras iniciativas nas esferas de saúde e educa??o.
"A redu??o da pobreza na China é acompanhada por um aumento da classe média do país. A China tem um crescente mercado de consumidores ansiosos por novos e melhores produtos. Nesse sentido, a China tende a importar mais produtos estrangeiros e também é um mercado promissor para as empresas estrangeiras que quiserem investir", acrescentou.
O aumento da infraestrutura do país era a condi??o para promover o desenvolvimento econ?mico em várias regi?es do país.
"A conex?o através de rodovias, ferrovias, tecnologia, etc, criou um dinamismo econ?mico que gerou novas oportunidades para as pessoas. Além disso, o investimento do governo chinês na educa??o do povo e na saúde, lhes deu condi??es para entrar no mercado como uma for?a de trabalho melhor adaptada aos novos tempos", explicou.
N?o se lutou apenas contra a pobreza material, mas também contra a pobreza cultural e a precariedade do bem estar pessoal.
"O atual governo de Xi Jinping tem desempenhado um papel decisivo na obten??o desse objetivo de erradica??o da pobreza e, por isso, será um marco na história do país", afirmou.
Para Menezes de Carvalho, n?o há dúvida de que as experiências da China em matéria de redu??o da pobreza podem contribuir para os esfor?os para combater a pobreza na América Latina.
Apesar das diferentes características de cada país, sempre há li??es úteis para aprender de cada experiência bem sucedida, destacou o professor da FGV.
"O Brasil já teve uma política de erradica??o da pobreza muito eficiente durante os governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula. O governo Lula conseguiu tirar o Brasil do mapa da fome da ONU. Hoje, desgra?adamente, corre perigo de voltar", lamentou.
A abertura às experiências de luta contra a pobreza realizada em outros países e, inclusive, em governos anteriores exige uma disposi??o ao diálogo e é necessário que os governos da América Latina apliquem políticas de inclus?o social mais amplas.
"Os problemas sociais da regi?o n?o se limitam aos relacionados com a pobreza, por exemplo, porque também abrangem o tráfico de drogas e o controle de zonas por parte das milícias paraestatais nas zonas pobres desses países. Esta é uma realidade que a China, felizmente, n?o conhece", concluiu.