O Fundo Monetário Internacional (FMI) na ter?a-feira previu que a economia global crescerá 3,2% este ano e 2,7% em 2023, com uma revis?o descendente de 0,2 ponto percentual para 2023 ante a previs?o de julho, de acordo com o mais recente relatório, Perspectiva da Economia Mundial (WEO, em inglês).
A economia mundial está passando por "uma série de desafios turbulentos", como a infla??o mais alta do que vista em várias décadas, o aperto das condi??es financeiras na maioria das regi?es, o conflito Rússia-Ucrania e a persistente pandemia da COVID-19, todos pesam muito nas perspectivas, disse o relatório.
"Este é o perfil de crescimento mais fraco desde 2001, exceto pela crise financeira global e a fase aguda da pandemia da COVID-19 e reflete desacelera??es significativas para as maiores economias", observou o relatório.
Uma contra??o no produto interno bruto (PIB) real que dura pelo menos dois trimestres consecutivos (que alguns economistas chamam de "recess?o técnica") é vista em algum momento durante 2022-2023 em cerca de 43% das economias, totalizando mais de um ter?o do PIB mundial, de acordo com o relatório.
Observando que os riscos para as perspectivas permanecem excepcionalmente grandes e para o lado negativo, o último relatório WEO disse que a política monetária pode mal calcular a posi??o correta para reduzir a infla??o, mais choques nos pre?os de energia e alimentos podem causar a persistência da infla??o por mais tempo, e o aperto global nas condi??es de financiamento pode desencadear um amplo problema de dívida dos mercados emergentes.
O FMI alertou que a fragmenta??o geopolítica pode impedir o comércio e os fluxos de capital, dificultando ainda mais a coopera??o em políticas climáticas.
"A balan?a dos riscos é inclinada firmemente para o lado negativo, com cerca de 25% de chance de crescimento global de um ano no futuro caindo abaixo de 2,0% - no 10o percentil dos resultados do crescimento global desde 1970", observou o relatório.
"O risco de falha na política monetária, fiscal ou financeira aumentou acentuadamente na época de alta incerteza e fragilidades crescentes", disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, numa coletiva de imprensa nas reuni?es anuais do FMI e do Banco Mundial de 2022, na ter?a-feira.
"As condi??es financeiras globais podem se deteriorar e o dólar pode se fortalecer ainda mais se a turbulência nos mercados financeiros entrar em erup??o", disse o economista-chefe do FMI, observando que isto acrescentaria significativamente às press?es inflacionárias e fragilidades financeiras no resto do mundo, especialmente nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento.
A infla??o poderia, mais uma vez, revelar-se mais persistente, especialmente se os mercados de trabalho continuarem extremamente apertados, disse Gourinchas.
Finalmente, a guerra na Ucrania ainda está em fúria e uma nova escalada pode exacerbar a crise energética, acrescentou ele.
O FMI argumentou que o aperto monetário agressivo e antecipado é "crítico" para evitar a desanexa??o da infla??o.
"A credibilidade duramente conquistada pelos bancos centrais pode ser minada se eles julgarem mal mais uma vez a teimosa persistência da infla??o. Isto seria muito mais prejudicial à estabilidade macroecon?mica futura", disse Gourinchas, exortando os bancos centrais a manter uma m?o estável com a política monetária firmemente focada na conten??o da infla??o.
O economista-chefe do FMI observou que a política fiscal n?o deve funcionar de forma contrária com os esfor?os das autoridades monetárias para reduzir a infla??o. "Fazer isso só prolongará a infla??o e poderá causar grave instabilidade financeira, como os acontecimentos recentes demonstraram", disse ele.
No último relatório, o FMI também destacou que as crises energética e alimentar, juntamente com as temperaturas extremas do ver?o, s?o lembretes "severos" de como seria uma transi??o climática descontrolada.
"Há algum custo de fazer a transi??o climática no lado macroecon?mico, estes custos s?o muito, muito modestos em compara??o com o custo de n?o fazer a transi??o climática", disse Gourinchas na coletiva de imprensa em resposta a uma pergunta da Xinhua.
Observando que a transi??o climática é um processo "gradual", Gourinchas disse que os ganhos s?o muito maiores se esse processo for iniciado mais cedo.
"Portanto, sim, temos que lidar com a crise energética agora mesmo. Sim, vários países est?o enfrentando uma situa??o em que precisam adquirir mais energia para produzir eletricidade durante o inverno, etc. Mas o caminho que devemos embarcar em termos de transi??o climática é algo que n?o podemos ignorar também", disse ele.