Um mapeamento in situ, ou seja, no local, feito com um radar capaz de analisar o solo abaixo da superfície marciana revelou que uma bacia no planeta vermelho apresenta várias camadas subterraneas, rasas e secas.
Os resultados publicados nesta segunda-feira na revista Nature s?o baseados em pesquisas do radar de penetra??o do solo na estrutura de subsuperfície de uma área marginal ao sul da bacia conhecida como Utopia Planitia. Estas pesquisas foram conduzidas pelo rover chinês Zhurong, da miss?o Tianwen-1.
Acredita-se que a bacia onde Zhurong desembarcou tenha abrigado um antigo oceano. Mas nenhum resultado de detec??o terrestre é relatado desde a miss?o Viking-2, da NASA, há 45 anos.
Um grupo de pesquisa da Academia Chinesa de Ciências construiu um perfil detalhado a partir de imagens em alta resolu??o da subsuperfície usando dados enviados pelo Zhurong. As imagens foram coletadas ao longo de uma travessia de aproximadamente 1.171 metros percorridos em 113 dias marcianos, varrendo até cerca de 80 metros abaixo da superfície marciana.
Os pesquisadores n?o encontraram evidências diretas da existência de água líquida dentro da faixa de profundidade de detec??o do radar.
Além disso, uma simula??o térmica sugeriu que o solo marciano a 100 metros de profundidade n?o poderia conter de forma estável água líquida, nem salmouras de sulfato ou carbonato, embora a presen?a de gelo salino n?o possa ser descartada, de acordo com o estudo.
O estudo mostrou que a subsuperfície rasa no local de pouso de Zhurong é multicamada. A primeira camada, n?o mais espessa que 10 metros, é interpretada como o regolito marciano.
A segunda camada, que se estende de 10 a 30 metros, contém blocos rochosos, presumivelmente tendo se formado nos últimos 1,6 bilh?o de anos, e os tamanhos dos clastos aumentam com a profundidade.
A terceira camada, dentro da faixa de profundidade de 30 a 80 metros, é composta por blocos rochosos maiores, representando um evento geológico mais antigo e provavelmente mais substancial que ocorreu entre 3,5 e 3,2 bilh?es de anos atrás, de acordo com o estudo.
O estudo oferece pistas significativas para uma compreens?o mais próxima da evolu??o geológica e das mudan?as ambientais e climáticas em Marte.