A China realizou um massivo desfile militar no centro de Beijing na quarta-feira para marcar o 80o aniversário da sua vitória na Segunda Guerra Mundial, comprometendo-se com o desenvolvimento pacífico em um mundo ainda repleto de turbulências e incertezas.
Estruturas massivas no formato da Grande Muralha, coroadas com algarismos gigantes "1945" e "2025", foram montadas na Pra?a Tian'anmen, simbolizando a coragem e a solidariedade da na??o chinesa na resistência à agress?o estrangeira.
Vestindo um terno cinza escuro de gola alta, o presidente Xi Jinping, também secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista Chinês (PCCh) e presidente da Comiss?o Militar Central, inspecionou o desfile e passou em revista as tropas.
Ao lado de Xi, na Tribuna de Tian'anmen, estavam o presidente russo Vladimir Putin e Kim Jong Un, o mais alto líder da República Popular Democrática da Coreia, juntamente com mais de 20 outros líderes estrangeiros, alguns dos quais tendo participado da cúpula da Organiza??o de Coopera??o de Shanghai, realizada na cidade de Tianjin, no início desta semana.
Representantes de pessoas que apoiaram os esfor?os de resistência da China, ou seus familiares - de países como Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, Fran?a e Canadá - foram convidados para o evento.
IMPEDINDO QUE TRAGéDIAS HISTóRICAS SE REPITAM
Esta foi a segunda vez desde 2015 que a China realizou um desfile militar para comemorar a vitória duramente conquistada na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agress?o Japonesa e na Guerra Antifascista Mundial.
O evento comemorativo come?ou às 9h com uma salva de 80 tiros, seguida por uma cerim?nia solene de hasteamento da bandeira nacional e um coro do hino nacional.
Helicópteros sobrevoaram a pra?a carregando faixas que diziam "A Justi?a Prevalece", "A Paz Prevalece" e "O Povo Prevalece". Os soldados, bem equipados e com moral elevado, marcharam pela Avenida Chang'an (Paz Eterna) em forma??es firmes e poderosas, com rostos iluminados pela confian?a e orgulho. Colunas de novos tanques, artilharia e outros equipamentos militares retumbavam pela pra?a.
Xi proferiu um discurso antes do desfile. Destacando o significado da vitória há 80 anos, Xi disse que esta marca a primeira vitória completa da China contra a agress?o estrangeira em tempos modernos.
Xi observou que o povo chinês fez uma grande contribui??o para a salva??o da civiliza??o humana e a defesa da paz mundial com imenso sacrifício na guerra. Ele pediu às na??es que "eliminem as causas profundas da guerra e evitem que as tragédias históricas se repitam".
O Jap?o se rendeu oficialmente em 2 de setembro de 1945, assinando o Instrumento de Rendi??o. A China designou o dia 3 de setembro como o Dia da Vitória.
Xi participou de um desfile militar realizado em Moscou em maio para marcar a vitória da Segunda Guerra Mundial na Europa. A China e a Uni?o Soviética serviram como o alicerce da resistência contra o militarismo japonês e o nazismo alem?o, dando uma contribui??o fundamental para a vitória da Guerra Antifascista Mundial.
A China foi o primeiro país a se levantar contra a agress?o fascista, com a mais longa resistência que come?ou em 1931. O país imobilizou e atacou mais da metade das for?as japonesas no exterior, à custa de 35 milh?es de baixas militares e civis - representando cerca de um ter?o de todas as vítimas na Segunda Guerra Mundial em todo o mundo.
Yokichi Kobayashi, filho de um veterano japonês que foi prisioneiro e se tornou soldado no exército liderado pelo PCCh durante a guerra, assistiu ao desfile no local.
"Sinto que, desde que a China permane?a unida e coesa, será sempre uma for?a invencível", disse ele.
A cerim?nia da quarta-feira foi presidida por Li Qiang e contou com a presen?a de Zhao Leji, Wang Huning, Cai Qi, Ding Xuexiang e Li Xi - todos membros do Comitê Permanente do Bir? Político do Comitê Central do PCCh, bem como do vice-presidente Han Zheng.
Líderes de organiza??es internacionais, como o subsecretário-geral da ONU para assuntos econ?micos e sociais, Li Junhua, e ex-líderes políticos, incluindo o ex-primeiro-ministro japonês Yukio Hatoyama, também participaram do evento.
REVITALIZA??O IMPARáVEL
O desfile militar de quarta-feira foi o primeiro desde que Xi levou a China a embarcar em "uma nova jornada para buscar a moderniza??o chinesa em todas as frentes". O país tra?ou um roteiro para alcan?ar basicamente a moderniza??o até 2035.
Em seu discurso, Xi exigiu que o Exército de Liberta??o Popular (ELP) forne?a apoio estratégico para a revitaliza??o da na??o chinesa. Ele pediu ao ELP que se tranforme em for?as de classe mundial para salvaguardar resolutamente a soberania, a unidade e a integridade territorial da na??o.
O desfile militar de 70 minutos demonstrou a transforma??o das for?as armadas de um exército de "pain?o e espingarda" para um exército moderno. Contou com a presen?a de mais de 10 mil soldados, mais de 100 aeronaves e centenas de armamentos terrestres, organizados sob um sistema de comando em tempo de guerra.
A nova estrutura de servi?os e armas do ELP fez sua estreia coletiva, mostrando os resultados de uma abrangente reforma militar sob a lideran?a de Xi.
Tropas dos quatro servi?os do Exército, da Marinha, da For?a Aérea e da For?a de Foguetes, bem como os quatro bra?os da For?a Aeroespacial, da For?a do Ciberespa?o, da For?a de Apoio à Informa??o e da For?a Conjunta de Apoio Logístico, marcharam pela Pra?a Tian'anmen.
Os armamentos avan?ados colocados em exibi??o incluíam equipamentos de inteligência n?o tripulados e equipamentos contra veículos aéreos n?o tripulados, mísseis hipers?nicos, armas de energia dirigida e sistemas de interferência eletr?nica.
No desfile de quarta-feira, a China revelou suas for?as estratégicas terrestres, marítimas e aéreas como a tríade nuclear pela primeira vez. Os armamentos, elogiados como o poder "trunfo" estratégico da China para salvaguardar a soberania e a dignidade nacional do país, incluíam o míssil de longo alcance de base aérea JingLei-1, o míssil intercontinental lan?ado por submarino JuLang-3, o míssil intercontinental de base terrestre DongFeng-61 e o novo tipo de míssil intercontinental de base terrestre DongFeng-31.
Televisionado e transmitido ao vivo para a audiência nacional, o evento se tornou o principal tópico de tendência nas mídias sociais chinesas, pois as pessoas compartilharam fotos e vídeos do espetáculo.
Yang Jieyu, estudante da Universidade de Pequim e espectador do evento, disse que "o desfile mostrou a for?a crescente da China e me encheu de confian?a na revitaliza??o nacional".
Os acadêmicos acreditam que a luta de vida ou morte há mais de 80 anos reformulou a psique nacional, deixando cicatrizes e orgulho que ainda s?o visíveis hoje, e marcou um ponto de virada histórico quando a na??o chinesa passou do declínio para a revitaliza??o. "A revitaliza??o da na??o chinesa é imparável", disse Xi em seu discurso.
Ele reiterou o compromisso da China com o desenvolvimento pacífico. "A humanidade está enfrentando de novo uma escolha entre paz ou guerra, diálogo ou confronta??o e resultados mutuamente benéficos ou jogos de soma zero", disse ele.
Kong Peng, um espectador de Beijing, disse, depois de assistir ao desfile: "Está claro quem está certo e quem está errado, quem está realmente defendendo a paz e quem está tentando ser um valent?o".
Soldados chineses que participaram de opera??es de manuten??o da paz da ONU fizeram sua primeira apari??o no desfile do Dia da Vitória.
A China é o maior contribuinte de tropas entre os membros permanentes do Conselho de Seguran?a da ONU, tendo enviado mais de 5.000 soldados de manuten??o da paz e mantendo uma for?a permanente de 8.000 pessoas prontas para miss?es da ONU, tornando-se um participante-chave das opera??es de manuten??o da paz da ONU.
"Temos a capacidade de defender a paz forjada com o sangue de nossos antepassados", disse Shao Xiaoguang, membro das tropas revisadas que anteriormente serviu em uma miss?o de manuten??o da paz na República Democrática do Congo.
Zhang Zijin, uma menina de 7 anos que assistiu ao desfile com os pais na pra?a, disse que sonhava em ingressar nas for?as armadas quando crescesse. "Acredito que se continuar tentando, posso torná-lo realidade", disse ela.
"Oitenta anos atrás, renascemos. Oitenta anos depois, estamos prosperando com uma vitalidade ainda maior", disse Lyu Shouye, espectador do evento e estudante de pós-gradua??o em inteligência artificial.
"Agora nosso país chegou a um estágio em que precisamos assumir maiores responsabilidades", disse ele.