O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, descreveu no último sábado como "arbitrária e infundada" a decis?o do governo dos Estados Unidos de proibir a entrada de juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) no país, em retalia??o ao julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), acusado de liderar uma tentativa de golpe.
"Minha solidariedade e apoio v?o para os juízes do Supremo Tribunal Federal afetados por mais uma medida arbitrária e completamente infundada do governo dos Estados Unidos", disse o presidente brasileiro em nota divulgada pelo Palácio do Planalto.
Lula ressaltou que tentativas de interferir na Justi?a de outro país desrespeitam o direito internacional. "A interferência de um país no sistema de Justi?a de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as na??es", acrescentou.
"Estou certo de que nenhum tipo de intimida??o ou amea?a de quem quer que seja comprometerá a miss?o mais importante dos poderes e institui??es nacionais, que é atuar permanentemente em defesa e preserva??o do Estado Democrático de Direito", conclui a nota.
O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou na sexta-feira a revoga??o dos vistos americanos do ministro Alexandre de Moraes e de vários de "seus aliados" e de "familiares imediatos" por suas a??es no caso contra Bolsonaro, acusado de liderar um plano golpista em 2022 para impedir a posse de Lula.
Esse é mais um capítulo na escalada de tens?o entre os governos brasileiro e dos EUA, iniciada no início do mês, quando após o presidente Donald Trump anunciou a aplica??o de uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros.
A revoga??o dos vistos de ministros do STF foi anunciada horas depois do ex-presidente Jair Bolsonaro ter sido alvo de uma opera??o da Polícia Federal e ter passado a usar tornozeleira eletr?nica por determina??o do STF e ser proibido de se aproximar de qualquer embaixada considerando risco de fuga do mesmo.
Além disso, a a??o contra Bolsonaro fazia parte da investiga??o sobre as a??es de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que se deslocou aos Estados Unidos para pedir a Trump que impusesse san??es contra a corte brasileira e o governo Lula até que obtivesse anistia ou o arquivamento do caso golpista.
Os nomes dos "aliados" de Moraes atingidos pela medida n?o foram divulgados, mas segundo a imprensa brasileira, a proibi??o de entrada nos EUA também afeta os ministros Gilmar Mendes, Luís Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, e isenta Luis Fux e os indicados durante a presidência de Bolsonaro, Nunes Marques e André Mendon?a.