O ex-vice-presidente dos EUA e ativista ambiental Al Gore qualificou na última sexta-feira as tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros de "absolutamente insanas", afirmando que essas medidas carecem de justificativa econ?mica ou climática.

Durante sua participa??o em um evento em S?o Paulo, Al Gore alertou que a decis?o do governo norte-americano "provavelmente n?o durará muito" devido à sua natureza "irracional". O vice-presidente no governo de Bill Clinton, criticou a influência de grandes corpora??es de combustíveis fósseis nas políticas do atual governo norte-americano.

"Trump está fazendo o que as grandes corpora??es mandam", disse Gore, enfatizando que os chamados "petroestados" e as grandes empresas de energia têm poder político desproporcional e est?o tentando "assumir o controle do processo de negocia??o".

O vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2007, juntamente com o Painel Intergovernamental sobre Mudan?as Climáticas da ONU, enfatizou que o Brasil está em uma posi??o privilegiada para liderar a transi??o energética global. Segundo Gore, mais de 80% da rede elétrica brasileira é proveniente de fontes renováveis, como hidrelétrica, solar, eólica e biomassa.

"O Brasil tem a oportunidade de defender a humanidade para o futuro e liderar pelo exemplo. Na COP30, o país pode enviar esse sinal para o mundo inteiro", disse o ex-vice-presidente, referindo-se à próxima Conferência das Na??es Unidas sobre Mudan?as Climáticas (COP30), que será realizada em novembro na cidade amaz?nica de Belém.

Gore enfatizou que o futuro do investimento está na sustentabilidade. "Investir em iniciativas verdes n?o é caridade. é uma estratégia de movimenta??o de capital que, quando bem executada, pode gerar retornos acima dos padr?es de mercado", afirmou.

De acordo com dados citados por Gore, 93% da nova capacidade elétrica adicionada no mundo no ano passado veio de fontes renováveis, e 85% desse investimento foi feito pelo setor privado. "No caso do Brasil, dois ter?os do dinheiro que entrou no país para energia renovável vieram de investidores privados. Isso mostra que o setor financeiro brasileiro é saudável, amplo e robusto", observou.

Diante dos desafios climáticos, o ex-vice-presidente enfatizou a urgência de estabelecer um pre?o para as emiss?es de carbono. "Precisamos caminhar para um modelo de mercado em que o pre?o da polui??o se reflita nas decis?es econ?micas. Cobrar pelo carbono, como a Europa está fazendo e como a China está experimentando, pode ser um caminho a seguir", prop?s.

Gore também defendeu que a COP30 seja usada como um momento decisivo para avan?ar nessas discuss?es globais e fortalecer o papel do Brasil na agenda climática internacional.