Campus da Universidade Harvard em Cambridge, Massachusetts, EUA, 15 de abril de 2025. [Foto/Agências]
O governo do presidente Donald Trump suspendeu a capacidade da Universidade Harvard de matricular estudantes internacionais, na mais recente escalada de uma disputa com a institui??o da Ivy League, que pode ter implica??es para candidatos estrangeiros interessados em frequentar a venerável institui??o.
O Departamento de Seguran?a Interna notificou a universidade mais antiga e rica do país em 22 de maio sobre sua decis?o, acusando a universidade de fomentar o antissemitismo e ignorar pedidos de informa??es depois que Harvard questionou a legalidade da solicita??o do departamento de registros de estudantes estrangeiros.
O DHS (Departamento de Seguran?a Interna dos EUA) informou que havia encerrado a certifica??o do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercambio de Harvard, o que significa que a universidade n?o pode mais matricular estudantes estrangeiros e os estudantes existentes devem ser transferidos ou perder?o seu estatuto legal.
"Este governo está responsabilizando Harvard por fomentar a violência e o antissemitismo... em seu campus", disse a Secretária de Seguran?a Interna, Kristi Noem, em um comunicado. "é um privilégio, n?o um direito, que as universidades matriculem estudantes estrangeiros e beneficiem de mensalidades mais altas para ajudar a complementar suas dota??es multibilionárias".
Ela acrescentou: "Harvard teve muitas oportunidades de fazer a coisa certa. Recusou-se. Eles perderam a certifica??o SEVP por n?o cumprirem a lei. Que isso sirva de alerta para todas as universidades e institui??es acadêmicas do país".
Jason Newton, diretor de rela??es com a mídia da Universidade de Harvard, rebateu em um comunicado descrevendo a a??o como "ilegal". Ele disse que a faculdade estava "totalmente comprometida em manter a capacidade de Harvard de receber nossos estudantes e acadêmicos internacionais, que vêm de mais de 140 países e enriquecem a universidade — e esta na??o — imensamente".
Ele acrescentou que estavam oferecendo orienta??o e apoio aos afetados e afirmou que a retalia??o amea?ava causar "graves danos" à comunidade de Harvard e ao país, além de minar a miss?o acadêmica e de pesquisa da universidade.
Mas o DHS acusou a lideran?a de Harvard de "criar um ambiente inseguro no campus, ao permitir que agitadores antiamericanos e pró-terroristas assediassem e agredissem fisicamente indivíduos, incluindo muitos estudantes judeus, e obstruíssem de outras formas seu outrora venerável ambiente de aprendizado".
O DHS prosseguiu, afirmando que muitos dos agitadores s?o "estudantes estrangeiros". A decis?o do DHS provavelmente desencadeará outro processo judicial pela universidade, que já processou o governo Trump em abril por tentar for?á-la a fazer mudan?as em seu currículo, admiss?es e quadro de funcionários.
A decis?o também ocorre um ano após protestos generalizados pró-palestinos se espalharem pelos campi em todo o país, interrompendo as aulas devido à guerra entre Israel e Gaza.
Harvard é conhecida por seus estudantes internacionais. Este ano, a universidade conta com aproximadamente 6.800 estudantes internacionais, representando cerca de 27% do corpo discente, segundo dados da universidade.
A institui??o estima que, a cada ano, entre 1.800 e 2.300 estudantes e acadêmicos chineses estudam em Harvard. A institui??o descreveu seu envolvimento acadêmico e de pesquisa com a China como profundo, pois "historicamente, a China tem sido um destino popular para os afiliados de Harvard estudarem, pesquisarem, participarem de conferências e viajarem".
O campus de Cambridge também abriga diversas organiza??es que oferecem oportunidades relacionadas à China, incluindo: o Departamento de Línguas e Civiliza??es do Leste Asiático, o Fundo Harvard para a China, o Centro Fairbank de Estudos Chineses, o Instituto Harvard-Yenching, o Projeto Harvard-China e o Centro Asiático.
Ao bloquear a capacidade de Harvard de matricular estudantes internacionais, o governo Trump cortou um meio significativo de arrecada??o de fundos para a institui??o.
A mensalidade para o próximo ano letivo em Harvard custará US$ 59.320. Se um aluno também precisar de hospedagem e alimenta??o, os custos podem chegar a US$ 87.000. Os pre?os s?o ainda mais altos para estudantes internacionais.
O DHS afirmou ter tomado medidas contra Harvard devido a vários eventos ocorridos neste ano, afirmando, em 16 de abril, que a Secretária Noem solicitou a Harvard informa??es sobre a "criminalidade e má conduta de estudantes estrangeiros em seu campus". A Secretária Noem alertou que a recusa em atender à solicita??o resultaria na demiss?o do SEVP.
Harvard expressou preocupa??o com a solicita??o em uma carta ao governo, em 30 de abril. A institui??o temia que as informa??es pudessem levar à deporta??o dos estudantes.
Meredith Weenick, vice-presidente executiva da universidade, escreveu em uma carta que manteria seu "firme compromisso de patrocinar os vistos que facilitam o estudo de nossos estudantes internacionais em Harvard". A institui??o também respondeu à solicita??o de Noem.
Mas o DHS cancelou US$ 2,7 milh?es em bolsas para Harvard em abril, alegando que Harvard se recusou "descaradamente" a fornecer as informa??es solicitadas e também ignorou uma solicita??o de acompanhamento do Gabinete do Conselho Geral do Departamento.
O DHS também listou vários outros problemas que levaram ao que descreve como um "clima tóxico no campus" em Harvard.