O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu na segunda-feira ao seu colega norte-americano, Donald Trump, que reconsidere a importancia estratégica do Brasil e busque uma solu??o negociada para o aumento de 50% nas tarifas que os Estados Unidos pretendem impor às exporta??es brasileiras a partir de 1o de agosto.

Durante um evento no estado do Rio de Janeiro para inaugura??o de uma termelétrica a gás natural, Lula afirmou que é inaceitável impor tarifas "de forma abrupta e individual", como fez Trump em carta enviada ao presidente brasileiro e publicada no início deste mês nas redes sociais.

A posi??o do presidente brasileiro ocorre em meio a crescentes tens?es comerciais entre os dois países. Tentativas diplomáticas lideradas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin até o momento n?o conseguiram resultados.

Na semana decisiva para o Brasil, uma comitiva de oito senadores de diversas correntes políticas está nos Estados Unidos para tentar abrir um canal de negocia??o e evitar o tarifa?o. Eles têm uma série de reuni?es com parlamentares e empresários americanos, mas n?o há previs?o de agenda com representantes da Casa Branca.

O novo pacote tarifário proposto por Trump foi vinculado, em sua declara??o pública, ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente indiciado por conspira??o para impedir a posse de Lula após as elei??es de 2022. Lula evitou comentar diretamente sobre essa conex?o, mas reiterou a necessidade de respeito mútuo entre na??es soberanas.

Durante o discurso, Lula também destacou que pediu à equipe de governo um levantamento detalhado das riquezas do solo e subsolo brasileiros. Segundo ele, apenas 30% do potencial mineral do país foi explorado ou mapeado até o momento.

O presidente brasileiro citou os minerais críticos do país - como as terras raras usadas em produtos de alta tecnologia -, reiterando sua rejei??o a qualquer tentativa estrangeira de se apropriar ou restringir o acesso a esses recursos.

"Esses dias eu li uma matéria que os EUA têm interesse nos minerais críticos do Brasil. Ora, se eu nem conhe?o esse mineral e ele já é crítico, eu vou pegar ele pra mim. Por que eu vou deixar para outro pegar?", questionou o presidente.

A tens?o em torno do chamado "tarifa?o" também repercutiu nos mercados financeiros. O Ibovespa, índice da Bolsa de Valores de S?o Paulo, caiu e as perspectivas de um acordo com Washington s?o consideradas cada vez mais remotas.

Enquanto isso, o governo brasileiro estuda alternativas para minimizar os impactos econ?micos e fortalecer alian?as comerciais com outras potências.