A preven??o de conflitos requer o fechamento das lacunas de desenvolvimento, a redu??o da desigualdade e a oferta de esperan?a às pessoas ao redor do mundo, disseram altos funcionários da ONU na ter?a-feira em reuni?o do Conselho de Seguran?a.
"A história mostra que os conflitos n?o surgem do nada, nem s?o inevitáveis", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Esses problemas s?o causados ??pela falta de acesso a servi?os básicos e produtos básicos de vida, como alimentos, água e cuidados de saúde ou por lacunas nos sistemas de seguran?a, leis e governo.
Os conflitos também podem ser desencadeados por lacunas na confian?a pública, tanto nas institui??es como entre si, acrescentou ele.
"Essas lacunas s?o potenciais pontos de igni??o para a violência e até mesmo para conflitos", enfatizou o chefe da ONU.
A solu??o significa n?o apenas dissipar as tens?es por meio do diálogo, mas também garantir que nenhuma m?e seja for?ada a n?o ter uma refei??o para alimentar seus filhos. Fechar as lacunas de desenvolvimento e dar esperan?a às pessoas pode ajudar a estabilizar as sociedades e reduzir as desigualdades que alimentam os conflitos.
O chefe da ONU observou que, por 76 anos, a ONU forneceu uma plataforma para o diálogo, bem como ferramentas e mecanismos necessários para a solu??o pacífica de controvérsias.
Citando a dimens?o judicial da preven??o, fornecida pelo Tribunal Internacional de Justi?a com sede em Haia, bem como o trabalho do Conselho Econ?mico e Social para promover o desenvolvimento sustentável, ele também lembrou seus próprios apelos para um aumento na diplomacia e nos esfor?os de preven??o de conflitos.
Esses esfor?os incluíram a revis?o de todas as ferramentas que comp?em a arquitetura de paz da ONU, uma melhor integra??o da preven??o e gest?o de risco e mais inova??o e previs?o.
Além disso, as crescentes parcerias da Organiza??o das Na??es Unidas com grupos regionais e sub-regionais, incluindo a Uni?o Africana, proporcionam um conhecimento aprofundado da dinamica no terreno.
O principal funcionário da ONU destacou o relatório Nossa Agenda Comum, que faz uma abordagem holística da seguran?a global e prop?e um novo contrato social.
Abdulla Shahid, presidente da 76a sess?o da Assembleia Geral das Na??es Unidas, disse que ao longo das décadas a ONU aprendeu mais sobre a liga??o entre fatores socioecon?micos e conflito.
Entre os desafios emergentes mais críticos do século 21, ele citou a pandemia de COVID-19, que exacerbou as lutas socioecon?micas e a desigualdade; a crise climática, que amea?ava o deslocamento; e institui??es ineficazes que deixaram as pessoas sem esperan?a.
Enquanto isso, a ausência de participa??o democrática, liberdades políticas e igualdade priva popula??es inteiras de seus direitos humanos.
Embora a seguran?a global sempre caiba no Conselho de Seguran?a, ele afirmou que pode ser complementada pelos esfor?os da Assembleia e do Conselho Econ?mico e Social (ECOSOC) para construir comunidades mais resistentes e prósperas.
O presidente do ECOSOC, Collen V. Kelapile, lembrou que o mandato do órg?o é promover o avan?o econ?mico e social de todos os povos, proteger os direitos humanos e supervisionar o desenvolvimento da ONU e os sistemas humanitários, estabelecendo vínculos com a preven??o de conflitos.
O sofrimento continua na regi?o do Sahel na áfrica "por causa da falha em apreciar a intera??o complexa da sobrevivência humana, em um ambiente muito frágil e culturalmente diverso", disse ele.
E a pobreza extrema no Sud?o do Sul está enraizada em mais de 50 anos de conflito, enquanto os vastos desafios do Haiti derivam da desigualdade histórica e estrutural, déficits de governo e vulnerabilidade às mudan?as climáticas.
No entanto, apesar dos mandatos interligados da ONU para lidar com essas crises, as intera??es entre eles permaneceram esporádicas para estas finalidades.
"Os desafios complexos de hoje exigem colabora??o mais institucionalizada", ressaltou Kelapile.
Joan E. Donoghue, presidente do Tribunal Internacional de Justi?a, também falou ao conselho sobre como o órg?o pode contribuir para a preven??o de conflitos.
Segundo ela, o tribunal pode ser usado para acalmar tens?es sobre recursos, fronteiras terrestres ou aquáticas ou outras fontes de conflito potencial.
Ela explicou que, embora as circunstancias e os requisitos de cada caso variem, todos os principais órg?os da ONU têm a oportunidade, dentro de suas respectivas atribui??es, de ajudar a implementar as decis?es do tribunal e contribuir para a promo??o da paz, seguran?a e justi?a.
"O próprio tribunal está pronto para receber quaisquer pedidos de pareceres consultivos que órg?os relevantes da ONU e agências especializadas possam fazer", destacou ela.