A China e o Brasil s?o os dois maiores países em desenvolvimento dos hemisférios oriental e ocidental, respectivamente, e também s?o importantes mercados emergentes, parceiros estratégicos abrangentes e membros importantes do Sul Global. Nos últimos 50 anos desde o estabelecimento das rela??es diplomáticas sino-brasileiras em 1974, a coopera??o pragmática bilateral conseguiu abundantes resultados que vêm beneficiando os dois povos.
Os resultados da coopera??o pragmática entre os dois países s?o sólidos e diversificados, com destaque no setor de economia e comércio, o setor pilar das rela??es bilaterais. Isso foi ilustrado em números. Quando os dois países estabeleceram os la?os diplomáticos há 50 anos, o valor de comércio bilateral era de apenas US$ 17,4 milh?es. Em 2023, a cifra chegou a US$ 181,53 bilh?es, crescendo mais de 10 mil vezes. Em 2009, a China tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil e tem mantido o título até hoje. O Brasil é o maior parceiro comercial da China na América Latina. Segundo dados da Administra??o Geral das Alfandegas (AGA) da China, o país importou mais de US$ 100 bilh?es do Brasil anualmente nos últimos três anos, batendo um novo recorde.
Conforme dados da AGA, o comércio da China com o Brasil cresceu anualmente 9,9% nos primeiros 10 meses de 2024, atingindo 1,14 trilh?o de yuans (US$ 158,33 bilh?es). A taxa de crescimento foi 4,7 pontos percentuais a mais do que a taxa de crescimento geral do comércio exterior da China, sustentando o aprofundamento dos la?os econ?micos e comerciais entre os dois países.
Com o aprofundamento da coopera??o econ?mica e comercial, mais produtos de qualidade do Brasil est?o entrando no mercado chinês. O Brasil é o principal país origem das importa??es agrícolas da China, sendo que 70% da soja importada, mais de 40% do milho e carne bovina vieram do Brasil em 2023. O aumento do consumo de café pela popula??o chinesa nos anos recentes diversificou ainda mais os produtos brasileiros na China. Em 2023, o Brasil exportou 1,4 milh?o de sacas de café para a China, aumento anual de 287,6%, com que o país asiático tornou-se o sexto maior país importador do café brasileiro. No início deste mês, o Museu do Café do Brasil foi inaugurado na fábrica de torrefa??o da maior rede de cafeterias chinesa, Luckin Coffee, em Kunshan, Província de Jiangsu, no leste da China, sendo o primeiro museu de café brasileiro na China.
Enquanto os chineses provam os sabores dos produtos brasileiros, os brasileiros gostam cada vez mais de automóveis de nova energia chineses. Nos últimos anos, veículos de nova energia (NEV, em inglês) tornou-se um novo e importante campo de coopera??o econ?mica e comercial entre os dois países. Segundo dados da Associa??o Chinesa de Automóveis de Passageiros, nos primeiros nove meses deste ano, o Brasil ficou em 2o lugar entre os dez maiores destinos de exporta??es de veículos elétricos chineses, com 140.412 carros, e no topo dos dez maiores destinos em termos de aumentos de volume, com 104.477 automóveis.
No setor de investimentos, a China tem sido uma importante origem de investimentos do Brasil por anos. Em 2023, os investimentos chineses no Brasil somaram US$ 1,73 bilh?o, um aumento de 33% em rela??o ao ano anterior, segundo um relatório do Conselho Empresarial Brasil-China. O relatório também indicou que a área de eletricidade liderou a atra??o de investimentos chineses no Brasil no ano, com participa??o de 39% em termos de valor e de 66% pelo critério de número de projetos. O setor automotivo ficou em segundo lugar, com 33% do valor aportado.
Em abril de 2023, a State Grid Brazil Holdings S. A. (SGBH), da State Grid Corporation of China (SGCC), assinou com o governo brasileiro o maior contrato de transmiss?o de energia na história do setor elétrico brasileiro, que representa R$ 18,1 bilh?es em investimentos, 83% do valor total contratado no leil?o, e inclui a constru??o de 1.513 km de linhas de transmiss?o em corrente contínua e a manuten??o de outros 1.468 km em três estados brasileiros. Na ocasi?o, a SGBH anunciou a inten??o de investir R$ 200 bilh?es no setor energético brasileiro nos próximos anos. Em junho do mesmo ano, a State Power Investment Corporation Limited (SPIC) da China anunciou um investimento de R$ 780 milh?es na constru??o de dois novos parques eólicos no nordeste do Brasil. No mesmo mês, a SPIC inaugurou dois parques solares localizados no Piauí e Ceará.
Quanto ao setor de automóveis, as empresas chinesas n?o apenas vendem carros para o mercado brasileiro, mas também investem no Brasil para produ??o local. Segundo o veículo de imprensa brasileiro Valor Econ?mico, a montadora chinesa GWM adquiriu a antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no interior de S?o Paulo, e previu investimento de R$ 10 bilh?es e produtividade anual de 100 mil unidades. A empresa chinesa BYD anunciou um investimento de R$ 5,5 bilh?es nos projetos no Brasil, incluindo a transforma??o da antiga fábrica da Ford em Cama?ari em um complexo fabril que poderá produzir 150 mil automóveis híbridos e elétricos na primeira fase.
Ao longo do último meio século, também foram destacadas coopera??es China-Brasil nos campos de tecnologia e ciência, finan?as, etc. Em 1988, os dois países estabeleceram o Programa Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS), que é conhecido como um modelo da "coopera??o Sul-Sul" e pioneiro na coopera??o aeroespacial entre países em desenvolvimento, com lan?amento bem-sucedido de cinco satélites. O Brasil também é o país latino-americano que conta com o maior número de laboratórios conjuntos co-estabelecidos com a China, com o estabelecimento do Centro China-Brasil de Mudan?a Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia, entre outros.
No início de 2023, os dois países assinaram um memorando de coopera??o para estabelecer acordos de liquida??o de renminbi (RMB, moeda chinesa) no Brasil, dando incentivo ao uso de moedas locais para a liquida??o no comércio bilateral. Em setembro do mesmo ano, os dois países concluíram um acordo comercial em suas moedas locais pela primeira vez, com transa??es financiadas e liquidadas em RMB e convertidas diretamente em reais.
Os resultados da coopera??o pragmática bilateral n?o apenas se resumem em números, projetos e acordos, mas também se sentem pelas pessoas com benefícios tangíveis. Um dos empreendimentos chineses mais conhecidos é no setor de transmiss?o de eletricidade do Brasil. A SGCC investiu, construiu e realiza manuten??o e opera??o da fase II do projeto de transmiss?o da usina de Belo Monte no Brasil. Com um comprimento total de mais de 2.500 quil?metros das linhas, o projeto passa por 81 cidades de cinco estados, escoando energia do norte ao sudeste do Brasil e até o momento é o maior projeto de transmiss?o de eletricidade do mundo em termos de distancia que utiliza a tecnologia de ± 800 kV UATCC. O mencionado projeto de transmiss?o de eletricidade da usina do Belo Monte proporciona energia hidrelétrica a mais de 22 milh?es de pessoas no sudeste do Brasil, o equivalente a 10% da popula??o total brasileira.
Quanto ao Programa CBERS, os dados ajudam para a prote??o dos recursos terrestres e meio ambiente nos dois países. No setor cultural, os dois países lan?aram em conjunto festivais de cinema, anos culturais e programa de tradu??o de obras clássicas. No Brasil, trens de alta velocidade e automóveis de nova energia chineses oferecem maior conveniência de transporte. Na China, cada vez mais empresas e famílias chinesas consomem carne bovina, café, e outros produtos agrícolas brasileiras.
De acordo com Zhou Zhiwei, diretor-executivo do centro de estudos brasileiros e diretor do departamento de rela??es internacionais, ligados ao Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais, a coopera??o econ?mica e comercial China-Brasil pode ajudar no crescimento econ?mico de ambos os países, o que gera mais oportunidades de emprego e aumentos nas rendas das pessoas. Os investimentos chineses nos setores agrícola, mineral e industrial do Brasil proporcionam for?a de crescimento para estes setores, e na infraestrutura podem fornecer uma vida melhor para as pessoas e oportunidades de crescimento para a economia brasileira. A coopera??o no Programa CBERS pode ajudar a proteger as florestas na Amaz?nia, reduzir e controlar desastres. E a coopera??o nas áreas de ciência e tecnologia e energia renovável é positiva para o meio ambiente do Brasil.
Segundo Zhou, é razoável que a China e o Brasil conseguiram tantos resultados frutíferos na coopera??o pragmática. "As economias dos dois países s?o altamente complementares, o que é muito vantajoso para o aprofundamento da coopera??o econ?mica e comercial e pode reduzir relativamente os impactos de fatores fora dos dois países. Depois da integra??o da China à Organiza??o Mundial do Comércio em 2003, a coopera??o econ?mica e comercial dos dois países ganhou for?as, com crescimentos evidentes no comércio e nos investimentos e mantendo uma tendência constante de crescimento", disse Zhou, acrescentando que os interesses dos dois países se integram altamente e isso é raz?o fundamental para o desenvolvimento rápido dos la?os bilaterais.
Quanto ao futuro, Zhou assinalou a necessidade do alinhamento das estratégias de desenvolvimento dos dois países, maior coopera??o na área cultural e interpessoal e nos assuntos internacionais.
"Atualmente, a liquidez global, ou seja, a capacidade de oferta de investimento estrangeiro, está encolhendo. Nos últimos anos, a China tornou-se gradualmente a principal fonte de investimento estrangeiro para o Brasil, com uma boa correspondência bilateral entre oferta e demanda. Durante muitos encontros bilaterais de alto nível, foi repetida a necessidade de melhorar o alinhamento das estratégias nacionais de desenvolvimento dos dois países. Acredito que o Brasil deveria mostrar maior iniciativa, porque a coopera??o econ?mica e comercial bilateral promoveu realmente o crescimento econ?mico do Brasil e melhorou a vida da popula??o brasileira nos últimos 20 anos, e as atuais necessidades do Brasil podem ser atendidas com isso", disse Zhou.