O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva iniciará sua visita de Estado de quatro dias à China nesta quarta-feira (12), uma viagem que deve elevar as rela??es bilaterais, tanto política quanto economicamente, a um novo patamar e contribuir com energia positiva para a complexa situa??o internacional.
Acompanhado de centenas de empresários, governadores, parlamentares e ministros, Lula fará sua terceira visita oficial à China como presidente do Brasil. A visita estava marcada para mar?o, mas foi adiada devido ao estado de saúde de Lula na época. Será também a primeira viagem de Lula para fora do Hemisfério Ocidental desde que assumiu seu terceiro mandato em 1o de janeiro.
O presidente brasileiro deverá visitar Shanghai e Beijing. Em Shanghai, ele participará da posse da ex-presidente brasileira Dilma Rousseff como chefe do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS. Em Beijing, Lula se encontrará com o presidente Xi Jinping, o premiê Li Qiang e Zhao Leji, presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional, a mais alta legislatura do país asiático.
“Os dois lados mantiveram uma comunica??o estreita sobre a visita", disse o porta-voz do Ministério das Rela??es Exteriores, Wang Wenbin, na ter?a-feira (11). "O fato de Lula liderar uma grande delega??o à China em sua visita de Estado logo após sua recupera??o mostra a grande importancia que ambos os lados atribuem a esta visita e às nossas rela??es bilaterais”, observou ele.
A China está pronta para trabalhar com o Brasil e aproveitar esta visita como uma oportunidade para melhorar a coopera??o mutuamente benéfica e amigável em vários setores e trazer mais energia para os países em desenvolvimento se coordenarem em unidade e lidarem em conjunto com os desafios globais, afirmou Wang.
Segundo nota da assessoria de imprensa de Lula, cerca de 20 acordos bilaterais devem ser assinados durante a visita.
Um artigo publicado pelo Valor Econ?mico, um jornal financeiro brasileiro, descreveu a visita de Lula como "uma viagem cheia de expectativas". A rapidez no reagendamento de uma visita de alto nível, algo inusitado dada a complexidade das agendas, reflete a vontade política dos dois países de concretizar o encontro, reportou.
A rela??o China-Brasil está mais próxima e o comércio tem aumentado de forma contínua e sustentada desde 2004, quando Lula visitou Beijing pela primeira vez. Em 2009, ele visitou a China pela segunda vez.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. De acordo com a Administra??o Geral das Alfandegas, o comércio bilateral atingiu US$ 171,49 bilh?es em 2022, um aumento anual de 4,9%.
"Durante a visita, espera-se que os dois países consolidem as bases da coopera??o existente em setores tradicionais, como constru??o de infraestrutura, agricultura e minera??o, e também expandam a coopera??o em novas áreas, incluindo economia verde, economia digital e alta tecnologia", disse Wang Youming, diretor do Instituto de Países em Desenvolvimento do Instituto de Estudos Internacionais da China.
A coopera??o bilateral já rendeu frutos antes da chegada de Lula. Em 7 de fevereiro, o Banco Popular da China, o banco central do país, assinou um memorando de coopera??o com o Banco Central do Brasil para estabelecer acordos de compensa??o de renminbi no Brasil, um movimento que fortalecerá o comércio bilateral e a facilita??o de investimentos.
Desde que as rela??es diplomáticas foram estabelecidas há quase meio século, os la?os bilaterais cresceram constantemente em meio às mudan?as no cenário internacional e alcan?aram resultados frutíferos na coopera??o prática em todos os setores, dando um bom exemplo para os principais países em desenvolvimento que buscam o desenvolvimento conjunto por meio da solidariedade e colabora??o.
De acordo com Wang, do Instituto de Estudos Internacionais da China, o desenvolvimento das rela??es entre ambos tende a impulsionar a coopera??o da China com a América Latina e aprofundar as rela??es da China com organiza??es regionais como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos.
“Em um momento em que o cenário internacional está sofrendo volatilidade sistemática e o sistema de governan?a global está fragmentado, a coordena??o e as intera??es dos dois países em quest?es globais críticas também revelar?o as vis?es independentes de países em desenvolvimento e importantes economias de mercado emergentes sobre a seguran?a global e a ordem internacional", acrescentou ele.