O ministro das Rela??es Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, abriu na ter?a-feira a primeira reuni?o dos sherpas do BRICS, ou negociadores-chefes, com o Brasil assumindo a presidência rotativa do bloco, confirmou o Itamaraty.

Em seu discurso de abertura, Vieira afirmou que a resposta à crise do multilateralismo "é mais multilateralismo, mais forte e mais inclusivo em todas as esferas".

O principal diplomata do Brasil observou que a ordem internacional está passando por mudan?as profundas e as institui??es existentes est?o lutando para se adaptar, enquanto, ao mesmo tempo, as economias emergentes est?o exigindo maior participa??o nas decis?es globais.

"Neste cenário em evolu??o, o BRICS desempenha um papel fundamental na promo??o de uma ordem mundial mais justa, inclusiva e sustentável. Um mundo multipolar n?o é apenas uma realidade emergente, mas um objetivo compartilhado", disse ele.

"Um sistema global reequilibrado deve ter bases mais fortes de equidade e representa??o, e nenhuma base desse tipo pode ser construída sem a voz do BRICS. Este grupo incorpora as aspira??es do Sul Global e nosso papel em moldar o futuro nunca foi t?o significativo", acrescentou.

A reuni?o que acontece no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Rela??es Exteriores do Brasil na capital Brasília, compreende dois dias de debates em torno de quest?es relacionadas à promo??o de uma ordem mundial mais justa e multipolar, em consonancia com as prioridades da presidência brasileira do bloco.

Esta é a primeira reuni?o de negociadores desde que o bloco BRICS de economias emergentes foi expandido no ano passado para incluir Arábia Saudita, Egito, Emirados árabes Unidos, Etiópia, Ir? e Indonésia, dos antigos membros do Brasil, Rússia, índia, China e áfrica do Sul.

Além disso, há países associados como Belarus, Bolívia, Cazaquist?o, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailandia, Uganda e Uzbequist?o.

As discuss?es buscam redefinir a governan?a global para refletir as realidades do século XXI, Vieira enfatizou em seu discurso, garantindo que os países em desenvolvimento sejam protagonistas, n?o meros espectadores.

Na área econ?mica, ele disse que o protecionismo em voga amea?a aprofundar as desigualdades.

Os BRICS devem "defender" um sistema de comércio multilateral "aberto, justo e equilibrado" que atenda às necessidades do Sul Global e promova uma ordem econ?mica verdadeiramente multipolar, disse Vieira.

Os países devem continuar a progredir em mecanismos financeiros "alternativos", como o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, que desempenha um papel "vital" no financiamento de infraestrutura e projetos sustentáveis ??em economias emergentes, disse ele.

O Brasil, como presidente dos BRICS, priorizará a coopera??o com o Sul Global e uma agenda de desenvolvimento social, econ?mico e ambiental, com ênfase em seis áreas-chave: saúde, comércio, mudan?as climáticas, inteligência artificial, reforma do sistema de seguran?a multilateral e fortalecimento institucional do bloco.

O segundo dia da reuni?o dos Sherpas do BRICS, na quarta-feira, inclui uma sess?o especial com a participa??o do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e à tarde será divulgado um resumo das discuss?es.