
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na segunda-feira que o fortalecimento dos la?os entre o Sudeste Asiático e o Brasil é essencial para a defesa do multilateralismo e a constru??o de uma governan?a internacional mais justa e inclusiva.
Durante a sess?o de abertura da 47a Cúpula da Associa??o das Na??es do Sudeste Asiático (ASEAN), realizada em Kuala Lumpur, capital da Malásia, Lula enfatizou que a centralidade do bloco asiático representa um fator de equilíbrio no atual cenário geoecon?mico e geopolítico global.
A aproxima??o entre o Sudeste Asiático e o Brasil, de Leste a Oeste, é crucial para a defesa do multilateralismo, afirmou o presidente, enfatizando que as duas regi?es compartilham a convic??o de que um mundo multipolar é mais propício à paz do que um planeta dividido por rivalidades estratégicas.
O presidente brasileiro saudou a recente ades?o de Timor-Leste à ASEAN, país que chamou de "irm?o do Brasil", e celebrou o potencial de coopera??o em áreas como biodiversidade, cultura, desenvolvimento sustentável e seguran?a alimentar.
Lula alertou para a importancia de preservar a soberania dos países e proteger seus recursos naturais: Os mares que nos cercam n?o podem se tornar palco de viola??es do direito internacional. Os minerais estratégicos que possuímos n?o devem enriquecer outras na??es às custas do nosso desenvolvimento, disse.
O presidente destacou a sintonia entre a presidência malaia da ASEAN e as presidências brasileiras do G20 e do grupo BRICS, todas pautadas pelos princípios de inclus?o, sustentabilidade, soberania, transi??o energética e resposta à crise climática. O BRICS, que inclui países da regi?o entre seus membros, é um veículo para uma governan?a global mais representativa, que n?o foi criado para confrontar ninguém, acrescentou.
Segundo Lula, os países emergentes devem escapar de alinhamentos automáticos e situa??es de dependência, diversificando rela??es para fortalecer sua autonomia. Nesse contexto, ele destacou o potencial de coopera??o entre a ASEAN e o Mercado Comum do Sul (Mercosul) para integrar cadeias produtivas complementares e ampliar o comércio entre as duas regi?es.
O presidente também destacou os avan?os alcan?ados neste ano pelo BRICS em temas como o tratamento multilateral da inteligência artificial, a expans?o do financiamento climático e a elimina??o de doen?as socialmente determinadas.
Lula reafirmou que a COP30, que será realizada em novembro na cidade amaz?nica de Belém, será a COP da verdade, oferecendo uma plataforma onde os líderes mundiais n?o poder?o negar a gravidade do aquecimento global.
N?o é hora de abandonar o Acordo de Paris. Cada grau adicional na temperatura média global representará perdas significativas no PIB global e milh?es de pessoas ser?o empurradas para a fome e a pobreza, enfatizou.
O presidente reafirmou o compromisso do Brasil com a transi??o energética e apresentou duas novas iniciativas que seu governo promoverá: a declara??o para quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035 e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que beneficiará países da Bacia de Bornéu-Mekong, da Bacia do Congo e da Amaz?nia.
Este fundo será um mecanismo inovador, baseado n?o em doa??es, mas em investimentos, que recompensará tanto os países que contribuem quanto aqueles que preservam suas florestas, explicou Lula.
Lula reafirmou o compromisso do Brasil em fortalecer a coopera??o com os países do Leste Asiático no ambito do Plano de A??o 2024-2028 e expressou sua esperan?a de que o Brasil seja um parceiro confiável e comprometido na constru??o de um mundo mais inclusivo e sustentável.
A visita oficial do presidente à Malásia come?ou no sábado, 25 de outubro, com um encontro com o primeiro-ministro Anwar Ibrahim, a primeira visita de um chefe de Estado brasileiro ao país em três décadas. Na ocasi?o, foram assinados sete instrumentos de coopera??o nas áreas de tecnologia, inova??o, agricultura e semicondutores, além da abertura de seis novos mercados para produtos brasileiros.