Acabar com a fome no mundo é possível, mas, para isso, deve-se acabar com os conflitos e guerras no planeta e enfrentar a mudan?a do clima, que afeta as planta??es em muitos países em desenvolvimento, segundo afirmou na quarta-feira à Xinhua o diretor e representante do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Na??es Unidas no Brasil, Daniel Balaban.
Em entrevista pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, organizada pela Federa??o das Camaras de Comércio do Brasil, Balaban afirmou que "só através de políticas públicas sustentáveis poderemos realmente reduzir ou até acabar com a inseguran?a alimentar e nutricional no planeta até 2030. Atualmente, há 735 milh?es de pessoas que n?o têm nada para comer, absolutamente nada. Se n?o receberem ajuda externa, estas pessoas morrer?o literalmente de fome, sofrer?o uma grave inseguran?a alimentar".
Para Balaban, "é possível resolver o problema da fome no planeta, mas ainda n?o existe uma iniciativa mundial para isso. Há, basicamente, dois fatores que provocam a fome no mundo: um s?o os conflitos e as guerras e o outro, a mudan?a do clima, que tem um grande impacto no rendimento das lavouras, principalmente nos países em desenvolvimento", comentou.
Como exemplo citou "as secas e as inunda??es, como as que estamos vivendo no sul do Brasil, temperaturas extremas, invernos muito mais duros, ver?es muito mais duros. E tudo isso afeta o rendimento dos cultivos".
Balaban, que também é diretor do Centro de Excelência contra a Fome, ressaltou que "a degrada??o do solo, com o aumento das temperaturas e as mudan?as nas precipita??es, acabam provocando a eros?o do solo, a perda da fertilidade, a desertifica??o e isso, logicamente, acaba dificultando a lavoura".
Ele destacou que "no Brasil 140 milh?es de hectares de terras s?o considerados degradados, ou seja, nada que é plantado rende".
"Claro que a mudan?a do clima também afeta o pre?o dos alimentos, o que é um grande fator que também leva às pessoas a passarem fome, especialmente no Brasil. O país produz muitos alimentos, mas a grande maioria da popula??o n?o tem acesso a esses alimentos, porque s?o caros. Assim, a redu??o da produtividade agrícola leva a um aumento nos pre?os dos alimentos, dificulta o acesso das famílias de baixa renda e os alimentos mais nutritivos, infelizmente, s?o os mais caros", comentou.
Para Balaban, uma das solu??es seria "aplicar práticas agrícolas sustentáveis, que existem, mas n?o s?o colocadas em prática". Assim, temos que melhorar a gest?o da água, temos que investir em cultivos resistentes ao clima e temos que criar políticas que apoiem a seguran?a alimentar e os esfor?os de adapta??o ao clima que nosso planeta necessita t?o desesperadamente".
Um dos motivos da degrada??o da terra é o desmatamento. "O desmatamento é considerável, o uso de venenos acaba matando n?o só as pragas, mas, também, acaba entrando no solo e influindo na produ??o de futuros alimentos. Por isso, se n?o houver uma diminui??o do desmatamento, no futuro o próprio Brasil terá dificuldades em sua produ??o de alimentos", alertou.
"Espero que um dia, os produtores comecem a se dar conta de que têm que trabalhar em conjunto com a prote??o do meio ambiente, com a prote??o da natureza, para que possamos ter uma produ??o sustentável. é possível fazer as duas coisas, produzir de forma sustentável, cuidando da natureza, cuidando do meio ambiente. Os que dizem que é impossível, est?o equivocados. é possível fazer: os especialistas têm nos mostrado como. Este é o caminho a seguir e o único viável para os produtores brasileiros", concluiu.
