
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou nesta segunda-feira seu otimismo em rela??o à pronta suspens?o das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, afirmando que ambos os países est?o próximos de um acordo de altíssima qualidade.
"Tenho a impress?o de que muito em breve n?o haverá problemas entre Estados Unidos e Brasil. Estou convencido de que em poucos dias teremos uma solu??o definitiva para que a vida continue boa e alegre, como disse Gonzaguinha em sua can??o", declarou Lula em entrevista coletiva em Kuala Lumpur, Malásia, após se encontrar com o presidente Donald Trump.
O presidente brasileiro destacou que, durante o encontro, apresentou um documento com os principais tópicos que seu governo deseja incluir nas negocia??es bilaterais, incluindo o argumento de que os Estados Unidos mantêm um superávit comercial com o Brasil, o que eliminaria o motivo original das tarifas.
"N?o estou exigindo nada que n?o seja justo para o Brasil. Os Estados Unidos n?o têm déficit com o nosso país, e essa foi a justificativa para a famosa taxa??o: as tarifas só seriam aplicadas a países com os quais houvesse déficit comercial", enfatizou.
Questionado por repórteres se Trump havia feito alguma promessa, Lula respondeu com humor: "N?o sou santo para receber promessas. O que ele tem que fazer é se comprometer, e o compromisso dele era chegar a um acordo de altíssima qualidade com o Brasil."
O ministro das Rela??es Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, informou que ser?o realizadas reuni?es entre as delega??es dos dois países nas próximas semanas para avan?ar na constru??o de um acordo bilateral.
"Combinamos trabalhar para construir um acordo satisfatório para ambas as partes. Acertamos um cronograma de reuni?es entre as delega??es, com foco nos setores mais afetados pelas tarifas", disse Vieira.
Por sua vez, o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Servi?os, Márcio Rosa, enfatizou que as discuss?es com os Estados Unidos "est?o progredindo espetacularmente bem".
"O Brasil pede a revers?o da decis?o política sobre tributa??o. Os aspectos políticos n?o est?o mais em pauta. Hoje estamos discutindo um acordo comercial, n?o quest?es de qualquer outra natureza", acrescentou Rosa.
Durante o encontro com Trump, Lula também manifestou a disposi??o do Brasil em colaborar nas negocia??es com a Venezuela.
"O Brasil está à disposi??o para ajudar no que for necessário. N?o temos interesse em uma guerra na América do Sul. Nossa guerra é contra a pobreza e a fome", afirmou.
O presidente brasileiro insistiu que os conflitos devem ser resolvidos por meios diplomáticos. "N?o podemos achar que tudo se resolve com balas. N?o podemos fazer guerra para matar os famintos", afirmou.
Lula também refor?ou o convite ao presidente americano para participar da 30a Conferência das Partes da Conven??o-Quadro das Na??es Unidas sobre Mudan?a Climática (COP30), que será realizada em novembro na cidade amaz?nica de Belém.
"Convidei-o para ir à COP e disse: 'é importante que você vá e diga o que pensa. Se você n?o acredita nessas coisas, vá lá e diga'. N?o podemos fingir que n?o há crise climática", disse Lula.
Na mesma entrevista, o ministro das Rela??es Exteriores, Mauro Vieira, destacou a importancia das recentes visitas oficiais à Indonésia e à Malásia, países com os quais o Brasil busca estreitar la?os econ?micos e comerciais.
"O Sudeste Asiático é hoje o epicentro do crescimento global, uma regi?o dinamica e polo de inova??o tecnológica que ocupa um lugar central na política externa brasileira de diversifica??o de parcerias e atra??o de investimentos", enfatizou Vieira.
Lula, por sua vez, afirmou que o Brasil apoiará a aspira??o da Malásia de se tornar membro pleno do grupo BRICS, do qual atualmente faz parte.
O presidente comemorou seu 80o aniversário durante a viagem e disse estar no "melhor momento" de sua vida. "Nunca me senti t?o vivo e com tanta vontade de viver", concluiu.