O ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira que o Brasil vai trabalhar para que o G20 chegue a um consenso a respeito da tributa??o para uma minoria de grandes milionários.
Ao abrir a segunda e última jornada de debates dos ministros das Finan?as e presidentes dos Bancos Centrais dos países do G20, em S?o Paulo, Haddad enfatizou que o Brasil, atualmente na presidência do grupo que reúne as maiores economias do mundo, tem como principal objetivo construir a coopera??o internacional para taxar grandes fortunas.
"Quero anunciar que essa presidência buscará construir uma declara??o do G20 sobre tributa??o internacional até nossa reuni?o ministerial, em julho. Consultaremos todos os membros e trabalharemos em conjunto para termos um documento equilibrado, porém ambicioso, que reflita as nossas legítimas aspira??es", afirmou, ao participar pela primeira vez do encontro presencial, após ter sido diagnosticado com COVID no início da semana.
Segundo Haddad, "apesar dos avan?os recentes, é um fato inquestionável que os multimilionários do mundo continuam evadindo nossos sistemas tributários através de uma série de estratégias".
Para embasar a posi??o pela necessidade de tributa??o das famílias mais ricas do mundo, Haddad citou como exemplo o relatório do Observatório Fiscal da Uni?o Europeia, que apontou que os bilionários ou n?o pagam nada, ou pagam, no máximo, 0,5% de impostos sobre o que acumulam.
"Colegas, eu, sinceramente, me pergunto como nós, ministros da Fazenda do G20, permitimos que uma situa??o como essa continue", enfatizou.
Segundo o ministro, esse pequeno grupo de pessoas se aproveita de "buracos" nos sistemas tributários para evitar o pagamento de tributos.
Haddad citou o trabalho da Organiza??o das Na??es Unidas (ONU) e da Organiza??o para a Coopera??o e Desenvolvimento Econ?micos (OCDE) na busca de uma engenharia tributária dirigida às grandes corpora??es mundiais.
Haddad convocou o G20 a trabalhar de maneira conjunta com a ONU e a OCDE para utilizar o potencial no assunto de ambas as institui??es.
"Se unirmos esfor?os e levarmos em conta as investiga??es mais avan?adas na área, podemos seguir avan?ando em nossa coopera??o fiscal internacional e reduzir as chances de que um pequeno número de multimilionários sigam aproveitando buracos em nosso sistema tributário para evitar pagar sua contribui??o justa", ressaltou.