Zhang Kuihong, de 79 anos, ainda se lembra do dia em que a primeira via expressa da China foi aberta ao tráfego, há mais de três décadas.
"O tempo estava muito bom. Sentado em um helicóptero, vi a estrada refletindo a luz do sol, como um drag?o dourado agachado na terra", disse Zhang, engenheiro-chefe adjunto da via expressa de Shanghai-Jiading.
"Naquela época, os carros só podiam circular a 80 quil?metros por hora, e a indústria automotiva da China era subdesenvolvida", disse. "Alguns especialistas achavam que construir uma via expressa com um limite de velocidade de 120 km/h era inútil. Portanto, a via expressa Shanghai-Jiading foi lan?ada como um programa piloto.
Em 1988, a estrada de 15,9 km que liga Shanghai à cidade satélite de Jiading foi concluída, um marco no desenvolvimento de vias expressas na China.
Três décadas depois, a rede de vias expressas do país se estende por 160.000 km, ocupando o primeiro lugar no mundo.
Com o crescimento das vias expressas, o desenvolvimento da indústria automobilística na China entrou também numa profunda acelera??o.
Na década de 1980, a China era ainda considerada o "reino das bicicletas". Mas agora está se tornando um "reino sobre quatro rodas". O país é o maior produtor de automóveis do mundo desde 2009 e, no ano passado, tinha 281 milh?es de automóveis em circula??o e 418 milh?es de motoristas licenciados, de acordo com o Ministério da Seguran?a Pública.
A via expressa piloto que come?ou em Shanghai, em 1988, agora se estende por 1.960 km na dire??o oeste até Chengdu, na província de Sichuan.
Conhecida como a via expressa G42 Shanghai-Chengdu, ela se expande paralelamente ao rio Yangtze e serve de artéria de transporte para as cadeias industriais ao longo do cintur?o econ?mico do rio Yangtze.
Cheng Changchun, reitor do Instituto de Pesquisa Econ?mica do Rio Yangtze de Jiangsu, disse que a via expressa G42 conecta três motores econ?micos - o aglomerado da cidade de Chengdu-Chongqing no curso superior do rio Yangtze, o aglomerado de cidades ao redor de Wuhan, província de Hubei, e a regi?o da foz do rio Yangtze.
“A via expressa rápida associada ao transporte fluvial barato impulsionou a integra??o das cadeias industriais”, disse. "O transporte conveniente entre as cidades ao longo do Yangtze desempenha um papel vital em seu desenvolvimento econ?mico".
Todos os dias, milhares de toneladas de chapas de a?o para carros s?o produzidas nas fábricas da Wuhan Iron and Steel Corp em Wuhan e depois transportadas por caminh?es, trens e navios para diferentes fabricantes de automóveis em todo o país.
Yang Rui, engenheiro-chefe da fábrica de a?o laminado a frio da empresa, disse que o boom da indústria automobilística nacional no início dos anos 2000 estimulou a empresa a produzir chapas de a?o de alta qualidade, e a fábrica foi construída em 2005.
"Nos últimos 15 anos, fizemos um progresso contínuo e agora nosso a?o é usado para fazer mais de 3 milh?es de carros todos os anos", disse Yang. "A localiza??o de Wuhan, o eixo de transporte hidroviário, rodoviário e ferroviário, facilitou muito a venda de nosso a?o em todo o país".
Parte do a?o é transportado para a linha de montagem na fábrica da FAW-Volkswagen Automotive em Chengdu, onde um carro Jetta recém-montado sai da linha a cada 58 segundos.
Gabriel Gonzalez, gerente de produ??o sênior da FAW-Volkswagen Automotive, passou mais de 24 anos na indústria automotiva no México, Europa e Estados Unidos e agora supervisiona a produ??o na fábrica do Jetta em Chengdu.
"Tive de aprender muitas coisas com os chineses", disse Gonzalez, que chegou à China há dois anos e meio. "Tudo está no telefone celular. Tudo é digital aqui na China... No momento, a China está em uma posi??o muito boa na indústria automotiva."
Aproveitando a onda da dire??o aut?noma e da eletrifica??o dos carros, a China tornou-se n?o apenas fabricante e consumidora de automóveis, mas também designer e exportadora.
Li Jirong, vice-diretor do escritório de estatísticas da Alfandega de Shanghai, disse que as exporta??es de automóveis dos portos de Shanghai aumentaram de 54.000 unidades em 2016 para 205.000 unidades no ano passado, e muitos eram carros elétricos de marcas nacionais.
"No ano passado, os carros fabricados na China foram exportados para 128 países e regi?es", disse Li. "Eles n?o foram vendidos apenas para países em desenvolvimento, muitos foram exportados para economias desenvolvidas como a Uni?o Europeia, Austrália e Estados Unidos".
"Os números falam por si. Estou orgulhoso de ter testemunhado o crescimento da indústria automobilística da China e espero que em um futuro próximo haja mais carros fabricados na China circulando nas estradas de todo o mundo".