Observando que a China e o Brasil est?o comprometidos em aprofundar seus la?os, Marcos Galv?o, embaixador do Brasil na China, destacou os fortes la?os comerciais e o respeito mútuo que definiram a parceria, pedindo mais investimentos da China.
Como este ano marca o 50o aniversário do estabelecimento de rela??es diplomáticas entre a China e o Brasil, "a visita do presidente Xi Jinping (ao Brasil) foi o ápice das celebra??es que foram precedidas pela visita do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin (à China) em junho e pela realiza??o do comitê de alto nível que temos entre os dois países", disse Galv?o.
"A China e o Brasil s?o dois países importantes", disse ele num fórum organizado na semana passada pelo Instituto de Estudos Financeiros de Chongyang da Universidade Renmin da China. "Precisamos trabalhar juntos para pressionar por mais reformas na governan?a global na plataforma do G20, tornando o G20 mais eficaz, inclusivo e equitativo."
Um dos principais focos da recém-concluída Cúpula do G20 no Rio de Janeiro foi o combate à pobreza.
"A redu??o da pobreza é algo que ambos os nossos países conseguiram fazer com sucesso", disse Galv?o ao China Daily.
Ele se referiu aos programas bem-sucedidos de redu??o da pobreza do Brasil, como a iniciativa Fome Zero, lan?ada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante seu primeiro mandato, com o objetivo de erradicar a fome e a pobreza extrema.
Somente em 2023, 8,7 milh?es de pessoas foram retiradas da pobreza no Brasil, enquanto a pobreza extrema caiu de 5,9% para 4,4%, disse o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em um comunicado na quarta-feira (4).
A China tirou 800 milh?es de pessoas da pobreza nas últimas décadas, alcan?ando o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Na??es Unidas para 2030 sobre redu??o da pobreza antes do previsto.
"No entanto, ainda temos um longo caminho a percorrer em termos de fornecer os padr?es de vida aos quais nosso povo legitimamente aspira", disse Galv?o sobre os dois países.
Refletindo sobre seus mais de dois anos como embaixador na China, Galv?o compartilhou sua admira??o pelo desenvolvimento da China. "Estou impressionado com a diversidade das províncias da China, o dinamismo de suas cidades", disse ele. "O que vi na China é semelhante ao que temos no Brasil."
Ele enfatizou a "alta complementaridade" entre as duas economias, que segundo ele, s?o "altamente relevantes" uma para a outra.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil, e o Brasil é o nono maior parceiro comercial da China. Em 2023, o comércio bilateral entre China e Brasil atingiu mais de US$180 bilh?es, um aumento anual de 6,1%, de acordo com estatísticas alfandegárias chinesas.
O estoque de investimento estrangeiro direto chinês no Brasil é de cerca de US$72 bilh?es, com a energia respondendo por cerca de três quartos desse investimento, observou Galv?o.
"Um aspecto visível disso é a chegada de empresas chinesas de veículos elétricos ao Brasil", apontou ele.
A fabricante chinesa de veículos elétricos BYD está presente no Brasil há mais de 10 anos e, hoje, o Brasil é o maior mercado da BYD no exterior. Outra montadora chinesa, a GWM, abrirá uma fábrica em Iracemápolis, estado de S?o Paulo, em maio.
Além do setor automotivo, o envolvimento da China na infraestrutura energética do Brasil também está se expandindo.
O consumo de eletricidade do Brasil está concentrado nas regi?es sul e sudeste, enquanto o norte é rico em recursos hidrelétricos. Isso requer transmiss?o de eletricidade de longa distancia com perda mínima de energia.
"Temos áreas com capacidade de gera??o excedente, e a China tem tecnologia de transmiss?o de ultra-alta tens?o", afirmou Galv?o.
O projeto de transmiss?o de fase II de Belo Monte no Brasil — investido, construído e operado pela State Grid Corp of China (SGCC) — é o primeiro projeto no exterior a usar a tecnologia de transmiss?o de ultra-alta tens?o chinesa, que permite a transmiss?o de energia do norte para áreas de alto uso de eletricidade.
Olhando para trás, para 50 anos de la?os bilaterais, Galv?o disse que o relacionamento é construído com base no respeito mútuo, um resultado tanto da "determina??o política quanto dos esfor?os de ambos os lados".
"Neste mundo de nearshoring e friendshoring, no nosso caso, é uma história de trustshoring — confiamos uns nos outros", ele acrescentou.
"Queremos que a China desempenhe um papel em nossa reindustrializa??o, particularmente na transi??o energética e no desenvolvimento de tecnologia, pois queremos uma indústria mais forte e competitiva com produtos de maior valor agregado", ele disse, pedindo maior investimento de empresas chinesas para aprimorar as capacidades industriais do Brasil.