O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou na quarta-feira, ao encerrar a Cúpula da Amaz?nia, o que chamou de "neocolonialismo verde" e voltou a reclamar sobre o cumprimento dos compromissos de financiamento para projetos sustentáveis por parte dos países desenvolvidos.
Lula fez a declara??o ao encerrar a reuni?o de dois dias da Cúpula da Amaz?nia, a IV Reuni?o de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Coopera??o Amaz?nica, realizada na cidade de Belém, capital do estado do Pará.
Participaram do encontro organizado pelo Brasil os presidentes da Col?mbia, Gustavo Petro; Bolívia, Luis Arce e Peru, Dina Boluarte; o primeiro-ministro da Guiana, Mark Phillips, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez; e os chanceleres do Equador, Gustavo Manrique, e Suriname, Albert Ramdin, além de representantes de países convidados.
"N?o podemos aceitar um neocolonialismo verde que, com o pretexto de proteger o meio ambiente, imp?e barreiras comerciais e medidas discriminatórias e desconsidera nossos marcos regulatórios e políticas internas", disse.
"O que precisamos para dar um salto de qualidade é de financiamento de longo prazo e sem condicionalidades para projetos de infraestrutura e industrializa??o verdes", continuou.
Em seu discurso, Lula afirmou que os países com florestas tropicais herdaram do passado colonial um modelo econ?mico predatório, um modelo baseado na explora??o irracional dos recursos naturais, na escravid?o e na exclus?o sistemática das popula??es locais.
O presidente brasileiro voltou a defender a ideia de que os países ricos financiem projetos de preserva??o do meio ambiente nas na??es que ainda têm florestas e qualificou de "inexplicável" a participa??o reduzida desses países nos mecanismos mundiais de financiamento.
Lula citou o Fundo Mundial para o Meio Ambiente, no qual os países amaz?nicos dividem cadeiras, enquanto as na??es ricas têm assentos próprios.
"Sanar a falta de representa??o é um elemento essencial de uma proposta abrangente e profunda de reforma da governan?a mundial que beneficie a todos os países em desenvolvimento", ressaltou.
Lula afirmou também que a declara??o conjunta assinada na Cúpula da Amaz?nia" será o primeiro passo para uma posi??o comum na COP28 (Conferência do clima da ONU) a ser realizada no fim deste ano em Dubai, Emirados árabes Unidos, com vistas à COP30", que será realizada também em Belém, em 2025.
Lula enfatizou a necessidade de se despertar para a urgência do problema das mudan?as climáticas e refor?ou a necessidade de uni?o entre os países que possuem parte da floresta amaz?nica. "Se n?o agirmos agora, n?o vamos atingir a meta de evitar que a temperatura suba mais que um grau e meio em rela??o aos níveis anteriores à Revolu??o Industrial."
"A COP30, que também acontecerá aqui em Belém, em 2025, será um marco t?o importante como foi a COP21 em 2015, quando se adotou o Acordo de Paris", afirmou. Segundo ele, todos os países devem apresentar sua segunda rodada de compromissos de redu??o de emiss?es, já que "pode ser nossa última chance de garantir um clima estável para o planeta Terra".
Além dos países amaz?nicos, participaram da reuni?o como convidados representantes da República do Congo, da República Democrática do Congo e da Indonésia, países que possuem grandes reservas de florestas tropicais e da Fran?a, Noruega e Alemanha.