A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, destacou neste domingo a necessidade de financiamento para a transi??o climática e pediu maior comprometimento dos países desenvolvidos para auxiliar os mais vulneráveis. As declara??es foram feitas em prepara??o para a 30a Conferência das Na??es Unidas sobre Mudan?a do Clima (COP30), que será realizada em novembro em Belém do Pará.
No Rio de Janeiro, antes de sua participa??o na Cúpula de Líderes do BRICS, ela comentou que as quest?es ambientais desempenharam um papel importante no processo de negocia??o.
"Durante a presidência brasileira do BRICS, quest?es relacionadas ao meio ambiente, desenvolvimento sustentável e mudan?as climáticas foram a t?nica. Em nossa reuni?o de ministros do Meio Ambiente no Brasil, por exemplo, discutimos quest?es como a degrada??o de terras áridas, comum a vários de nossos países. A outra quest?o foi a valoriza??o dos servi?os ecossistêmicos", explicou.
"Um dos pontos da agenda climática s?o os meios de implementa??o. Temos muitas decis?es que foram tomadas ao longo dos anos, como o Acordo de Paris, que já completa dez anos. A falta de financiamento nos montantes necessários e de consistência é um dos problemas. O outro é a transferência de tecnologia para ajudar os países em desenvolvimento a fazerem suas transi??es", afirmou.
Como exemplo, a ministra observou que há uma a??o em andamento envolvendo seis países em desenvolvimento e seis países desenvolvidos para garantir financiamento, tanto em quantidade quanto em consistência, para o pagamento por servi?os ecossistêmicos.
"As florestas terrestres s?o essenciais para o equilíbrio do planeta, e esta iniciativa contribuirá para a conserva??o das florestas, bem como de seus povos indígenas e comunidades locais, que s?o os guardi?es dessas áreas em todo o mundo", afirmou.
Segundo Marina Silva, o mundo vive um momento de muitas contradi??es, mas "o crucial é que estejamos dispostos a superá-las".
"Em Dubai, nos comprometemos a abandonar os combustíveis fósseis, com os países ricos liderando essa mudan?a, seguidos pelos países em desenvolvimento. Ressaltei que é essencial ter algum tipo de roteiro para essa transi??o. A pior maneira de enfrentar uma situa??o adversa - e isso é adverso para todos - é n?o se planejar", observou.
"Portanto, ficou muito bem estabelecido que deve ser uma transi??o justa e planejada, e esse esfor?o deve ser realizado. Contradi??es existem em todo o mundo, n?o apenas no Brasil, mas o importante é como lidamos com essas contradi??es", acrescentou. A ministra enfatizou que o Brasil é um país onde a agricultura desempenha um papel significativo na balan?a comercial, mas já assumiu o compromisso de atingir o desmatamento zero até 2030.
"De fato, já conseguimos reduzir o desmatamento em 46% na Amaz?nia e 32% em todo o país. E o interessante é que, reduzindo o desmatamento nessa propor??o, evitamos a emiss?o de mais de 400 milh?es de toneladas de CO2 na atmosfera. Ao mesmo tempo, nossa agricultura cresceu 15% e tivemos um aumento na renda per capita de mais de 11%", destacou. "Além disso, o Brasil conseguiu abrir mais de 300 novos mercados para sua agricultura", acrescentou
"As mudan?as climáticas podem ser enfrentadas, desde que planejemos com antecedência. Fizemos isso quando criamos a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Também fizemos isso durante o primeiro governo do presidente Lula, quando desenvolvemos o plano de preven??o e controle do desmatamento na Amaz?nia, que agora abrange todos os biomas", enfatizou a ministra.