Por Shen Xiaoxiao, Song Yiran, Diário do Povo

Membros da equipe conjunta de desenvolvimento de satélites China-Egito trabalham no centro de montagem, integra??o e testes de satélites da Cidade Espacial Egípcia. (Foto: Shen Xiaoxiao/Diário do Povo)

Na Cidade Espacial Egípcia, uma esfera branca reluzente ergue-se acima do complexo – um farol futurista no deserto. No interior, a antena do satélite MISRSAT-2 realiza silenciosamente seu trabalho: recebendo, gravando, armazenando e transmitindo dados em órbita.

Lan?ado em dezembro de 2023 do Centro de Lan?amento de Satélites de Jiuquan, na China, o MISRSAT-2 representa um marco significativo na coopera??o espacial internacional. O satélite é fruto de um esfor?o conjunto entre os governos chinês e egípcio, com trabalhos simultaneos de projeto em ambos os países e montagem, testes e qualifica??o ambiental ocorrendo na Cidade Espacial Egípcia – construída com assistência chinesa.

Essa conquista torna o Egito o primeiro país africano a ter capacidade completa de montagem e teste de satélites, simbolizando o compromisso contínuo da China com a expans?o da coopera??o espacial.

Até dezembro de 2024, a China havia assinado quase 200 acordos intergovernamentais de coopera??o espacial com mais de 50 países e organiza??es internacionais, abrangendo uma ampla gama de áreas, como observa??o da Terra, explora??o do espa?o profundo, desenvolvimento de satélites, explora??o lunar e voos espaciais tripulados.

Por meio dessas parcerias, os avan?os tecnológicos da China s?o cada vez mais aproveitados em benefício da humanidade.

"As imagens de alta resolu??o fornecidas pelo MISRSAT-2 foram aplicadas no planejamento urbano do Egito, levantamentos de recursos terrestres, monitoramento de planta??es, gest?o de recursos hídricos e desenvolvimento de infraestrutura - todos essenciais para a concretiza??o da Vis?o 2030 do Egito", disse Sherif Sedky, CEO da Agência Espacial Egípcia.

O Egito abriga a sede da Agência Espacial Africana. "Nossa coopera??o com a China n?o apenas acelera o crescimento do setor espacial egípcio, mas também impulsiona a tecnologia espacial em toda a áfrica", observou Tamer Talal, projetista-chefe egípcio do sistema MISRSAT-2.

Os efeitos dessa coopera??o se estendem muito além do Norte da áfrica. No estado do Pará, no norte do Brasil, alertas de desmatamento em tempo real – alimentados por dados do projeto Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS) – est?o permitindo respostas rápidas contra minera??o e explora??o madeireira ilegais.

O satélite CBERS-4A desenvolvido em conjunto pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial em Beijing e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil em S?o Paulo é lan?ado por um foguete transportador chinês Longa Marcha do Centro de Lan?amento de Satélites de Taiyuan, na província de Shanxi, em 20 de dezembro de 2019. (Foto: Zheng Taotao/Xinhua)

Desde o lan?amento do projeto em 1988, China e Brasil desenvolveram em conjunto seis satélites de recursos terrestres, fornecendo dados cruciais para a gest?o de recursos naturais, agricultura, silvicultura, geologia, recursos hídricos, planejamento urbano e prote??o ambiental.

Os satélites também ajudaram a monitorar desastres globais, como incêndios florestais, inunda??es, terremotos e tsunamis.

Durante as fortes tempestades e inunda??es no estado do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, em abril do ano passado, os dados do CBERS-04 e do CBERS-04A foram fundamentais para monitorar os movimentos das enchentes, mapear os danos e auxiliar as autoridades a avaliar as condi??es da infraestrutura urbana. As imagens se mostraram inestimáveis no planejamento da reconstru??o do governo brasileiro.

"A coopera??o espacial China-Brasil n?o está apenas promovendo a ciência e a tecnologia em ambos os países, mas também gerando benefícios em escala global", disse Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inova??o do Brasil.

Desde 2003, com o lan?amento do CBERS-02, China e Brasil fornecem conjuntamente dados de satélite com resolu??o de 20 metros, gratuitamente, para países do mundo todo. Tanto a Agência Espacial Brasileira quanto a Administra??o Espacial Nacional da China se comprometeram a expandir a distribui??o desses dados para mais regi?es, tornando as informa??es espaciais um bem público para o desenvolvimento global.

No sul da ásia, o Paquist?o testemunhou uma transforma??o semelhante. Em 11 de maio de 2024, uma impressionante imagem de satélite capturou o Sol e a Lua em um único quadro – com crateras lunares renderizadas em detalhes nítidos – cativou o público paquistanês e dominou as manchetes nacionais.

A imagem foi capturada pelo ICUBE-Q, o primeiro satélite lunar do Paquist?o, desenvolvido em conjunto pelo Instituto de Tecnologia Espacial do Paquist?o e pela Universidade Jiao Tong de Shanghai, na China.

A bordo da sonda lunar chinesa Chang'e-6 e lan?ado a bordo do foguete Longa Marcha 5, o ICUBE-Q entrou em órbita lunar e come?ou a transmitir dados de telemetria para a Terra.

Esta conquista é apenas um destaque em um capítulo crescente da colabora??o espacial entre China e Paquist?o. Nos últimos anos, satélites desenvolvidos em conjunto pelos dois países come?aram a remodelar diversos setores no Paquist?o, proporcionando melhorias mensuráveis na vida cotidiana.

O Satélite de Sensoriamento Remoto do Paquist?o (PRSS-1), outro projeto de coopera??o entre os dois países, agora fornece dados de observa??o da Terra em alta resolu??o para levantamentos de terras, prote??o ambiental, monitoramento e gest?o de desastres, estimativa de produtividade agrícola e desenvolvimento urbano.

Somando-se a esse impulso, a China lan?ou um satélite de comunica??o multimiss?o para o Paquist?o em seu Centro de Lan?amento de Satélites de Xichang em maio de 2024. Equipado com tecnologia de última gera??o, o novo satélite aprimorou significativamente as capacidades do Paquist?o em comunica??o e navega??o por satélite.

Qamarul Islam, professor do Instituto de Tecnologia Espacial do Paquist?o, observou que a coopera??o espacial de longa data e ampla entre a China e o Paquist?o fomentou um profundo entendimento mútuo e uma colabora??o contínua entre cientistas de ambas as na??es, estabelecendo uma base sólida para conquistas futuras.