Em 1974, a China e o Brasil celebraram o estabelecimento de rela??es diplomáticas com café, em vez de vinho. Hoje, o café se tornou uma parte importante do comércio bilateral, dando continuidade a um novo capítulo de intercambios amigáveis entre os dois países.
A escala industrial do café da China atingiu 313,3 bilh?es de yuans (US$ 43,29 bilh?es) em 2024, um aumento anual de 18,1%, e a média de consumo anual de café per capita cresceu para 22,24 copos, um salto de 33% em rela??o a 2023, segundo um relatório recente.
O Relatório 2025 sobre o Desenvolvimento do Café em Cidades Chinesas, divulgado no final de abril em Shanghai, indicou que a frequência do consumo de café per capita aumentou de 5,6 vezes em 2023 para 7,0 vezes em 2024.
Até o momento, o país asiático tem mais de 300 milh?es de consumidores de café. à medida que o mercado consumidor de café se expande de maneira contínua, as importa??es de café crescem rapidamente.
Em 2024, tanto as importa??es quanto as exporta??es de café da China registraram um crescimento robusto, com as importa??es de gr?os de café e produtos relacionados totalizando 9,34 bilh?es de yuans, um aumento de 19,6% em termos anuais, informou o relatório.
De acordo com os dados da Administra??o Geral das Alfandegas (AGA) da China, as importa??es de café e produtos relacionados somaram 233.800 toneladas em 2024, totalizando US$ 1,312 bilh?o, expandindo 18,84% e 18,63% na base anual, respectivamente.
O Brasil foi a maior fonte das importa??es chinesas de café e produtos relacionados em 2024, com um valor total de US$ 307 milh?es, registrando um salto anual de 36,62%, revelou a AGA.
Quanto ao mercado cafeeiro global, o Brasil também reafirmou sua posi??o de lideran?a em 2024, registrando uma exporta??o recorde de 50,4 milh?es de sacas a 116 países e marcando um crescimento de 28,5% em rela??o ao ano anterior, mostraram dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Levando em conta o tamanho da popula??o chinesa e o aumento da classe média, o potencial de consumo do país asiático é gigantesco, disse Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
Atualmente, a China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, e também o maior comprador de soja e de carne bovina brasileiras. Nesse contexto, outros segmentos do agronegócio, incluindo o café, também buscaram aumentar sua presen?a no país asiático.
Em 19 de novembro de 2024, a maior rede de cafeterias chinesa, Luckin Coffee, assinou um Memorando de Entendimento com a Agência Brasileira de Promo??o de Exporta??es e Investimentos (ApexBrasil). Conforme o acordo, a Luckin Coffee comprará um total de 240 mil toneladas de gr?os de café do Brasil de 2025 a 2029, avaliados em 10 bilh?es de yuans, o que marcou um novo recorde em único pedido de compra por uma empresa chinesa de café.
A coopera??o n?o apenas destacou o potencial de consumo de café cada vez maior na China, mas também revelou o layout estratégico do Brasil, o maior produtor e exportador de café do mundo, no mercado chinês.
Guo Jinyi, CEO da Luckin Coffee, disse que o acordo é um símbolo da rela??o amigável entre a China e o Brasil. "O consumo de café está crescendo no mercado chinês, enquanto o Brasil produz gr?os de alta qualidade e tem técnicas avan?adas que atendem a nossa demanda", observou.
Nos primeiros três meses, a receita líquida total da Luckin Coffee somou 8,865 bilh?es de yuans, um aumento anual de 41,2%, e o número acumulado de clientes atingiu quase 355 milh?es, de acordo com os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025 divulgados ao final de abril.
"O mercado de café em expans?o da China reflete a for?a do consumo e oferece novas oportunidades para fornecedores globais de café", disse Jorge Viana, presidente da ApexBrasil.
Em 12 de maio de 2025, durante a visita de Estado do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China, a rede doméstica de bebidas e sorvetes, Mixue Bingcheng, assinou um Memorando de Entendimento com a ApexBrasil, em Beijing.
Tian Zezhong, responsável pelo mercado brasileiro da Mixue, afirmou que a empresa fará uma aquisi??o de produtos agrícolas brasileiros, incluindo gr?os de café, no valor de pelo menos 4 bilh?es de yuans nos próximos 3 a 5 anos, além de abrir sua primeira loja no Brasil este ano e, em seguida, iniciar a constru??o de uma fábrica de cadeia de suprimentos no país, gerando cerca de 25 mil empregos locais.
Nos últimos anos, a Mixue manteve rela??es comerciais estreitas com as Américas. Em meio ao desenvolvimento da empresa, sua demanda por gr?os de café de alta qualidade continuou a crescer. Até o final de abril deste ano, o número de lojas da marca de café moído na hora da Mixue, a Lucky Cup, ultrapassou 5.400 na China.
"Com uma popula??o cada vez mais disposta a experimentar novos sabores e uma demanda crescente por produtos premium e sustentáveis, o Brasil tem uma grande oportunidade para fortalecer sua presen?a na China", observou Viana.
Seja no café, no suco ou em outros segmentos do agronegócio, o mercado chinês continuará sendo um destino estratégico para exportadores brasileiros, acrescentou o presidente da ApexBrasil.